29/03/2024 às 01h05min - Atualizada em 29/03/2024 às 01h05min

Jesus sob uma perspectiva diferente

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Jesus Cristo Superstar (1973) é um musical adaptado da ópera rock da Broadway, criada por Andrew Lloyd e Tim Rice dois anos antes; cuja primeira versão em português, de 1972, foi traduzida por Vinicius de Moraes. A trama contemporânea foi filmada no deserto escaldante de Tel Aviv sob a perspectiva de Judas Iscariotes, ao lado de um Jesus mundano, cheio de medos e desejos: amparado a todo momento por Maria Madalena, a exemplo de A Última Tentação de Cristo. O livro Boa Nova do Espírito Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier, esclarece que o discípulo mais inseguro do Cristo traiu seu Mestre porque foi iludido pelo Sumo Sacerdote Caifás com a promessa de um cargo especial no Sinédrio. Na verdade, a estratégia daquele mercantilista suicida era se aliar aos Doutores da Lei após a prisão de Jesus, e dessa forma, liderar uma revolução armada com o objetivo de libertar Israel do domínio romano para que o Messias pudesse reinar na Terra, pacificamente, em vez da sua obra divina reinar no coração dos homens, para sempre.
Baseado no romance homônimo de Pär Lagerkvist, Barrabás (1961) é um ladrão truculento e ignorante, interpretado por Anthony Quinn; cuja jornada de redenção começa a partir do eclipse solar na crucificação do Cristo; antes daquele criminoso ser condenado a 20 anos nas minas de enxofre da Sicília; até o combate apoteótico contra o gladiador preferido do Imperador Nero (Jack Palance). Muito mais simples, foi a trajetória da namorada Raquel (Silvana Mangano)  como seguidora d'Ele. 
Já na versão russa de 2019, baseada no romance de Marie Corelli, foi a estonteante Judith, quem incentivou o irmão Judas Iscariotes a trair Jesus e  Barrabás a matar o amante dela, mesmo noiva de Caifás. A redenção daquele galã assassino foi graças ao suporte do sábio rei mago, Melchior, enquanto Judith se convertia ao cristianismo redivivo após enlouquecer. 
Ben-Hur: Um Conto Sobre o Cristo, de Lew Wallace, publicado em 1880, foi considerado o romance cristão mais influente do século XIX, permanecendo como o mais vendido de todos os tempos; até a publicação de E o Vento Levou; adaptado pelo clássico cinematográfico com Charlton Heston em 1959, disponível no Max; um filme mudo em 1925 e outro falado em 2016 com Rodrigo Santoro interpretando Jesus e Morgan Freeman o Sheik Ilderim; além de uma minissérie televisiva de dois capítulos em 2010, estrelada pela Sharon Carter de Capitão América: Guerra Civil, Emily VanCamp como Esther (a noiva de Ben-Hur), e Kristin Kreuk (a Lana de Smallville) como Tirzah: a irmã do Principe Judeu curada de lepra por Jesus. Na trama, a saga de Judas Ben-Hur se confunde à do Filho de Deus; desde gravidez de Maria até a perseguição aos cristãos nas Catacumbas de Calisto, durante o império de Nero. Ben-Hur foi condenado injustamente a permanecer nas galeras romanas pelo resto da vida, sobrevivendo por causa da Água Viva dada pelo Messias em seu primeiro encontro com o Rabi querido. De volta a Jerusalém, ainda com ódio no coração, aquele judeu aprende a amar e a perdoar os inimigos o quanto fosse necessário; por isso sua fé curou a mãe e a irmã de lepra; recuperou a sua fortuna e arranjou uma nova família com a esposa Esther, de modo a ser feliz para sempre.  
Em Ressurreição (2016), o tribuno romano Clavius (Joseph Fiennes) investiga o desaparecimento do corpo do Cristo a mando do prefeito burocrata da Judeia, Pôncio Pilatos (Peter Firth), ainda mais covarde e determinado a se manter no poder a qualquer custo. O longa de Kevin Reynolds, disponível na Netflix e na BP Select, dispensa o romantismo e o melodrama habitual de “A Paixão de Cristo”, visando focar na busca por provas documentais e entrevistas com os discípulos d'Ele: como José de Arimateia, Bartolomeu e Pedro. Semelhante a Ben-Hur e Barrabás, aquele centurião buscava apenas um dia de paz sem mortes, até se tornar um pescador de homens a partir da oração sincera a Javé em vez do deus romano Marte. Impressionado com a fé dos cristãos, o nobre patrício presenciou a ressurreição de Yeshua, largou a espada, o manto e a túnica, até finalmente retirar o anel romano do seu dedo.

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