14/03/2024 às 23h32min - Atualizada em 14/03/2024 às 23h32min

​Piscinões de Perdizes e Morumbi continuam motivo de controvérsia

A expansão do número de piscinões pela cidade é criticada por movimentos populares, ambientalistas e engenheiros. Na eminência da instalação de mais dois reservatórios, um sem nenhuma função ativa na frente do Estádio Morumbi, cortando dezenas de árvores frondosas da ‘Praça Roberto Gomes Pedrosa’ e promovendo um verdadeiro crime ambiental, outro atrás da sede social do São Paulo F.C. junto ao Colégio Porto Seguro, e em Perdizes/Pompéia, sobre a Praça ‘Rio dos Campos’, são elencadas posições contrárias a esta espécie de trabalho contra enchentes.

Troca de praça por piscinão
A ‘AmoraPerdizes’- Associação dos Moradores de Perdizes mantêm no ar um abaixo-assinado contra a iniciativa em seu bairro de “troca” de praças e áreas verdes por piscinões. Dentre as razões apontadas, eles afirmam que “é comprovado que a construção de piscinões promove a desvalorização paisagística do bairro, que já é carente de áreas públicas verdes, além de causarem inúmeros problemas sanitários aos moradores, decorrentes do acúmulo de água parada por grandes períodos de tempo, podendo trazer doenças como dengue, febre amarela, leptospirose e outras”.
Além disso, reafirmam que “a supressão de áreas verdes permeáveis, importantes para a drenagem das águas de chuva, segue uma política paliativa e antissustentável, enquanto outras soluções mais duradouras poderiam ser implementadas; piscinões são obras de drenagem urbana ultrapassadas e condenadas por especialistas em comparação a outras inúmeras alternativas, como, por exemplo, as calçadas permeáveis que poderiam estar sendo exigidas pelos órgãos públicos junto aos inúmeros novos empreendimentos imobiliários no bairro, que vêm afetando de maneira drástica a permeabilidade da malha urbana”.
Sobre a função social do terreno, apontam que “a concessão da superfície a ser coberta por estes reservatórios e seus entornos a empresas privadas, prevista por 30 anos ou mais, retira da população um espaço público valioso, que promove o lazer e bem-estar da população a qual não foi sequer consultada sobre a obra; praças são pontos multifuncionais de convívio constante dos moradores e é dever da administração municipal, com base na lei orgânica do município, zelar pela preservação destes para as próximas gerações”.
“Este projeto reproduz erros cometidos em outras áreas onde este tipo de obra foi implantada, como aconteceu na Av. Santo Amaro, criando a desvalorização imobiliária, prejuízos ao comércio e seus proprietários e funcionários, às atividades econômicas em geral, abandono de imóveis, e impacto negativo sobre o meio-ambiente e a sociabilidades de moradores”, finalizam.

Alternativas possíveis
Há algumas semanas, a Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais conversou com Lucila Lacreta, arquiteta urbanista, diretora executiva do Movimento Defenda São Paulo, sobre o tema. Questionada sobre a necessidade da construção de um piscinões, ou se haveriam alternativas possíveis, Lacreta respondeu que “no anos 90, a empresa Hidrostudio propôs ao Governo do Estado, a construção de mais de 90 piscinões para resolver definitivamente o problema da cidade. Não só não resolveu, como criou outros piores: deixou-se de investir no redimensionamento das galerias de águas pluviais – obras muito mais baratas e eficazes – não se adotou a política de não impermeabilização urbana, começando pela obrigatoriedade de dotar os terrenos privados e públicos de maior porcentagem de áreas permeáveis; da utilização sistemática de pisos drenantes;  execução de obras para retirada do lançamento dos esgotos das galerias de águas pluviais que correm para os rios, contaminando-os; implantação-de -jardins-de-chuva por toda a área da cidade, entre outras inúmeras medidas já consideradas eficientes de renaturalização de áreas degradadas ou muito impermeáveis. Além disso, a prefeitura ao implantar um piscinão em praças ou áreas verdes, estádios, etc, por prescindirem da desapropriação de terrenos mais adequados para sua construção, ou seja, por diminuírem o custo final da obra, cria um problema muito mais sério, que é o de retirar definitivamente da população uma área verde de praças com todas as funções ambientais que uma cidade como São Paulo requer e exige”.

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