02/02/2024 às 00h15min - Atualizada em 02/02/2024 às 00h15min

Ferrari: a alma da Fórmula 1

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Enzo Anselmo Giuseppe Maria Ferrari (1898 – 1988) antes de fundar a escuderia mais famosa do mundo no início da Segunda Guerra Mundial foi piloto da Alfa Romeo em 1919, de acordo com a biografia, Ferrari: O homem por trás das máquinas, adaptada para o cinema por Michael Mann, de O Último dos Moicanos, após oito anos sem filmar. O empresário na década de cinquenta, interpretado por Adam Driver, vivia uma relação conturbada com a esposa Laura (Penélope Cruz) em razão da morte precoce do filho Dino por distrofia muscular, apesar de administrarem juntos os negócios. Porém, o outro herdeiro, Piero, fruto de uma relação extraconjugal com Lina Lardi (Shailene Woodley), assume a empresa após a morte da madrasta até hoje, aos 78 anos. A grande rival da Ferrari na época (Maserati) era pilotada pelo “Rei das Pistas” na Fórmula 1, Juan Manuel Fangio, que havia sido campeão mundial da categoria por cinco vezes. Ferrari (2023) tem estreia prevista no Brasil apenas em 22 de fevereiro, nos cinemas, com destaque à parte final para uma das corridas de resistência em estrada aberta mais encantadoras do automobilismo mundial: entre a cidade de Bréscia e Roma (ida e volta), totalizando 1600 quilómetros ou “Mille Miglia” como é chamada. Antes de se aposentar em 1958, Fangio correu também pela Ferrari, cujos maiores ídolos eram Jim Clark e Ayrton Senna.
Os anos sessenta ficaram marcados como os mais românticos da Fórmula 1; não é a toa que a trazeira dos caças X-Wing tem algumas peças expostas e o som estridente dos caças TIE lembram pneus no asfalto em alta velocidade, já que George Lucas havia participado do filme Grand Prix (1966), disponível gratuitamente no You Tube. Embora não tenha sido baseado em nenhuma história real, a obra cinematográfica de John Frankenheimer é a melhor e mais realista já feita sobre Fórmula 1 com 32 pilotos profissionais, seja em participações especiais ou apenas flashes de corridas, dos quais cinco morreram em acidentes de carro dois anos depois, enquanto outros cinco nos dez anos seguintes. Entre eles os campeões mundiais de Fórmula 1: Phil Hill, Graham Hill, Juan Manuel Fangio, Jim Clark, Jochen Rindt e Jack Brabham. Além disso, o elenco principal dirigiu o próprio carro a 300 km/h, algo impensável nos dias de hoje. A trama acompanha as provas finais do campeonato mundial a partir da charmosa Mônaco; com destaque ao acidente ideal dos fãs até o circuito oval inclinado de Monza onde ocorre um acidente digno das 500 milhas de Indianápolis. O dono da equipe japonesa interpretado pelo astro Toshiro Mifune foi inspirado em Soichiro Honda, enquanto a personagem vivida por Jessica Walter foi baseada na atriz Louise Collins, que se casou com o piloto britânico Peter Collins, morto na pista em 1958, apenas um ano depois do casamento.
Antes da rivalidade entre Senna e Prost nos anos oitenta e noventa, outra disputa emocionante encantou a década anterior, desde a Fórmula 3 até a estreia do brasileiro em 1984, no mesmo ano em que o francês perdia por apenas meio ponto para o companheiro de equipe, Niki Lauda (Daniel Brühl). Rush — No Limite da Emoção (2013), disponível no Prime Vídeo, destaca aquele piloto metódico defendendo seu primeiro título pela Ferrari contra do último romântico da Fórmula 1. O austríaco havia bancado as primeiras corridas sem o apoio da família abastada, enquanto o britânico, James Hunt (Chris Hemsworth), chegou à McLaren após a desistência de Fittipaldi que sonhava fundar a própria equipe, Copersucar. Ocorre que o campeonato de 1976 acabou sendo decidido no tapetão e também no Japão, debaixo de muita chuva, após o marido de Marlene Knaus (Alexandra Maria Lara), na época, se ausentar por duas provas após o acidente que desfigurou seu rosto, determinando o título ao rival boêmio que havia se casado com a modelo Suzy Miller (Olivia Wilde), cuja amizade durou até a morte precoce, aos 45 anos. “Thor” perdeu 14 quilos de músculos para o papel, enquanto o “Barão Zemo” teve de morar na Áustria para aprender o sotaque daquele tricampeão do mundo que adorou se ver na telona pela primeira vez: “Merda! Sou eu mesmo” — disse Lauda.

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