Um dos locais mais tradicionais do turismo paulistano, o Beco do Batman, na Vila Madalena, tem estado no centro de debates dos moradores da região. O local, pelo grande número de visitantes, virou ponto para o comércio ambulante clandestino e estacionamentos reservados aos moradores são desrespeitados pela invasão dos flanelinhas. A arte de rua está cada vez mais valorizada no mundo. Bansky tem grafites expostos ao lado de artistas tradicionais. Brasileiros como Os Gêmeos, Kobra, Crânio, entre muitos outros, exportam suas produções e são convidados a trabalhar em inúmeros países. O Beco do Batman é um dos locais em São Paulo onde esta arte é valorizada e divulgada. Ao ar livre, torna-se um ótimo passeio para se fazer com amigos e família. Subprefeitura vai atuar Comunidade e comerciantes locais veem crescer o número de ambulantes no local, sem regularização. Além disso, muitas vezes, ficam localizados de forma a atrapalhar a visão das obras emparedadas. A Subprefeitura Pinheiros afirma que irá apurar as queixas dos moradores. Segundo nota enviada, “os fiscais vêm trabalhando para coibir a ação de comércio irregular em toda região. Em outubro, foram apreendidos 156 lacres de mercadorias”. Barulho de eventos Outra reclamação seria em relação ao barulho de eventos irregulares que ocorrem no espaço. A Subprefeitura informa que realizará a fiscalização. No entanto, ainda de acordo com a nota enviada à Gazeta de Pinheiros, há pedidos que são avaliados e liberados baseados na lei que rege a realização de atividades em locais públicos. Informam ainda que limpeza do é realizada às terças, quintas e sábados. Moradores reclamam Moradores demonstram descontentamento com o atual cenário. “Beco do Batman se transforma e moradores estão insatisfeitos com falta de fiscalização para ambulantes e flanelinhas.” – Savina (Soc. Amigos de Vila Madalena) “Que triste. Me lembro de quando lá só tinha algumas pessoas tirando foto!” – D. Z. “Quem deixou fazer propaganda do local? Deram até nome. Tem gente que aluga a entrada da garagem. Estão reclamando o quê? Da bagunça, sujeira, etc.” – N. S. “Faz tempo que não vou. Não sabia desses ambulantes.” – L. S. História desde 1980 Sua história começou na década de 1980, de acordo com a SPTuris. Na época, foi encontrado nas paredes do bairro um desenho do homem-morcego dos quadrinhos. O acontecimento atraiu estudantes de artes plásticas, que começaram a fazer desenhos de influência cubista e psicodélica nas paredes do Beco, formando a galeria de paredes totalmente cobertas. Atualmente, os desenhos são renovados constantemente por grafiteiros e a comunidade ajuda a conservar as paredes que são disputadíssimas pelos artistas. O Beco tornou-se um ponto turístico obrigatório para os amantes das artes urbanas. A cada visita, uma nova pintura é encontrada no local, o que faz que o visitante retorne mais de uma vez para apreciar as obras. Projeto no legislativo Em 2018, foi apresentado um projeto à Câmara Municipal para transformar o Beco do Batman em Território de Interesse da Cultura e Paisagem. O TICP reconheceria a importância cultural e simbólica dessa região da cidade e criaria mecanismos para incentivar a arte, educação e consciência ambiental, além de gerar desenvolvimento e renda para o bairro. O TICP Parque da Vila é delimitado pelas ruas Harmonia, Aspicuelta e Medeiros de Albuquerque e terá um conselho gestor paritário, com representantes da comunidade e do poder público. De acordo com o PL, entre outras iniciativas, o TICP determina também a recuperação de bens e áreas de valor histórico, cultural ou paisagístico e a sinalização de rotas e circuitos culturais. Iniciativas culturais Os TICP foram criados para promoção de iniciativas culturais, de educação e do meio ambiente - através de incentivos urbanísticos e fiscais - em áreas que concentram grande número de espaços, atividades e instituições culturais, paisagens relevantes para a memória e a identidade da cidade, formando polos singulares de atratividade social, cultural e turística. A relevância cultural da área a tornar-se um TICP, segundo a justificativa do Projeto, é evidente pela própria forma como a população local, além dos inúmeros visitantes de outros bairros da cidade e mesmo de outros pontos do Brasil, se apropria desta fração particular do território paulistano. Com suas ruas estreitas, muitas percorrendo cursos de rios canalizados, aquela região da cidade e a futura praça, em particular, guardam uma memória da cidade que precisa ser preservada e cultivada.
