23/04/2020 às 18h57min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h33min

Dicas de séries - 23/04/2020

Sérgio Vieira de Melo - O Pelé da diplomacia     Em 1948, mesmo ano da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, nascia “o Pelé da Diplomacia”, sonhado governador do planeta Terra, a fim de reviver a Pax Romana, era do Imperador Otávio Augusto, contemporâneo a Jesus. O brasileiro Sérgio Vieira de Melo era um negociador clássico, de sabedoria prática, que enfrentava o problema desde a raiz, no olho do furacão. Isso até solucioná-lo. Em oposição aos recentes dirigentes da ONU, especialistas apenas em atacar autoridades contrárias à ideologia sectária deles. Isso sem sair do gabinete refrigerado. O carioca amenizou ou solucionou as principais guerras no último quarto do século 20, ao dialogar frente a frente com os maiores genocidas do proletariado. O longa de Greg Barker, “Sérgio”, foi baseado no livro de Samantha Power, "O Homem que Queria Salvar o Mundo". O mesmo diretor do documentário homônimo em 2008, entrevista os verdadeiros heróis da tragédia no Iraque, ocorrida em 19 de agosto de 2003, interpretados por atores no longa de 2020 da Netflix. Cronologicamente falando, a trama romanceada sobre a ótica da viúva formada em economia em Harvard, Carolina Larriera (Ana de Armas), inicia-se em 1992 quando o recém nomeado Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos (Wagner Moura) foi enviado ao Camboja para repatriar refugiados. Lá, o diplomata, já teria sido morto por um miliciano do Khmer Vermelho, seguidor do Partido Comunista da Kampuchea, caso não avisasse que foi ativista na universidade francesa Sorbonne, durante das manifestações em maio de 1968. Prelúdio para o maior genocídio da história da humanidade pelo ditador daquele país, Pol Pot, a partir de 1976. Tema amplamente explorado no longa “Primeiro, Mataram o Meu Pai”, dirigido por Angelina Jolie e produzido por seu filho adotivo, o cambojano Maddox Jolie-Pitt, nossa análise da próxima semana, também da Netflix. Entre 1999 e 2002, o emissário contribuiria essencialmente para a independência do Timor Leste, o que acabou enfraquecendo as milícias terroristas islâmicas, principalmente, a Al-Qaïda, comandada por Bin Laden. O erro fatal do nosso querido diplomata, durante as dez semanas em que esteve no Hotel Canal, sede da ONU em Bagdá, foi ter afastado as forças militares de coalizão, visando a independência da Organização das Nações Unidas, que de fato nunca tinha sido alvo de qualquer atentado terrorista. Ocorre que seu requintado idealismo maquiavélico contra o imperialismo americano ficou acima de sua segurança particular, principalmente, a dos colegas de trabalho. Esses militares ignorados, na pele do sargento Bill von Zehle (Garret Dillahunt) e do bombeiro e paramédico, Andre Valentine (Will Dalto), valentes profissionais que arriscaram suas vidas para retirar o brasileiro ainda com vida dos escombros, ao lado do colega Gil Loescher (Brían F. O'Byrne).   Sérgio. Direção: Greg Barker. Biografia. (EUA - 2020, 118 min). 16 anos.   Nota: 3.0       Akira previu em 1988 o adiamento das Olimpíadas de Tóquio de 2020   Em julho de 1988 uma entidade messiânica com poderes telecinéticos provoca a terceira guerra mundial. Após 31 anos, as despreparadas autoridades da nova capital do Japão ainda tentam reorganizar aquela sociedade distópica, assustada. Em oposição, surgem os típicos anarquistas fanáticos, cuja maioria ainda espera a volta do Messias, chamando a atenção em atos de puro terrorismo. Com destaque à juventude transviada de péssima educação ensinada nos colégios ocidentalizados à moda dos anos 80. O saudoso look dos filmes hollywoodianos daquela época inesquecível, de cabelo curto, cheio, espetado, e faixa na cabeça; shorts e meia até o joelho. Esses delinquentes ociosos acabam formando diversas gangues de motociclistas travestidos de palhaço ou jaqueta laranja, ao estilo do clipe “Thriller” de Michael Jackson. Ocorre que justo o caçula do grupo do adolescente, Shotaro Kaneda, o vitimista oprimido, Kira Tetsuo, aflora poderes telecinéticos grandiosos, obrigando aquele governo truculento contra-atacar com mais violência, a fim de conter toda essa energia divina, temendo outra guerra global de proporções ainda maiores. Entretanto, anões sensitivos, outrora capturados para testes, se unem aos cientistas e militares para uma batalha épica contra o garoto zombeteiro, Tetsuo, que acaba destruindo por completo o estádio olímpico da Nova Tóquio, cujas olimpíadas estariam programadas para 2020. Coincidência ou não? Um dos melhores desenhos já feitos até hoje (com 327 cores diferentes), influenciado por Blade Runner, mas que influenciou muitos outros, como o clássico cyberpunk, Matrix, Poder sem Limites, Looper, Batman Animated e atualmente, a sensacional série também exibida na Netflix, Stranger Things.   Akira. Direção: Katsuhiro Ôtomo. Animação de Ficção Científica. (Japão - 1988, 124 min). 14 anos.   Nota: 5,0   Os fantasmas do passado do “Homem de Preto” vestido de branco   A primeira metade da terceira temporada de Westworld mostrou a origem dos personagem principais, separadamente. Nesta segunda fase decisiva, o episódio “Decoherence” reúne Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood), Charlotte Hale (Tessa Thompson) e a antagonista, Maeve Millay, (Thandie Newton), acomodada nas sombras na “Matrix” ilusória do inimigo, Serac (Vincent Cassel), ao invés da realidade inconveniente fora da "caverna", na São Francisco de 2058, cuja arquitetura futurista fantástica lembra “Krypton” com “Nosso Lar”. As três “rivais”, juntas na mesma cena, realizam uma conversa franca e honesta, lembrando Robert De Niro e Al Pacino em Fogo Contra Fogo, cada uma tentando fazer o que acha certo a fim de proteger a família stricto sensu, sem o maniqueísmo habitual das séries comuns. No caso específico da pontífice entre as espécies dos dois mundos, Dolores, o objetivo é apenas proteger a raça cibernética, sua única família lato sensu. Já Will (Ed Harris) continua em terapia intensiva límbica, ao estilo “Laranja Mecânica”. O paciente "Homem de Branco" confronta fantasmas do passado, buscando acerto de contas, igualmente. Isso até recobrar a consciência e despertar para a realidade, com a ajuda de Bernard Lowe (Jeffrey Wright) e Teddy Flood (James Marsden), juntos na mesma cena, também.   Westworld – 3X06: Decoherence. Direção: Jennifer Getzinger. (EUA - 2020, 62 min).   Nota: 4,5   Fique nesta vida, suicídio não é resposta O cientista Thomas Harbor, interpretado por Robert Redford, comprova que existe vida após a morte provocando uma onda de suicídios em massa dos entediados com o mundo cruel, aparente. Mal sabem os desaventurados que tal sofrimento, ao invés de ser sanado instantaneamente, se propagará ainda por décadas e décadas, agravado com dores físicas ilusórias e angústias inimagináveis, nas trevas exteriores. Ali, no Vale dos Suicidas, haverá pranto e ranger de dentes, de fato. Desde o Livro dos Mortos que o povo reencarnacionista egípcio fomenta a vida após a morte, influenciando muitos outros ao longo do tempo. Na trama do longa original da Netflix, os afortunados que sobreviveram, se recuperam em um remoto refúgio, criado pelo próprio cientista. É lá que seu filho cético e teimoso, Will (Jason Segel), acompanhado da solitária pretendente Isla (Rooney Mara), ao estilo de "Linha Mortal," tentam ressuscitar indigentes a fim de ratificar ou não a tese do pai de uma vez por todas. No fundo, o que Will deseja, na verdade, é encontrar uma maneira conclusiva de massagear o próprio ego. “The Discovery” trás uma ótima premissa, extremamente filosófica, mas que é pouco desenvolvida na prática, tornando-se arrastada. Isso até o ótimo desfecho.   The Discovery. Direção: Charlie McDowell. Drama romântico. (EUA/Reino Unido - 2017, 102 min). 16 anos.   Nota: 3,0  
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