02/09/2021 às 23h56min - Atualizada em 02/09/2021 às 23h56min

Indiana Jones e suas cópias

Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, o melhor filme de aventura de todos os tempos, completa 40 anos. O grande blockbuster de Steven Spielberg inaugura os alegres e nacionalistas anos oitenta em contraste com a dramática década passada, repleta de protestos a favor dos direitos civis das minorias, refletidos nos filmes. O sucesso levou a dois ripoffs com duas sequências cada um, cuja tradução literal significa enganar. Tudo Por Uma Esmeralda de 1984 (Romancing the Stone), disponível no Disney Plus, revelou o espírito aventureiro de Kathleen Turner, interpretando a solitária Joan, uma famosa romancista que viaja até Cartagena na Colômbia, incumbida de salvar a irmã Elaine (Mary Ellen Trainor) dos traficantes de antiguidades, Ira (Zack Norman) e Ralph (Danny DeVito). Entretanto, a escritora é desviada do caminho pelo coronel Zolo (Manuel Ojeda), o responsável pelo assassinato do marido de sua irmã, mas acaba sendo salva pelo aventureiro americano Jack T. Colton (Michael Douglas). O enredo clichê surpreende pelo roteiro orgânico, redondinho e bem trabalhado da garçonete, Diane Thomas, morta em um trágico acidente de carro no mesmo ano da estreia do filme. Joan tenta ser uma donzela indefesa em perigo, mas se sobressai nos momentos chave porque o herói canastrão não consegue ser herói nem canastrão quando ela precisa dele. Robert Zemeckis foi contratado pelo amigo Steven Spielberg para dirigir De Volta Para O Futuro, por essa razão, A Joia do Nilo, disponível no Star Plus, que estreou um ano depois nos cinemas, ficou nas mãos de Lewis Teague. O roteiro fraco, maluco e sem surpresas, compensa pela ação frenética e as cenas absurdas de um caça feito de madeira, isopor e fibra de vidro, pilotado por Jack no meio de transeuntes, na região do rio Nilo. As Minas do Rei Salomão estreou nos cinemas cem anos depois do best-seller original do britânico Henry Rider Haggard, considerado o precursor do gênero literário: mundo perdido. O famoso escritor vitoriano viveu no coração da África colonial aos dezenove anos, durante a guerra Anglo-Zulu e a Primeira Guerra Bôer. Sharon Stone foi confundida por John Lee Thompson com Kathleen Turner em virtude do sobrenome Stone “Esmeralda”, assim foi contratada por engano ao lado de Richard Chamberlain no papel que a revelou para o mundo. Apesar do tom mais leve e divertido, os personagens marcantes da obra-prima de Haggard estão presentes, incluindo o carismático Umbopo e a feiticeira má, Gagula. Nesse sentido, Allan Quatermain tenta enganar os canibais usando uma cota de malha por baixo da camisa, a exemplo do livro. No entanto, a continuação, Allan Quatermain e a Cidade do Ouro Perdido, no Telecine, tem uma história fraca e sem graça que vale pela icônica cena do redemoinho, conectado com as corredeiras dentro da caverna, lembrando uma atração de parque aquático. Vale também pela participação especial do dublador do Darth Vader, James Earl Jones, que completou 90 anos este ano, munido de um machado reluzente de duplo fio, e da participação da icônica, Elvira, a Rainha das Trevas (Cassandra Peterson). Salomão foi rei dos hebreus em sabedoria e riqueza. Sabedoria, na verdade, é conhecer a essência das coisas, “só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos” – Saint-Exupéry. A fortuna em ouro do homem mais rico da Bíblia, foi minimizada no ensinamento de Jesus: Considerai como crescem os lírios do campo; eles não trabalham nem fiam; digo-vos mais, que nem Salomão, em toda a sua glória, se cobriu jamais como um destes. Pois se ao feno do campo, que hoje é e amanhã é lançado no forno. Deus veste assim, quanto mais a vós, homens de pouca fé? (Evangelho Segundo o Espiritismo). Após o escândalo envolvendo Johnny Depp e a sua esposa Amber Heard que sepultou a franquia Piratas do Caribe, a Disney resolveu investir no carismático par romântico, Dwayne The Rock Johnson e Emily Blunt. Jungle Cruise é outra atração para se divertir nos parques da Disney e assistir no Disney Plus. Uma produção impecável de 200 milhões de dólares com um excelente figurino, ambientada entre o fim da era vitoriana e o início da Primeira Guerra Mundial. A trama se desenvolve no interior da misteriosa selva amazônica com 86% de mata virgem, desde o descobrimento do Brasil até hoje, escondendo possíveis civilizações desconhecidas.Toda essa beleza inigualável, misturada às revolucionárias máquinas a vapor em 1916, é ofuscada pelos diálogos toscos e infantilizados, ao nível do programa Zorra Total. Além disso, a lenda do Boto cor-de-rosa e a origem folclórica do Rio Amazonas é deturpada, galhofando a cultura Tupi-Guarani, tão rica. Na verdade, as Lágrimas da Lua que o longa retrata foram derramadas pela filha de Tupã, Jaci, a deusa da lua e guardiã da noite, após sentir uma imensa saudade do amado irmão gêmeo e marido, Guaraci, o deus do Sol, guardião do dia, que auxiliou Tupã a criar todos os seres vivos. Foi a partir daí que nasceu o Rio Amazonas. Jaci é identificada com Diana dos romanos, Xochiquetzal dos aztecas, a chinesa, Chang'e, Ísis dos antigos egípcios, Chandra dos hindus e a Princesa da Lua, Kaguya em O Conto do Cortador de Bambus, considerada a mais antiga narrativa ­japonesa.
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