25/04/2024 às 21h57min - Atualizada em 25/04/2024 às 21h57min

Nova Raposo é vista como projeto "anacrônico"

Iniciativa privilegiaria apenas o aspecto viário, desconsiderando necessidades urbanísticas

O projeto apelidado de "Nova Raposo", que pretende realizar obras no sistema Castello-Raposo nas suas seções dentro da cidade, é uma iniciativa de transferi-la para o setor privado, instituir tarifas de pedágio e ampliá-la, com um investimento de R$ 9 bilhões para adicionar uma nova pista e vias marginais no trecho da capital, já que a via é vista como uma ‘avenida’ de trânsito urbano.
Isso acarretará enormes impactos ambientais e sociais, incentivando o uso de veículos particulares e resultando na desapropriação de terrenos e imóveis em Butantã e Pinheiros e deslocamento de centenas de famílias. Tal medida não resolverá os problemas de tráfego, pois apenas incentiva o aumento do uso de automóveis, o que, por sua vez, intensifica a congestão viária e não há notícias de obras para transporte coletivo.

"Projeto anacrônico"
Uma das principais observações realizadas ao projeto é o seu "anacronismo", ou seja totalmente em desacordo com os usos e costumes, por ser pensado estritamente pelo seu aspecto viário. Dentro da engenharia e administração pública contemporânea, entende-se que uma proposta como essa precisa considerar não apenas a sua função viária, mas também o impacto socioeconômico e ambiental que ela provoca. Segundo especialistas, é necessário observar que o resultado de uma obra dessa escala precisa estar plenamente integrado ao tecido organizacional e estrutural da cidade em um sentido urbanístico, ou seja, considerando as pessoas que habitam o entorno.  
Em comunicado, a comunidade Baixo Pinheiros disse: “Esse projeto ‘faraônico’ terá um impacto imenso, inclusive sobre o nosso bairro. (...) Domingo (14/04) à noite ocorreu uma reunião de emergência com (...) representantes da sociedade civil. (O projeto) contempla grandes áreas que serão desmatadas, desapropriações, túneis, viadutos, alças de acesso e o aumento absurdo do tráfego de veículos diretamente em Pinheiros, em detrimento do transporte público de qualidade. O prazo de manifestação venceu dia 14, já como consulta pública. A sociedade civil está organizada, com vários grupos de trabalho para tentar impedir uma obra de anos, que vai na contramão da Emergência Climática."
Em seu perfil no Instagram, o arquiteto Nabil Bonduki aponta: "A curto prazo, bastaria a criação, a custo baixíssimo, de duas faixas exclusiva de ônibus, uma na própria Raposo e outra bifurcando na Avenida Escola Politécnica, ligando com a estação de Metrô Butantã e com a estação da CPTM do Jaguaré. Todos os investimentos em mobilidade devem ser dirigidos para o transporte coletivo, que é a prioridade. Nova Raposo NÃO!"

População ilhada
Críticas severas têm sido feitas à maneira como o estado tem conduzido os debates sobre a obra. As audiências públicas “já se encerraram...”, mas muitos moradores argumentam que sequer ficaram sabendo que tais audiências estão sendo realizadas, causando a impressão, segundo muitos, de que o governador Tarcisio Freitas está fazendo o máximo para acelerar o projeto "driblando" a rejeição pública que possa haver contra ele.
A preocupação é válida, especialmente para aqueles que serão mais prejudicados. A população de Cotia tem falado abertamente sobre o temor de ficarem "ilhados", já que, para sair da cidade, eles inevitavelmente precisariam pagar pedágios. Em um trecho de ida e volta para a capital, o morador de Cotia teria que passar por até seis passagens cobradas, tornando o orçamento de uma movimentação assim completamente inviável.

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