21/03/2024 às 22h14min - Atualizada em 21/03/2024 às 22h14min
Os Assassinos em Série de David Fincher
Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com
Apesar de Jack, o Estripador ter sido o Serial Killer mais famoso: entre 1888 e 1891, o termo só foi oficializado nos anos setenta pela equipe do ex-agente do FBI John Douglas que ao lado do escritor Mark Olshaker publicaram Mindhunter: Por dentro da Unidade de Crimes em Série de Elite do FBI, duas décadas depois – adaptado pela Netflix entre 2017 e 2019. Em Mindhunter, o alter ego de Douglas é representado pelo agente Holden Ford (Jonathan Groff), enquanto a Dra. Ann Burgess pela Dra. Wendy Carr (Anna Torv) e Robert Ressler por Bill Tench (Holt McCallany); cujo filho adotado começa a apresentar os primeiros sinais de psicopatia. Na série de duas temporadas, esses oficiais percorrem o país afora com o intuito de decifrar a mente dos principais assassinos em série, divididos em quatro tipos: visionário, missionário, emotivo e libertino. Geralmente psicopatas e sociopatas são egocêntricos e com grande capacidade cognitiva; embora incapazes de sentir temor ao dominar ou manipular suas vítimas antes de executá-las; sentindo intenso prazer sexual durante o processo. Os dois mais famosos são Charles Manson e Wayne Williams (O Monstro de Atlanta). Apesar de não ter matado ninguém com as próprias mãos, Manson (Damon Herriman) era um mestre da sedução e persuasão; considerado um messias pelos seguidores da sua seita hippie, formada por membros endinheirados da Califórnia. Entre as 6 vítimas do massacre de 1969 aparece a bela atriz Sharon Tate, interpretada por Margot Robbie no filme de Quentin Tarantino: Era uma Vez em... Hollywood. A esposa do cineasta Roman Polanski estava grávida de 8 meses quando foi apunhalada pelas costas com 16 facadas. Os criminosos da “Família Mason” ainda usaram o sangue das vítimas para deixar mensagens nas paredes, como “morte aos porcos”. Já Williams (Christopher Livingston) é o principal suspeito de ter assassinado pelo menos 28 crianças entre 1979 e 1981. A maioria eram garotos de 8 a 15 anos: geralmente homossexuais ou com alguma deficiência física ou intelectual, encontrados mortos por estrangulamento ou por arma de fogo em bairros essencialmente de pessoas negras. Aquele mentiroso compulsivo abordava as vítimas disfarçado de policial ou às convidava para fazer parte do seu programa de talentos numa rádio local; a exemplo de Som da Liberdade. Felizmente, o pedófilo foi condenado por acaso à prisão perpétua pela morte de dois adultos, mas preferiu morrer na prisão, até agora, em vez confessar seus crimes atribuídos a Ku Klux Klan. De fato, não houveram mais mortes por estrangulamento depois da sua prisão.
Os crimes do Zodíaco, ocorridos na mesma época, é outro mistério insolúvel até hoje. Em virtude do filme de David Fincher o caso foi reaberto; de modo que em 6 de outubro de 2021 um grupo de quarenta investigadores e jornalistas independentes, apontaram Gary Francis Poste como o verdadeiro culpado pelos 37 homicídios após 53 anos. O ex-veterano da Força Aérea norte-americana, falecido em 2018, era forte, tinha uma cicatriz na testa e usava botas pretas. Quando os assassinatos pararam de acontecer, Gerry havia se casado com Mary. Porém, em Zodíaco (2007), disponível no Max, os livros de Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal), no qual o enredo foi baseado, apontam para Arthur Leigh Allen (1933 – 1992) após ter sido identificado pelo único sobrevivente daquele psicopata entre centenas de rostos disponíveis: “É ele! Ele é o homem que atirou em mim!” — disse Michael Renault Mageau à polícia. Allen usava um relógio de pulso da marca Zodiac, enquanto esteve preso por abuso de menores; na mesma época em que Gary se casou.
Por influência da família, Robert Downey Jr. foi alcoólatra e usava drogas pesadas desde os 6 anos de idade quando fumou maconha pela primeira vez, até o início do século XX. Assim como o jornalista do San Francisco Chronicle, Paul Avery, que ele interpretou; embora sua abstinência tenha sido graças ao Homem de Ferro por exorcizar o demônio da garrafa para sempre.
Se7en — Os Sete Crimes Capitais (1995), disponível no Max, se passa numa cidade sem nome, comparada à Gotham City em que o herói embora não chegue aos pés de Batman possui o coração de Lucius Fox; contra John Doe (Kevin Spacey), um joão ninguém sempre um passo à frente da polícia. Ao longo da trama, William Somerset (Morgan Freeman) obtém todas as sete virtudes cristãs, em oposição aos sete pecados capitais das vítimas. Se o guloso comeu até a morte aquele detetive humilde, solteiro e sem filhos se esforçava para desvendar aquele caso intrigante enquanto comia com moderação durante o jantar oferecido pela esposa (Gwyneth Paltrow) do seu colega impulsivo: “É longo e difícil o caminho que do Inferno leva à luz” (John Milton — Paraíso Perdido). No segundo dia, um típico advogado cobiçado por dinheiro e poder que soltava criminosos, aparece morto sobre os livros de Direito com um pedaço da carne arrancado do próprio quadril na balança da justiça sobre a mesa: “Uma libra de carne. Nem mais, nem menos. Sem cartilagem, sem osso, só carne. Cumprida esta tarefa ele estaria livre” (O Mercador de Veneza). Enquanto isso, seu cliente mais preguiçoso está há um ano amarrado na cama, sendo alimentado apenas por soro; até comer a própria língua; em oposição a prostituta morta de prazer, ou à modelo vaidosa de rosto desfigurado com um frasco de remédio à mão e o telefone colado á outra: “Grite por socorro e viverá. Mas ficará desfigurada. Ou ponha um fim na sua própria dor”. Morrer a viver sem a beleza exterior, foi o caminho escolhido pela modelo. O caridoso Somerset diante dos últimos raios de sol decide suspender a aposentadoria para cuidar do parceiro David Mills (Brad Pitt) que sob violenta emoção arruinou a carreira por causa do vilão invejoso de mente criminosa: “O mundo é um bom lugar e vale a pena lutar por ele” (Ernest Hemingway).