Fernanda Montenegro rouba a cena no filme que representará o Brasil no Oscar 2020 Amor de irmãs independentes Apesar de Bacurau ter sido a sensação do público brasileiro este ano, a semi-européia “A Vida Invisível” tem mais cara de Oscar. Na década de 50, início da revolução sexual feminina, duas irmãs, por escolhas infelizes no casamento, fruto de gravidez indesejada, principalmente, ficam separadas e incomunicáveis, ora por um oceano de distância, ora pelo orgulho machista do pai lusitano. Enquanto a exilada Guida (Julia Stockler), para sustentar o filho recém-nascido, teve de morar em um cortiço de uma dedicada família humilde, Eurídice (Carol Duarte) tornou-se uma entediada mulher do lar, em vez de uma talentosa pianista de sucesso. A ótima direção de Karim Aïnouz ( Praia do Futuro), somada à competente fotografia suburbana do Rio de Janeiro, revela uma interessante premissa ao desenvolver hábitos e costumes lusitanos na primeira parte do longa. Apesar do miolo arrastado, sonolento e repetitivo em ambientes fechados limitando demais a trama, ao invés de explorar a riqueza cultural da época, sobretudo a eufórica conquista da Copa de 58, o representante do Brasil no Oscar 2020 teve um desfecho memorável, graças ao “sprint final” da nonagenária Fernanda Montenegro, cuja carreira brilhante se confunde com a história do cinema moderno. A Vida Invisível. Direção: Karim Aïnouz. Drama. (Brasil/Alemanha, 2019, 139min). 16 anos. Nota: 3,0 O mesmo romantismo novaiorquino inesgotável de Woody Allen O diretor e roteirista Woody Allen, de 84 anos, nos convida a fazer um tour essencial por Manhattan visitando os charmosos lugares turísticos mais conhecidos, como o Metropolitan Museum of Art, o Central Park e, para finalizar, um passeio romântico de charrete. Experiência inesquecível em companhia do casal de namorados universitários Gatsby Welles (Timothée Chalamet, de Me Chame Pelo Seu Nome) e Ashleigh Enright (Elle Fanning, de Malévola), que acabam se desencontrando por motivos profissionais e familiares nesse irresistível cenário frio e chuvoso. “Um Dia de Chuva em Nova York” se destaca pela graça e a riqueza dos diálogos culturais bem construídos de piadas afinadas e criativas, sobretudo nas espontâneas palavras ingênuas da encantadora personagem vivida por Elle Fanning, sobressaindo-se ao grandioso elenco composto por Selena Gomez, Jude Law, Diego Luna, Liev Shreiber e Rebecca Hall. Típicos personagens complexos, adúlteros, inteligentes e carismáticos em eterna crise existencial que aprendemos a amar há mais de meio século. Um Dia de Chuva em Nova York. Comédia romântica. (A Rainy Day in New York, EUA, 2018, 95min). 12 anos. Em exibição no Cinessala, em Pinheiros. Nota: 3,5 Mergulhadoras de aquário O sucesso do original devido à atmosfera de suspense em mar aberto e profundo com pouca luminosidade de visão turva e limitada, e sobretudo personagens bem desenvolvidos, em oposição a essa sequência: Medo Profundo - O Segundo Ataque. Na trama, uma turma de garotas colegiadas que mal foi apresentada ao público aventura-se em uma caverna pouco profunda de águas cristalinas no estado do Recife, a fim de explorar um belíssimo santuário subterrâneo quando subitamente são surpreendidas por um cardume de tubarões provocando jump scare forçados que quebram o clima de tensão a todo momento. Medo Profundo - O Segundo Ataque. Direção: Johannes Roberts. Terror de Suspense. (Reino Unido, 2018, 91min).14 anos. Nota : 2,0 O ufanismo americano contra o encouraçado Yamato (Patrulha Estelar) Após invadir a China, o império japonês ataca covardemente Pearl Harbor, acordando a gigante nação americana adormecida, a fim de entrar de vez na Segunda Guerra Mundial. O mesmo diretor ufanista de Independence Day, Roland Emmerich, homenageia merecidamente os heróis americanos da maior batalha naval dos últimos tempos, sobretudo, Dick Best, (Ed Skrein), Edwin Layton (Patrick Wilson), Chester W. Nimitz (Woody Harrelson) e Wade McClusky (Luke Evans). Midway - Batalha em Alto Mar destaca-se apenas pelas lindas imagens aéreas desprovidas de drama e tensão, em razão de cenas curtas e pouco envolventes, sem o mesmo estrategismo em “Dunkirk” e o romantismo envolvente de Ben Affleck em “Pearl Harbor". O verdadeiro motivo da trama que passa despercebido era afundar, principalmente, o navio de guerra mais poderoso de todos os tempos, Yamato, conhecido no Brasil graças ao anime da Patrulha Estelar (Uchū Senkan Yamato), exibido na extinta TV Manchete. Midway — Batalha em Alto Mar. Direção: Roland Emmerich. Guerra. (Midway , EUA, 2019, 138min). 14 anos. Nota: 2,0 O bom ladrão, astuto O octagenário Ian McKellen, que andava sumido das telonas, faz par romântico com Helen Mirren após se conhecerem na internet. “A Grande Mentira” (em inglês “O Bom Mentiroso”) sobre um cruel e perigoso golpista carismático que finge andar de bengala a fim de seduzir a próxima vítima. Proposital trama manjada que se sobressai devido à interpretação e ao vigor físico dos excelentes protagonistas. A Grande Mentira. Direção: Bill Condon. Drama. (The Good Liar, EUA/Canadá, 2019, 110min). 16 anos. Nota: 2,5 Trabalhar duro, sorrindo e sem reclamar Após o multi-premiado longa de Alfonso Cuarón, Roma, o novo escolhido do México para concorrer ao Oscar 2020 ganhou mais atenção. “A Camareira”, da estreante diretora Lila Avilés, retrata o cotidiano desgastante de uma simpática e fofa funcionária de um hotel de luxo mexicano. Eve (Gabriela Cartol) é uma jovem mãe solteira, dedicada e obediente que labuta com abnegação e afinco sem reclamar, até dos vendedores chatos de corredores, gratificada raramente por alguns hospedes. Uma aula de como se deve limpar um cômodo: esfregar, esfregar a sujeira diversas vezes com força e atenção e ainda arrumar as camas com destreza até tudo ficar impecável. A Camareira. Direção: Lila Avilés. Drama (La Camarista, México, 2018,102min).14 anos. Nota: 3,5
