09/09/2021 às 23h19min - Atualizada em 09/09/2021 às 23h19min

Loucura, loucura, loucura, na Semana da Pátria

Estreou dia 9 de setembro a típica comédia romântica com a cara do cinema brasileiro. Na trama, o romântico pediatra ­bem-sucedido, Léo (Marcos Veras) e a exigente professora de vôlei de praia, Manuela (Nathália Dill) se conhecem de forma inusitada, não convencional, e acabam morando juntos, graças a ajuda da mãe dela, Esther (Totia Meirelles). Porém, a encantadora colega do plantão médico, Cristina (Danni Suzuki) tenta colocar água no chopp do Casal Inseparável. Enquanto participam de uma reunião da Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor, Manoela (Mariana Ximenes), Elena (Débora Lamm) e Rebeca (Roberta Rodrigues) planejam uma vingança contra os seus namorados, ao estilo da comédia estadunidense de 2014, Mulheres ao Ataque. O filme, L.O.C.A, dirigido e escrito pela cineasta Cláudia Jouvin, conta com uma ótima montagem e uma ótima edição de roteiro, além de diálogos ricos e objetivos sem enrolação. O longa disponível no Telecine pode ser interpretado superficialmente como um singelo besteirol divertido ou uma análise psicológica profunda sobre as nuances da loucura, ao nível do clássico de Machado de Assis. Na obra literária, O Alienista, o psicanalista Simão Bacamarte conclui brilhantemente a tese de que a loucura é subjetiva e opinativa, portanto, interpretativa. Afinal, de perto todo mundo é neurótico com alguma coisa ou com alguém, principalmente. Modo Avião é uma das melhores comédias brasileiras da Netflix, estrelado pela carismática Larissa Manoela e pelo tremendão Erasmo Carlos, ao estilo da patricinha influenciadora digital na série, Emily em Paris. O filme brasileiro mais assistido da Netflix, enfatiza o perigo dos adolescentes falarem ao celular enquanto dirigem. Além disso, esses mesmos adolescentes vivem na dependência das redes sociais, afastando-se dos familiares de casa ou daqueles familiares que não se manifestam na internet. Dente por Dente se esforça para ser um thriller psicológico repetitivo com ares sobrenaturais, misturando sonho e realidade em ótimas paisagens concretas da cidade de São Paulo. O longa do Telecine, protagonizado por Juliano Cazarré, faz grave denúncia de corrupção, recorrente nas construtoras, mas coloca as estrelas globais do pôster, Renata Sorrah e Paolla Oliveira, como figurantes de luxo, enganando o público. Obcecado em manter vivo o patrimônio do avô, ao invés de vendê-lo por um bom preço, Elder (Marco Ricca) acaba deixando o Hotel Delire à beira da falência. Ocorre que o marido em crise conjugal, mantém hospedados os clientes inadimplentes mais exaltados, de modo a evitar escândalos na imprensa. Esse acúmulo de responsabilidades eleva os nervos do empresário à flor da pele a ponto de cometer uma loucura com uma prostituta (Thaila Ayala) de passagem por lá. Lamento, em exibição nos cinemas, é mais um drama psicológico sobre os loucos vícios humanos, interpretados com maestria por Marco Ricca. Nesta lista não poderia faltar outro filme do Telecine enaltecendo a Operação Lava Jato entre 2015 e 2017. Três Verões, se passa no auge do pesadelo dos corruptos, sem lacração de oprimido contra opressor. Pelo contrário, é uma comédia sutil e muito divertida que valoriza a meritocracia nas classes inferiores, sem fazer apologia à pobreza, graças ao roteiro universal e a presença inconfundível de Regina Casé, que sempre rouba a cena quando atua no cinema, sem ofuscar os demais atores. A trama do novo trabalho da diretora e comentarista do programa da Globonews, Estúdio I, Sandra Kogut, mostra os desdobramentos da prisão de um magnata corrupto (Otávio Muller), afetando a vida dos funcionários do seu casarão em Angra dos Reis. A governanta (Regina Casé), que já sonhava em abrir o próprio negócio há anos, aproveita a oportunidade dourada para investir em novas fontes de renda através do comércio de roupas usadas e do turismo marítimo, além de realizar eventos naquela residência luxuosa à beira-mar, ao invés de se lamentar ou apontar culpados durante o período de instabilidade. Afinal, a Operação Lava Jato não veio trazer a paz, mas a espada no pescoço dos corruptos de colarinho branco. Por fim, para comemorar a Semana da Pátria não poderia faltar o símbolo da cultura nacional. A trama, desenvolvida pela diretora Maya Da-Rin, descreve a rotina de um índio que há 20 anos trabalha como vigilante em um porto de cargas, sem se afastar de suas raízes após o horário comercial. Justino (Regis Myrupu) ao chegar em casa no cair da noite se reúne satisfatoriamente com os filhos e a cunhada. Deitado na rede sob o luar, o patriarca conta várias histórias sobre o folclore indígena ao estimado sobrinho. Ocorre que a filha mais nova, Vanessa (Rosa Peixoto) foi aceita na Universidade de Brasília (UnB) para estudar medicina, o único vínculo que ainda o mantinha na capital metropolitana de Manaus, provocando nele uma forte febre instantânea. A Febre, disponível na Netflix, fomenta uma visão moderna que dá liberdade ao silvícola para escolher o próprio destino, seja numa aldeia do Alto Rio Negro, junto a tribo dos Desanos, Tucanos e Tarianas ou na cidade grande, sem a influência maniqueísta do politicamente correto. Um Casal Inseparável (2021) - Nota: 3,5 L.O.C.A (2021) - Nota: 4,0 Modo Avião (2019) - Nota: 3,5 Dente por Dente (2020) - Nota: 2,5 Lamento (2019) - Nota: 3,5 Três Verões (2019) - Nota: 4,0 A Febre (2019) - Nota: 3,5


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