19/06/2020 às 15h30min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h28min

Dicas de Filmes e Séries - 19/06/2020

Biografia de Mary Shelley, na Netflix, ignora Frankenstein Frankenstein: ou O Moderno Prometeu, a obra-prima que inaugurou tanto o Universo dos Monstros quanto o gênero da ficção científica na literatura clássica foi escrita por Mary Shelley aos 16 anos, iluminada pela tenebrosa lua cheia de 16 de junho de 1816, somado às visões e sonhos da autora, fundamentadas pela sua psicofonia avançada durante um concurso literário de terror, despretensioso, na casa do icônico Lord Byron (Tom Sturridge), amante de sua meia-irmã, Claire Clairmont (Bel Powley), que naquela semana ficou grávida do poeta. O médico responsável, John William Polidori (Ben Hardy), inspirado também, acabou escrevendo, por acaso, o primeiro conto de vampiro da história, intitulado, “O Vampiro”, apesar da autoria da primeira edição em 1819 ter sido creditada a Byron.  Já a obra literária sobre o amado monstro descreve a fria relação entre criador e criatura, um anjo decaído do Paraíso Perdido de John Milton, semelhante à relação entre pai e filha, fruto dos conhecimentos galvânicos de Mary, principalmente, do trauma causado pela morte prematura da filha primogênita, sem nome, e da culpa que a criadora de Frankenstein carregou até o túmulo em virtude da morte da mãe, a precursora do feminismo, Mary Wollstonecraft, horas depois de Mary Shelley nascer. Ao invés de comparações evidentes como essas, a diretora Haifaa Al-Mansour optou por um mero romance de época, envolto numa bela fotografia fria, protagonizado pela grande atriz Elle Fanning, interpretando a futura esposa adolescente do aristocrata Percy Bysshe Shelley (Douglas Booth), que foge da casa do pai desnaturado, o filósofo político, William Godwin (Stephen Dillane), levando consigo a meia-irmã. A escritora também não teve o nome creditado na primeira edição do seu livro pessimista publicado pela editora machista. Mary Shelley. Direção: Haifaa Al-Mansour. Drama histórico. (Mary Shelley, Reino Unido, Irlanda, Luxemburgo - 2017, 120 min). 14 anos. Nota: 2,5   Fantasia ideal mesclada a flashes desconexos de fantasmas do tenebroso passado repulsivo  O ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, Andrew Laeddis (Leonardo DiCaprio), possuído de ira incontrolável, mata a esposa maníaco-depressiva, Dolores Chanal (Michelle Williams), após ela afogar os três filhos no lago. Internado há dois anos em Ashecliffe, prestes a ser lobotomizado devido à sua alta periculosidade, o esquizofrênico participa de um RPG, nem um pouco divertido, idealizado pelos médicos, como última alternativa, a fim de curar seu Transtorno de Estresse Pós-Traumático. O Dr Crawley (Ben Kingsley) ensina que a palavra “trauma” vem do grego “ferida” ou melhor, monstros internos que devemos tratar. Nesse período, o ex-militar desenvolve uma realidade fantasiosa dentro da mente criativa, inversamente proporcional à vida desgraçada que levava. Naquela utopia peculiar, encarna o policial federal, Edward "Teddy" Daniels, anagrama do próprio nome verdadeiro, amparado pelo fiel parceiro, Chuck Aule (Mark Ruffalo), que na verdade é seu psicólogo privado, Lester Sheehan, incumbidos de encontrar a paciente, Rachel Solando (anagrama do nome da esposa), desaparecida da instituição penitenciária-manicomial, lugar sinistro envolto na turva neblina do inconsciente humano, que abriga prisioneiros trazidos de campos de concentração nazistas e dos ignorados ”gulags”, stalinistas. A paciente foi condenada por afogar os três filhos. “Ilha do Medo”, na Netflix, foi baseado no livro Paciente 67, de Dennis Lehane, outro clássico da década passada, dirigido pelo genial Martin Scorsese. Ilha do Medo. Direção: Martin Scorsese. Suspense psicológico. (Shutter Island, EUA - 2010, 138 min). 16 anos. Nota: 4,5   Remissão dos pecados capitais ou morte Há vinte e cinco anos estreava nos cinemas, Se7en - Os Sete Crimes Capitais, disponível na Netflix, época dos saudosos bipes na cintura de elegantes detetives de chapéu, sobretudo, terno e gravata. Na trama, o "invejoso" serial killer John Doe (Kevin Spacey) corrompe o inexperiente investigador “irado”, David Mills, interpretado pelo “troiano” Brad Pitt, atingindo-o no calcanhar de Aquiles, ao invés do equilibrado William Somerset (Morgan Freeman), há sete dias de se aposentar, a fim de postergar, exponencialmente, o vingativo Pecado Original, em oposição à inevitável prevalência do Bem. Afinal, como diz John Milton em Paraíso Perdido, "É longo e difícil o caminho que do Inferno leva à luz". Ao longo daquela fatídica semana, o psicopata dantesco, amparado na religião escapista, testa suas vítimas até a morte, visando a renúncia da maior fraqueza delas. No caso do “guloso” infeliz, escolheu “estourar”, em vez de emagrecer, e o advogado que soltava criminosos “cobiçado" por dinheiro e poder, desfaleceu sobre os livros ao lado de um pedaço da carne cortado do próprio quadril, representando a balança da justiça sobre sua mesa. "Uma libra de carne. Nem mais, nem menos. Sem cartilagem, sem osso, só carne. Cumprida esta tarefa ele estaria livre" (O Mercador de Veneza). Já o “preguiçoso”, preferiu morrer de inanição na cama, alimentado apenas por soro durante um ano, a seguir a lei do mínimo esforço, e a prostituta “luxuriosa” optou pelo prazer mortal por excesso de sexo, em oposição às virtudes capitais da alma, a exemplo da modelo “vaidosa” de rosto desfigurado com a cura na mão e o telefone no ouvido, morta de vergonha em se expor, naquelas condições. Se7en - Os Sete Crimes Capitais. Direção: David Fincher. Suspense Policial. (Se7en, EUA -1995, 126 min) 16 anos. Nota: 4,5   Alienígenas metamorfos entre nós há 100 mil anos A onda alienígena lovecraftiana fomentada pela franquia Alien contagiou o diretor John Carpenter, auxiliado pela inconfundível trilha sonora fantástica e um tanto angustiante de Ennio Morricone, a produzir a terceira e melhor versão cinematográfica, anterior ao “O Monstro do Ártico (1951)” e “Expresso do Horror (1972)”, baseada no conto de ficção científica de 1938 “Who Goes There” (Quem está aí?). Na tenebrosa imensidão branca da desértica Antártida, doze cientistas desafortunados são surpreendidos pela chegada inesperada de um milenar alienígena metamorfo assassino, infiltrado secretamente naquela estação de pesquisas americana, gerando um clima de terror de extrema desconfiança entre eles. Qualquer um pode ser o infectado pela Coisa do outro mundo quando esta for ameaçada, mesmo sem sintomas. “O Enigma do Outro Mundo”, disponível na Netflix, protagonizado por Kurt Russell, não envelheceu nem um til, mas a primeira experiência traumatizante devido aos saudosos efeitos especiais toscos em stop motion foi insuperável na época. O Enigma do Outro Mundo. Direção: John Carpenter. Ficção Científica de Terror. (The Thing. EUA -1982, 108 min) 16 anos. Nota: 4,0
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