26/07/2024 às 00h09min - Atualizada em 26/07/2024 às 00h09min

Paris 1924

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Há 100 anos um judeu e um “Escocês Voador” nascido na China eram as principais esperanças de medalhas do atletismo britânico para as Olimpíadas de Paris em 1924, cujo período se passa Carruagens de Fogo (1981), vencedor de 4 Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor. A pista era o único lugar onde Harold Abrahams (Ben Cross) se sentia livre, embora antes de pensar nos adversários externos o velocista precisava superar o antissemitismo da equipe na pomposa Universidade de Cambridge. Já Eric Liddell (Ian Charleson) viveu no Reino Unido a partir dos seis anos, dividido entre o atletismo e a missão divina para com os estudantes da sua congregação; isso até descobrir que as duas funções poderiam ser realizadas juntas. Logo, Abrahams se apaixona pela futura esposa Sybil (Alice Krige), antes de ganhar a prata no revezamento 4x100m e o ouro nos 100 metros rasos, já que o presbiteriano convicto se recusou a competir no domingo, Dia do Senhor; por isso ganhou ouro na prova substitutiva durante a semana: os 400 metros rasos; e o bronze nos 200. Se o judeu ficou realizado com a vitória, aquele cristão de princípios terminaria sua missão apenas na China entre 1925 e 1945, visto no filme: Em Busca da Liberdade (2016) — continuação não oficial de Carruagens de Fogo, disponível no Prime Video.
Agora como professor do ensino fundamental chinês, interpretado por Joseph Fiennes, o missionário vivia em paz até o Japão invadir a sua Terra Natal, cuja maioria dos estrangeiros ficaram detidos no Campo de Concentração de Weihsien até o fim da guerra. Com a família segura no Canadá, aquele religioso decidiu permanecer em solo chinês, de modo a amparar seus alunos até a morte, devido a um tumor no cérebro, pouco antes de ser libertado.
Raça (2016) é sinônimo de garra ou corrida em inglês, cuja biografia do segundo melhor atleta do século XX por conquistar na frente de Hitler quatro medalhas de ouro com folga: nos 100 e nos 200 metros rasos; no salto em distância e no revezamento 4×100, sem nunca ter participado de qualquer revezamento na vida, devido à proibição de atletas judeus nas Olimpíadas de Berlim. Dessa forma, a batalha de Jesse Owens (Stephan James) foi muito maior nos EUA, onde nasceu, do que na Alemanha Nazista, pois, um representante da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP) insistiu para que aquele neto de escravos não participasse dos Jogos de 1936 como forma de protesto; embora dividisse lá o mesmo quarto com os atletas brancos, cujo maior rival, Carl Luz Long (David Kross), virou amigo íntimo antes de morrer na Segunda Guerra Mundial por ter dado a volta olimpica com ele; além disso, a diretora Leni Riefenstahl (Carice van Houten) fez questão de filmar aquele velocista negro em closes individuais para o seu excelente documentário, Olimpia (1938), após confrontar o Ministro da Propaganda Nazista, Joseph Goebbels (Barnaby Metschurat): “Não foi Hitler que me ignorou, quem o fez foi Franklin Delano Roosevelt. O presidente nem sequer me mandou um telegrama” — disse Owens à imprensa americana antes de morrer de câncer de pulmão em 1980.
Louis Zamperini (Jack O'Connell) foi companheiro de equipe de Jesse Owens; e apesar de ter ficado em 8.º nos 5000 metros fez a melhor volta com recorde mundial, sendo cumprimentado por Hitler depois da prova, cuja experiência serviria nas próximas Olimpíadas de Tokyo caso não fossem canceladas e o fundista feito prisioneiro de guerra antes de ficar à deriva num bote salva-vidas ao lado do piloto Phil Phillips (Domhnall Gleeson) e do Sargento Mac McNamara (Finn Wittrock), o qual não resistiu por ser pessimista demais. Após 47 dias sob o sol escaldante, aqueles Mestres do Ar são resgatados por soldados japoneses para o seu último teste com o comandante sádico Mutsuhiro Watanabe (Miyavi) em Ōmori, Tóquio, onde o mártir carregou a própria cruz, literalmente: “Uma parte de você ainda acredita que pode lutar e sobreviver, não importa o que sabe a sua cabeça. Onde ainda há vida, há esperança. O que acontece cabe a Deus decidir” — disse Zamperini, falecido em 2014 aos 97 anos. Invencível (2014), dirigido por Angelina Jolie, está disponível
no Telecine.
Invencível: Caminho da Redenção (2018) sinaliza vida longa e próspera ao novo pai de família depois da guerra, caso não sofresse de Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e alcoolismo: “Eu tratei os prisioneiros estritamente como inimigos do Japão.” — disse Watanabe em sua única entrevista para a TV após ser anistiado pelos EUA em comum acordo com o Japão. A morte e o divórcio pareciam inevitáveis, até Zamperini (Samuel Hunt) conhecer o pastor evangelista Billy Graham (Will Graham) e ficar curado após retornar ao Japão com a intenção de perdoar todos os seus algozes, menos Watanabe por não querer vê-lo.

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