12/05/2022 às 23h39min - Atualizada em 12/05/2022 às 23h39min

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Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

A década de 80 e 90 foi invadida pelos slashers mais queridos da cultura pop. Apesar de todos os episódios das quatro franquias abaixo serem extremamente divertidos, feitos para desligar o cérebro e curtir sem o típico peso ideológico, apenas os originais equiparam-se a um clássico. À exceção de Pânico 2. Entre 1980 e 1989 Jason Voorhees protagonizou praticamente um filme por ano, exceto o primeiro com Kevin Bacon no elenco, cuja função foi atribuída a sua mãe querida. O único com roteiro elaborado, cheio de suspense para se levar a sério, característico dos anos 1970, em razão de haver dois serial killers rondando Crystal Lake. O saco de batatas deu lugar à famosa máscara de hóquei, exclusivamente nos cinemas da época em 3D, cujos espectadores usavam óculos com lentes de plástico azul e vermelha para desviar dos olhos voadores, que saltavam da tela. A telepata com poderes paranormais, no sétimo, foi a melhor ideia da década, a única capaz de derrotar o psicopata. Contudo, o hiato natural de quatro anos descaracterizou o personagem que resolveu possuir as vítimas ao invés de matá-las da maneira clássica, ligado a uma árvore genealógica  desnecessária. Depois de ir ao Inferno, o brutamontes foi criogenizado pelo governo, mas reviveu numa espaçonave terrestre em 2455. Em Jason X, o assassino ganhou uma versão hi-tech, mas foi derrotado por uma bela androide de forma tosca e bem divertida. O reboot produzido por Michael Bay em 2009 resumiu muito bem o primeiro arco, concluído em 1984. 
Naquele ano, o genial Wes Craven criou Freddy Krueger com o intuito de rivalizar com Jason Voorhees, mas o serial killer de A Hora do Pesadelo foi derrotado por uma jovem inteligente, após a estudante se esquecer completamente dele. Filosofia semelhante à da animação: Viva – A Vida é uma Festa, que retrata o intercâmbio entre os vivos e os mortos. Foram seis episódios idealizados na década de 1980 com Johnny Depp e Patricia Arquette no elenco. O Novo Pesadelo, em 1994, foi uma singela homenagem do diretor falecido em 2015, a exemplo da paródia, Facada, dentro da franquia Pânico. Freddy enfrentou Jason apenas em 2003, e em 2010 houve o primeiro reboot, o nono e o último capítulo até agora, protagonizado por Rooney Mara e Katie Cassidy, a Canário Negro da série Arrow. O primeiro é o melhor e mais realista, porque tudo não passa de um sonho, ao contrário dos demais onde o slasher ganha ares sobrenaturais, invadindo constantemente a nossa realidade. Em oposição àquelas pessoas que conseguem controlar os seus sonhos e acordar quando quiser. Por isso o maníaco aterroriza as suas vítimas até mesmo em estado de sonambulismo, revivendo sempre o seu maior pesadelo para que elas não percebam de maneira alguma que estão sonhando. Freddy quando encarnado foi morto pelos moradores da rua Elm, cuja vingança acabou atingindo os seus descendentes através dos sonhos. O personagem de lâminas afiadas nas mãos, roupa vermelha com listras verdes e chapéu, foi inspirado no tirano Pol Pot do Kremer Vermelho que dizimou pelo menos 1,5 milhão de pessoas, entre 1976 e 1979 ao aplicar a famigerada ditadura para o proletariado. De acordo com o artigo publicado no LA Times, as crianças que conseguiram fugir do genocídio para se refugiar nos EUA, recusavam-se a dormir com medo de serem atacadas pelos militantes comunistas do Camboja durante o sono. No entanto, acabaram morrendo subitamente ao pegar no sono. A causa da morte foi diagnosticada: Síndrome da Morte Noturna Inexplicável Repentina (SUNDS, em inglês).   
Na verdade, o pai dos slashers é Leatherface, desde 1974, inspirando Michael Myers quatro anos depois. O Massacre da Serra Elétrica, dirigido por Tobe Hooper, custou míseros 140 mil dólares e teve três sequências que pioravam conforme ganhavam nomes de peso no elenco, incluindo Viggo Mortensen em 1990 e Matthew McConaughey e Renée Zellweger em 1994. Pelo menos, a sequência produzida pela Cannon Films é divertida, pois não se leva a sério, com destaque ao incrível duelo de motosserras no final. Na década de 2000 houve o primeiro reboot, aliado a um prequel com Jessica Biel e a paranaense Jordana Brewster de Velozes e Furiosos que desfilavam constantemente pela mata densa e escura. A ótima fotografia foi fundamental ao enredo pouco desenvolvido sobre a Guerra do Vietnã, cujo progresso tecnológico provocou a demissão de Leatherface e toda a sua família. Porém, quem roubou a cena naquela angustiante atmosfera de terror e suspense foi o xerife Fajuto Hoyt (R. Lee Ermey). Na década seguinte, descobrimos através de um novo prequel ruim que o doente mental na adolescência ficou internado num reformatório. Em 2013, em outra sequência esquecível, a jovem Heather (Alexandra Daddario)  descobre que é herdeira da bizarra família Sawyer, mas se interessa por aquela herança maldita mesmo assim. Por fim, em 2022 na Netflix, Leatherface é expulso de uma cidade fantasma por um grupo de jovens racistas. O roteiro fraco conta com cenas forçadas de ultraviolência, mas o desfecho á lá Sara Connor, empolga. Por incrível que pareça as franquias Psicose, O Massacre da Serra Elétrica e O Silêncio dos Inocentes foram inspiradas na história verídica do psicopata Ed Gein que não era canibal, mas fazia móveis, máscaras e objetos com pele, ossos e face humana, moldados pela saudosa motosserra. O assassino que se vestia de mulher foi condenado pelo homicídio de apenas duas pessoas, mas transferiu centenas de cadáveres de um cemitério até sua casa, transformando-a num museu macabro.      
Em 1996, Wes Craven resolveu satirizar as franquias de terror acima em quatro capítulos bem dirigidos até a morte. Contudo, Pânico 5, disponível no Now, respeitou a tradição, mantendo a trindade clássica: Sidney, Dewey e Gale Weathers ao mesmo nível da nova geração. Por esse motivo a franquia não sofreu quedas bruscas em 25 anos de existência, apenas um desgaste natural nas duas últimas décadas, ganhando fôlego esse ano. Em outras palavras, os dois primeiros são insuperáveis, a começar pela abertura. Na verdade, o que vale na franquia são as premonições que se realizam. Por exemplo, policial que morre no dia da aposentadoria e o adolescente sexualmente ativo depois do ato sexual ao sair do quarto, enquanto a jovem mais inteligente da trama com algum complexo na infância, geralmente sem namorado ou em crise no relacionamento, sobrevive no final.

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