16/06/2023 às 01h02min - Atualizada em 16/06/2023 às 01h02min

Air Jordan 60 anos

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

No ano mais patriota da Era Reagan: sede das Olimpíadas de Los Angeles 1984, a Nike decadente procurava desesperadamente por garotos-propaganda, cujo famoso slogan “Just do it” havia saído da boca do assassino Gary Gilmore nos anos 1970, pouco antes da sua condenação à morte por fuzilamento. Foi dito, na verdade: “Let 's do it”, antes do slogan ser substituído pelo publicitário Dan Wieden. AIR: A História Por Trás do Logo (2023) foi dirigido, atuado e roteirizado por Ben Affleck e Matt Damon de forma objetiva, positiva e otimista; envolto numa espetacular trilha sonora oitentista, escolhida a dedo, em vez de perder tempo demonizando o mercado publicitário capitalista. Dessa forma, o espectador acaba imerso no longa-metragem disponível na Prime Vídeo, torcendo pelo sucesso daqueles empreendedores esforçados em razão da confiança messiânica depositada na revelação do basquete masculino universitário da época que surpreendentemente teve uma considerável participação nos lucros daquela empresa de calçados, assim como George Lucas com a marca “Star Wars”. Era tudo ou nada contra a rival, Adidas, cujo nome do fundador e xará do Führer: Adolf Dassler, mistura o apelido do empresário (Adi) e as três primeiras letras do seu sobrenome (Das). Na trama, o visionário Sonny Vaccaro (Matt Damon) ao assistir diversos jogos de Michael Jordan (Damian Young) em videocassete vai até à casa dos pais Deloris e James (Viola Davis e Julius Tennon — casados na vida real) com o intuito de fechar o maior negócio da sua vida; complementado pela biografia documental em 10 capítulos da Netflix: Arremesso Final (2020).
Tal como em “Air”, a introdução de Jerry Maguire: A Grande Virada (1996) poderia encantar aquele espectador mais velho pelos incríveis acordes da guitarra de “Money For Nothing”, já que no longa de Cameron Crowe, disponível na Prime Video, BP Select, HBO Max e Paramount Plus, a família fica acima do dinheiro. Outra coincidência é que após a epifania, Jerry (Tom Cruise) decide investir todas as fichas num único cliente: o problemático receptor de Futebol Americano, Rod Tidwell (Cuba Gooding, Jr.). Até os anos 1970 o atleta jogava por honra; excelência; e superação dos limites, em vez de fama e fortuna. Apesar de jogar pelo sustento da família que tanto ama, Rod deixou de ser materialista quando passou a jogar com o coração em vez da cabeça: "Show Me The Money". A jovem colega Dorothy (Renée Zellweger) foi a única que acompanhou aquele gerente esportivo demitido após ler a sua Declaração de Missão sobre a desonestidade no gerenciamento esportivo, cujo desejo de Jerry era ter um relacionamento qualitativo: mais atencioso com os clientes; menos rentável para a empresa onde trabalhou. Embora o principal motivo que a levou ao altar, fosse a incrível sintonia de Jerry com o seu adorável filho pequeno, Ray (Jonathan Lipnicki), abandonado pelo pai biológico.
Tetris (2023) é o jogo mais popular em 195 países, cujo criador é o programador russo Alexey Pajitnov (Nikita Yefremov), funcionário do Centro de Computação da Academia Russa de Ciências com apenas um monitor de tela verde á disposição e os próprios caracteres do teclado, sem ganhar nenhum centavo com os direitos autorais naquele mesmo ano de 1984, pois, no Comunismo não existe meritocracia e competitividade alguma. Dessa forma, Tetris foi licenciado e gerenciado pela empresa estatal soviética ELORG; e exportado com o slogan “Dá Rússia com amor”, quando em 1988 numa feira de ciências de Las Vegas o designer Henk Rogers (Taron Egerton) se encantou pela sincronicidade matemática daquele jogo viciante num despretensioso fliperama, de modo a investir a casa da sua família, e ir além da ”Cortina de Ferro” diversas vezes, vigiada pela KGB por todos os lados, sob o risco de ser preso ou morto a qualquer momento, visando adquirir os direitos do game para a Nintendo: incluindo PC, console e fliperama; contra a Atari, SEGA e o magnata da mídia, Robert Maxwell (Roger Allam), à la George Soros. Na trama disponibilizada pela Apple Plus, Rogers consegue uma audiência com o CEO da Nintendo, Hiroshi Yamauchi (Togo Igawa), e o jogo acaba sendo acoplado ao Game Boy no lugar do Super Mario. A filha chateada com aquele pai ausente, acaba se tornando sua sócia na The Tetris Company ao lado do criador russo após o colapso da URSS.
Nesse sentido, O Homem que Mudou o Jogo (2011), Billy Beane (Brad Pitt) utilizou conceitos de economia; fórmulas matemáticas e estatísticas elaboradas pelo estudante recém-formado em economia, Peter Brand (Jonah Hill), contrariando os olheiros e os conselheiros caquéticos de um time com a metade do orçamento dos times grandes. A estratégia foi contratar jogadores rejeitados pelos seus trejeitos, maneirismos ou pela aparência física, em vez do mérito; de modo que o treinador, interpretado por Philip Seymour Hoffman, teve de escalá-los de qualquer forma. O gestor após o sucesso do Oakland Athletics poderia ter entrado para história com um salário astronômico no Boston Red Sox, mas optou continuar ao lado da filha Casey (Kerris Dorsey) na Califórnia até a aposentadoria, uma vez que os princípios daquele ex-atleta fracassado ficavam acima do dinheiro, encarado apenas como um símbolo do seu sucesso. O Boston é conhecido pela “Maldição do Bambino” ao vender seu principal atleta com esse apelido após o título de 1918, permanecendo 86 anos na fila, antes de utilizar as teorias introduzidas por Billy e Brand, até ser campeão da World Series em 2004, dois anos depois. “Moneyball”, na Netflix e BP Select, é uma metáfora sobre inovação, superação e escolhas; legado, planejamento, organização, liderança e controle ao desafiar um sistema defasado.

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