14/06/2024 às 00h31min - Atualizada em 14/06/2024 às 00h31min

A arte de jogar tênis

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

As sufragistas abriram caminho tanto para a revolução sexual como para a revolução esportiva feminina, cujo clima eufórico fomentou o duelo entre Billie Jean King (Emma Stone) e Bobby Riggs (Steve Carell) após o tenista aposentado de 55 anos ter vencido facilmente a australiana número 1 do mundo Margaret Court (Jessica McNamee) em 13 de maio de 1973; cujos rivais se tornaram grandes amigos até a morte de Riggs em 1995; porque o verdadeiro vilão era o promotor de eventos Jack Kramer (Bill Pullman), enquanto aquele chauvinista da mesma idade de Steve Carell no filme era apenas um fanfarrão viciado em apostas, sustentado pela esposa Priscilla (Elisabeth Shue). Antes daquela disputa antológica, as melhores tenistas do mundo organizaram um torneio independente, já que a premiação feminina oferecida por Kramer era 8 vezes menor que a masculina. Nessa época, Billie Jean se envolveu sexualmente com a cabeleireira Marilyn Barnett (Andrea Riseborough) por quem foi incentivada a se tornar uma das melhores tenistas de todos os tempos: com 129 títulos de simples, sendo 12 grand slams. Enquanto esteve casada com Larry King (Austin Stowell) aquela feminista fez um aborto intencional, porque acreditava que o seu casamento não era sólido o suficiente para trazer uma criança ao mundo. Emily Jean Stone ou simplesmente Emma Stone tinha também a mesma idade da única tenista a vencer A Guerra dos Sexos (2017), disponível no Star Plus; uma vez que Martina Navratilova perdeu para Jimmy Connors; Justine Henin-Hardenne perdeu para Yannick Noah; a austríaca Sybille Bammer foi derrotada pelo seu compatriota, Tomas Muster; enquanto a russa Anna Kournikova e a suíça Martina Hingis perderam para Pat Cash e Mats Wilander. Dessa forma, o então 203.º do ranking mundial, Karsten Braasch, de 32 anos, venceu em 1998 a tenista Venus Williams por 6–2 no primeiro set e a tenista Serena Williams por 6–1 no segundo, de 17 e 16 anos na época.
Contudo, a genética privilegiou a etnia negra no esporte com o futebolista Pelé: o melhor atleta do século XX e Jesse Owens em segundo, como o melhor velocista de todos os tempos; enquanto no basquete temos Michael Jordan e no boxe Muhammad Ali e Mike Tyson empatados. Não satisfeitos, os afrodescendentes resolveram quebrar a hegemonia dos brancos nos esportes mais elitistas: com Tiger Woods no golfe, Lewis Hamilton na Fórmula 1 e as irmãs Williams no tênis profissional. Na verdade, foi o olhar clínico do ex-tenista Richard Williams (Will Smith) que identificou o talento das filhas desde criança, cujo plano rigoroso teve de ser seguido à risca com a ajuda da esposa Oracene (Aunjanue Ellis). Era fundamental, sobretudo, não deixar os filhos tanto do primeiro casamento como do segundo serem influenciados pelo crime acessível da periferia onde moravam; inspirados na humildade de Cinderela que trabalhou duro com disciplina e determinação; sem vitimismo e almoço grátis. Nesse sentido, “King Richard” (2022), disponível no Max, substitui os torneios juvenis desgastantes e pouco rentáveis pelos estudos do colegial daquelas tenistas promissoras antes de ingressarem na carreira profissional, onde se tornaram as melhores atletas de todos os tempos.
Wimbledon: O Jogo do Amor (2004), marcou o fim da segunda era de ouro das comédias românticas como aquelas da década de 1930. Foi a primeira vez em que cenas de um filme foram permitidas com atores de verdade: interagindo no início e no final de cada partida. Na trama, disponível para aluguel na Apple TV Plus, a trajetória do protagonista azarão Peter Colt (Paul Bettany) é semelhante à do croata Goran Ivanisevic — inscrito como wild card devido ao seu longínquo 125.º lugar do ranking de tênis. No entanto, o cupido foi generoso ao colocá-lo por engano no quarto da melhor e mais bonita atleta do torneio mais charmoso do mundo. Além disso, a presença daquela musa bronzeada na arquibancada foi a motivação que o britânico de 31 anos precisava para fazer história. Apesar da marcação cerrada do seu pai coruja bem-intencionado (Sam Neill), Lizzie Bradbury (Kirsten Dunst) se tornou uma grande campeã quando foi treinada pelo futuro marido depois que ele abandonou as quadras.
Rivais (2024) reflete a falta de identidade dos filmes nas últimas duas décadas, já que a comédia romântica do mesmo diretor de Me Chame Pelo Seu Nome sinaliza um triângulo amoroso disfarçado de romance hétero e homoafetivo ao mesmo tempo. Tal relativismo confunde o espectador nos momentos chave em que a obra de Luca Guadagnino parecia ganhar fôlego e qualidade. Além disso, os inúmeros saltos temporais, somado ao excesso de palavrões desconstroem o romance tradicional de casal pela paixão ardente entre os amigos de infância, embora aquelas palavras de baixo calão se encaixem perfeitamente durante a partida final emocionante: onde a rivalidade entre Patrick e Art pelo coração de Tashi (Zendaya) chega ao ápice; cujas cenas de ação excelentes equiparam-se às de um partida válida pelo circuito ATP de Nova York em que o longa, disponível para aluguel no Prime Vídeo, foi inspirado. Coincidentemente, Kirsten Dunst, Zendaya e Emma Stone foram os interesses amorosos do Homem-Aranha no cinema: Mary Jane Watson, MJ e Gwen Stacy, respectivamente.

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