01/11/2019 às 14h13min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h39min

Governo de SP e União fecham acordo para transferir Ceagesp

O Governador João Doria anunciou acordo com o Governo Federal que permite a transferência da unidade da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), na Vila Leopoldina, zona oeste da capital, para um novo endereço e sua concessão à iniciativa privada. Doria também assinou decreto estadual autorizando que o novo endereço tenha acesso a rodovias classe zero, caracterizadas por alto padrão técnico, com pista dupla e acessos limitados para garantir mais fluidez de tráfego. O documento também lista os requisitos e contrapartidas para implantação e manutenção do novo entreposto na Grande São Paulo. "Não é função do Estado cuidar de ações e atividades, como o abastecimento e distribuição de alimentos, que podem ser melhor desenvolvidas pela iniciativa privada. Com o decreto que assinei hoje, será possível a implantação de mais de um entreposto como o que hoje temos na Vila Leopoldina. Nosso objetivo é estimular a competitividade e oferecer oportunidades aos trabalhadores do setor. A diferença é que esses novos entrepostos serão construídos em locais mais adequados e com acesso direto por rodovias. Dessa forma, também vamos conseguir reduzir a circulação de veículos pesados nas marginais [Tietê e Pinheiros], o que compromete o trânsito na região e nas vias de acesso", disse Doria. Desde 2017, o Governo do Estado recebe estudos com modelos e estrutura para implantação, operação e manutenção de um novo entreposto. No entanto, qualquer projeto era inviabilizado pela proibição de acesso por rodovias classe zero aos grandes terrenos que comportam um entreposto como a Ceagesp. "A estrutura atual está saturada, ineficiente e ultrapassada. Além disso, não é adequado que um entreposto dessa vultuosidade esteja localizado dentro do centro expandido da capital. O ideal é que ele seja transferido para um local com todas as condições de infraestrutura e logística para melhor atender aos usuários”, afirmou o Secretário de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira. O novo entreposto deverá ser transferido para um local com área construída mínima de 300 mil metros quadrados e oferecer infraestrutura que atenda a atual demanda dos produtores rurais, atacadistas, varejistas, cooperativas, importadores e exportadores. A nova Ceagesp terá processos mais modernos de conservação, controle de qualidade e rastreabilidade dos alimentos. Ao Estado, caberá a fiscalização por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O encerramento das atividades na atual Ceagesp só acontecerá após a conclusão do novo entreposto. O objetivo é evitar que o encerramento das atividades no atual local cause prejuízos à população e permitir a migração de funcionários. A Ceagesp da Vila Leopoldina é a maior central de abastecimento da América Latina, com área total de mais de 630 mil metros quadrados. Emprega mais de 30 mil funcionários e comercializa três milhões de toneladas de alimentos ao ano, com movimentação financeira de cerca de R$ 7,5 bilhões no período. Prazo O prazo para o deslocamento da Ceagesp para outro local deve ser de cinco anos, segundo entrevista do Secretário Estadual de Agricultura, Gustavo Junqueira em julho. O Secretário estipulo o prazo após o Governador João Doria, ao lado do Presidente Jair Bolsonaro, ter anunciado, em abril, que Ceagesp seria transferida da União para o Governo de São Paulo e mudaria de endereço até o final de 2020. Em junho, porém, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o Secretário Estadual de Agricultura, Gustavo Junqueira, disse que o prazo mínimo é de 30 meses. Esta semana, a nova informação da coluna da Mônica Bergamo, no mesmo jornal, aponta que a mudança não deve ocorrer antes de cinco anos. Na ocasião, Doria disse que “até o final do ano que vem, ele estará em um novo endereço, em uma área seis vezes maior que a área que ele hoje ocupa. Com isso, vamos ter mais permissionários, uma condição melhor, física e operacional. Este novo local será próximo a uma rodovia, o que permitirá uma ligação mais rápida e eficiente com o Porto de Santos e com as demais rodovias federais e estaduais”. Junqueira, entretanto, afirmou que deve ter sido um “erro de interpretação”, segundo a coluna Painel S.A. Ele estipulou que esta data deve ser para a concepção do projeto, sem ao menos garantir que esteja finalizada esta parte do processo. A Ceagesp será transferida do Ministério da Agricultura para a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento e o novo espaço será viabilizado por meio de recursos privados. O futuro endereço não foi anunciado ainda para evitar especulação imobiliária. No atual local do Centro será implantado o CITI (Centro Internacional de Tecnologia e Inovação), também em parceria com a iniciativa privada. “Será o Vale do Silício de São Paulo, com 650 mil metros quadrados de área dedicada à tecnologia”, explicou o Governador. Centro de inovação A região ocupada pela Ceagesp dará lugar ao Citi - Centro Internacional de Tecnologia e Inovação, que deverá ser o mais avançado ambiente de criatividade e desenvolvimento de startups do Brasil. O foco é o desenvolvimento e aplicação de hardtech (serviços de alta intensidade tecnológica). "Tecnologia e inovação fazem parte do DNA de São Paulo. A região que escolhemos para abrigar o Citi já tem vocação para isso. Próximo de lá já temos o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e a USP. O Citi será feito em conjunto com a prefeitura e o Governo Federal, porque ele vai abrigar projetos de interesse do país", declarou o Governador. Arco A Prefeitura de São Paulo pretende transformar o terreno em um parque tecnológico. A saída da Ceagesp da zona oeste foi cogitada durante décadas por diferentes administrações municipais, mas nunca houve um projeto concreto para viabilizá-la, principalmente em virtude de dificuldades no diálogo entre a Prefeitura de São Paulo, proprietária do terreno, e o Governo Federal, responsável pela operação do equipamento por meio do Ministério da Agricultura. Além dos 700 mil metros quadrados, a localização do terreno na Vila Leopoldina reforça seu potencial para receber grandes intervenções urbanísticas. A área fica próximo à Marginal Pinheiros, às linhas 8 - Diamante e 9 - Esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e aos parques Villa-Lobos e Leopoldina Orlando Villas-Bôas. Segundo a Prefeitura, a saída do entreposto da Vila Leopoldina deve favorecer a circulação de veículos na Marginal Pinheiros. O futuro endereço da Ceagesp deve ser o bairro de Perus, zona norte, nas imediações do Rodoanel. No ano passado, a iniciativa entrou como parte do Arco Pinheiros. Segundo a Prefeitura, “mais de 50% do território do Arco Pinheiros está distribuído em quatro “porções” isoladas, desconectadas e monofuncionais”. “Estas características não estão alinhadas ao modelo de cidade desejado: a cidade compacta, conectada, sustentável e inclusiva, onde seja possível aproximar o emprego da moradia, através do adensamento planejado, orientado pelo transporte público de alta e média capacidade, onde se promova a recuperação e o resgate de seus recursos naturais, e por fim, onde se promovam novas centralidades com diversidades de usos, serviços e espaços públicos seguros e ativos que favoreçam a interação social”, afirma em nota. Segundo a Prefeitura, o grande desafio do PIU do Arco Pinheiros é promover o processo de transformação urbana capaz de contribuir para integrar, articular e reforçar as potencialidades presentes nas diferentes porções do seu território, de modo a assegurar o uso mais coerente e inteligente da cidade, de sua infraestrutura e de seus recursos, perseguindo as estratégias definidas pelo Plano Diretor Estratégico (PDE). Um dos pontos discutidos é direcionar o adensamento construtivo e populacional associado à infraestrutura de transporte público e à transformação dos terrenos ociosos e subutilizados. As diretrizes de uso do solo se iniciam com uma diretriz geral que define setores de adensamento construtivo e populacional para o Arco Pinheiros, com base na proximidade da rede de transporte, na presença de projetos colocalizados, no grau de ociosidade dos usos atuais e na função estratégica dos locais perante a unidade de projeto. Após a definição dos novos setores de adensamento, pela diretriz geral, apresentam-se as diretrizes de uso do solo específicas para cada setor, garantindo a eles diversidade social e econômica.


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