20/04/2022 às 23h21min - Atualizada em 20/04/2022 às 23h21min

​A fé atravessa oceanos

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

“Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore magnânima do seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de novo, frutificando em obras de amor para todas as criaturas”. Não foi atoa que Pedro Álvares Cabral, movido pela fé cristã, tornou-se Grão-Mestre da Ordem de Cristo, a antiga Ordem dos Templários que financiou as Grandes Navegações Portuguesas. Fundado na França a Ordem dos Templários, na Netflix, defendia os cristãos dos muçulmanos durante as Cruzadas. “Não encontramos, na atualidade do planeta, outro povo que substitua os portugueses na grande obra de edificação da Pátria do Evangelho. Todas as demais nações, como o próprio Portugal, se encontram presas da cobiça, da inveja e da ambição. Os vícios identificam perfeitamente umas com as outras, e no povo lusitano temos de considerar a austera honradez aliada a grandes qualidades de valor e de sentimento, que o habilitam, conforme a vontade do Senhor, a povoar os vastos latifúndios que constituirão mais tarde o pouso abençoado da lição de Jesus. Colonizadores desalmados estão em todos os países dos tempos modernos, que não reconhecem outro direito a não ser o da força desumana e impiedosa”. Se os jesuítas não tivessem sido expulsos em 1759 pelo ditador Marquês de Pombal, o Brasil teria se tornado uma potência mundial, equiparada aos EUA. “Pombal ascendera à posição de ministro depois de absorver as idéias novas que percorriam os setores de todas as atividades do Velho Mundo, ao sopro dos enciclopedistas, enquanto a sua pátria se algemava aos tribunais da Inquisição, com sérios prejuízos para a educação nacional. Esse ato de Pombal se reflete largamente na vida do Brasil. Todo o movimento de organização social se devia, na colônia, aos esforços dos dedicados missionários. O clero comum possuía escravos numerosos e chegava a defender o suposto direito dos escravagistas, incentivando a caça aos índios e abençoando a carga misérrima dos navios negreiros. Os jesuítas, porém, sempre trabalharam, no início da organização brasileira, dentro dos mais amplos sentimentos de humanidade. Aldeavam os índios, aprendiam a "língua geral", a fim de influenciarem mais diretamente no ânimo deles, trazendo as tabas rústicas às comunidades da civilização e foram, talvez, naqueles tempos longínquos, os únicos refletores dos ensinamentos do Alto, advogando o seu verbo inspirado a causa de todos os infelizes. A sua expulsão do Brasil retardou de muito tempo a educação das classes desfavorecidas”. (Fonte: Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, Humberto de Campos)
 Em Anchieta, José do Brasil (1977), disponível gratuitamente no YouTube, observamos o missionário, membro da Companhia de Jesus e Inácio de Loyola, auxiliado por Manuel da Nóbrega (Emmanuel), fundar o colégio da vila de São Paulo em 1553, na aldeia de Piratininga, que viria a ser a própria cidade de São Paulo em 25 de janeiro de 1554, o mesmo dia da conversão do Apóstolo dos Gentios, Paulo de Tarso. 
Ao mesmo tempo, o jesuíta português Cristóvão Ferreira (Liam Neeson) retratado na última parte da trilogia da fé, Silêncio (2016), dirigida por Martin Scorsese, tenta transmitir a sua fé católica no Japão entre 1609 e 1633, chefiando jesuítas durante a regência opressiva do xogunato Tokugawa que visava expurgar o cristianismo da Terra do Sol Nascente após a rebelião de Shimabara. Os opositores ficavam presos em cruzes de madeira na costa do oceano, onde a maré eventualmente os afogava.
Se o Brasil é o coração do mundo, cujo celeiro é a floresta amazônica, a América do Norte descoberta por Cristóvão Colombo (Gérard Depardieu) viria a ser o cérebro pujante do planeta azul, a partir do filme de Ridley Scott, 1492 — A Conquista do Paraíso (1992). A Rainha Isabel, apelidada de Isabel, a Católica, foi interpretada por Sigourney Weaver.  
Nesse sentido, em 1756, vinte anos antes da Independência dos Estados Unidos, inicia a Guerra dos Sete Anos e um ano depois, a fase norte-americana, chamada Guerra Franco-Indígena entre a Inglaterra e as suas colônias contra a França e seus aliados algonquinos, retratada no filme de Michael Mann, O Último dos Moicanos (1992). Na trama disponível na BP Select, Chingachgook da tribo dos moicanos, ao lado do filho legítimo Uncas e do filho adotivo caucasiano, Hawkeye (Daniel Day-Lewis), rivalizam com o impiedoso Magua, da tribo Huron, que inesperadamente apoia os franceses. Ocorre que os oficiais franceses antes de serem contaminados pela Revolução Jacobina, liderada por Robespierre em 1789, eram católicos e monarquistas tradicionais, por isso tratavam os inimigos com honra e cordialidade ao invés de condená-los indiscriminadamente à guilhotina, enquanto o pragmático coronel inglês Munro desprezava ou condenava à morte os milicianos e os silvícolas que o apoiava. Por essa razão, sua filha Cora (Madeleine Stowe) opta por viver na selva, formando uma nova família composta de nobres guerreiros indígenas, em oposição àquela nobreza mercantilista da qual fazia parte.

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