17/04/2020 às 17h48min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h33min

Dicas de séries - 17/04/2020

Conhecereis a verdade e a verdade vos libertarás   Na origem remota de Serac (Vincent Cassel) e o irmão “Sui generis”, Jean, com a ajuda de um milionário, constroem a gigantesca inteligência artificial “Rehoboam”, nome inspirado nos reis bíblicos Davi e Salomão. Ocorre que atualmente o complexo sistema para manter a igualdade perestroikiana, além de prever todas as ações dos cidadãos lúdicos, passa a separar “outliers” (fora de série) dos comuns, transformando-os em páreas, exilados. Em marcha imponente valkiriana, Dolores (Evan Rachel Wood) tenta libertá-los em uma tacada só ("Não vim trazer paz, mas espada") gerando caos inicial na população, representado pela música “Space Oddity”, de David Bowie. Como diria Santos Dumont na minissérie homônima da HBO: A novidade é sempre assim, primeiro traz ameaça, depois curiosidade e por fim, encantamento. A exemplo de como funciona o autêntico mundo espiritual imponderável, onde nossos pensamentos são materializados por todos formando um construto, sobretudo os erros do passado longínquo a fim de planejarmos detalhadamente em conjunto nossa próxima reencarnação na Terra. O nome do quinto episódio “Genre”, o melhor até agora, referência a droga psicotrópica ingerida por Caleb (Aaron Paul), cuja trilha sonora icônica homenageia clássicos do cinema, como Apocalypse Now, Love Story, Trainspotting e O Iluminado, inicialmente em um cenário noir, sensacional.   Westworld – 3X05: Genre. Direção: Anna Foerster. Ficção Científica. (EUA - 2020, 62 min).   Nota: 4,5   Um grande amor sorteado no papelzinho   Em “Plan de Table”, de 2013, convidados de um casamento se envolvem intensamente em quatro situações diferentes e antagônicas, em razão da mudança de nomes nos assentos das mesas. Personagens bem desenvolvidos refletem as consequências imutáveis do fatídico dia seguinte, relacionado à pessoa com quem beijou e passou a noite. Ao contrário de “Um Amor, Mil Casamentos”, da Netflix, focado no par romântico Jack (Sam Claflin) e Dina (Olivia Munn), que se reencontram após três anos, em Roma a céu aberto, no tumultuado casamento da irmã, Hayley (Eleanor Tomlinson), em pânico. Ambiente que dificulta muito o envolvimento do casal apaixonado em função da vigília constante ao ex-namorado drogado da noiva, Marc (Jack Farthing) que aparece lá de supetão. O remake do longa francês é uma mistura de “Missão Madrinha de Casamento” com “Questão de Tempo”, retratando apenas a situação que deu certo e a que deu errado, dependendo de quem tomou o sonífero, destinado na verdade a Marc, e quem é o azarado que ficará próximo ao “escocês” chato, Sidney (Tim Key). Estereótipos interessantes rendem boas atuações corriqueiras, como a da ácida Amanda (Freida Pinto), acompanhada do complexado Chaz (Allan Mustafa), e a do inusitado casal imperfeito, Rebecca (Aisling Bea) e Bryan (Joel Fry). Um divertido programa para domingo à tarde de quarentena.   Nota: 3,0   Um Amor, Mil Casamentos. Direção: Dean Craig. Comédia. (Love, Wedding, Repeat, Reino Unido , EUA - 2020, 100 min).     O perigo da tecnologia em mãos erradas   Na inauguração do Studio Ghibli, o fã de Júlio Verne, Hayao Miyazaki, homenageia o pai, Katsuji, que fabricava os lemes dos caças de combate japoneses na Segunda Guerra Mundial. Por isso, O Castelo no Céu, é ambientado após a Segunda Revolução Industrial, especificamente no Vale de Rhondda, em País de Gales, da era vitoriana, onde complexas e apaixonantes máquinas a vapor brotavam, desde os primeiros carros fabricados acompanhados da charmosa “Maria Fumaça” ao gigantesco dirigível, inventado por Santos Dumont, cortando os céus de brigadeiro. É nele que o agente especial do governo Muska sequestra a órfã Sheeta, descendente de bruxos bem intencionados, a única que sabe a localização da mítica civilização de Laputa - a mesma de As Viagens de Gulliver (1726). O objetivo do traiçoeiro vilão é utilizar essa tecnologia avançada como arma de destruição em massa para dominar o mundo. O único vilão de fato em toda a filmografia do singular desenhista, contará com a oposição do pequeno aprendiz de engenheiro, Pazu, que perdeu o pai aviador, um dos únicos que avistou a arquitetônica “Torre de Babel Flutuante”. Inspirado em Rama, do clássico hindu Ramayana, nosso herói tentará salvar Sheeta, a encantadora princesa que caiu do céu de repente em seus braços como uma pluma, mas foi raptada novamente. Para essa difícil missão o garotinho contará com a ajuda de simpáticos piratas, liderados pela imponente "Mama" Dola, mesmo nome e personalidade forte da mãe de Miyazaki. Dola deixou a cobiça de lado para auxiliá-lo. Um dos melhores e mais bem feitos desenhos da década de 80 comparado à Akira, nosso próximo clássico japonês a ser analisado também na Netflix.   O Castelo no Céu. Direção: Hayao Miyazak. Anime. (Tenkû no shiro Rapyuta, Japão - 1986. 125 min).   Nota: 4,5     Uma pintura em movimento moldada pelo público   Em 1770 a renomada pintora Marianne (Noémie Merlant) é convidada por uma Condessa (Valeria Golino) a ir até uma ilha no litoral norte da França, disfarçada de dama de companhia, para fazer um retrato da filha dela, Héloïse (Adèle Haenel), destinado ao futuro marido arranjando, desconhecido. A jovem recém chegada do convento, após o suicídio da irmã, se recusou diversas vezes a posar, a fim de continuar livre. Nessa difícil tarefa, Marianne precisa memorizar, em poucos dias, os gestos, olhares, traços e trejeitos da enigmática modelo sem que Héloïse perceba. O que a artista desconhece, é que está sendo observada da mesma forma e com a mesma intensidade pela pretendente. Paixão mútua e retraída, expressada por olhares discretos, gestos sutis e respirações contidas que se fundem numa “Persona” à lá Ingmar Bergman, guardado a sete chaves pela diretora Céline Sciamma. A partir daí as amantes desfrutam de poucas horas juntas, prevendo nunca mais se ver, nem por um breve instante. Angústia semelhante à tragédia grega infernal entre Orfeu e Eurídice. "Retrato de uma jovem em chamas”, indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, é pura arte contemplativa, elaborada com esmero para o público moldar a todo momento. Uma pintura suave que se move ao ar livre, misturada à terra, céu e mar, ofuscada pelo brilho do fogo sagrado à noite e o figurino em cores vivas e contrastantes das personagens. Disponível nas plataformas digitais NOW, Sky Play, Oi, Looke, Vivo Play, iTunes e no Google Play.   Retrato de uma Jovem em Chamas. Direção: Céline Sciamma. Romance. (Portrait de la jeune fille en feu, França - 2019. 121 min). 16 anos.   Nota: 4,0.   Policiais e bandidos em lados opostos   Os trombadinhas Michael (Stephan James) e Ray (Taylor Kitsch) em uma criminosa ronda noturna encontram por acaso de 300 kg de cocaína, e na fuga matam alguns policiais. Um vespeiro aberto entre narcotraficantes e policiais corruptos. Enquanto Michael sofre um incrível peso na consciência, o maldoso Ray fica indiferente à situação. Já a corporação policial nova-iorquina do "diligente" chefe vivido por J. K. Simmons está enfurecida com a tragédia e tenta cercá-los entre 21 pontes visando matar a sangue frio. A exceção do “Pantera Negra” André (Chadwick Boseman) ao lado da súbita parceira Frankie (Sienna Miller), preocupado apenas em fazer justiça ao invés de vingança. Perseguição implacável produzida pelos famosos Irmãos Russo, de Vingadores Ultimato. Crime Sem Saída (disponível nas plataformas digitais, e sem custo adicional na Amazon Prime Vídeo), revela muitas surpresas e reviravoltas no final. Ao contrário da série nacional “Irmandade”, o mesmo nome da gangue de mutantes de Magneto, graças ao roteiro esquerdista que induz o espectador a ter pena dos criminosos ao minimizar suas ações hediondas, focando todo seu sensacionalismo nas cenas fortes de causar ojeriza, provocadas pelo típico policial maniqueísta e torturador, independente de acerto ou erro, boa ou má intenção.   Crime Sem Saída. Direção: Brian Kirk. Suspense Policial. (21 Bridges, EUA, 2019 - 101 min). 14 anos.   Nota: 3,0
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.