04/04/2024 às 22h38min - Atualizada em 04/04/2024 às 22h38min

Godzilla e King Kong se enfrentam novamente

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

O pai de Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle, após concluir a jornada do melhor detetive do mundo escreveu dezenas de livros espíritas e uma saga ambientada no interior da selva amazônica, liderada pelo Professor Challenger, a qual incentivou a criação tanto de King Kong como a da Ilha da Caveira. O best-seller O Mundo Perdido (1912) foi adaptado para o cinema já em 1925; além do clássico gorilão em stop motion durante a Grande Depressão Americana: formada de “gente fina, elegante e sincera”; mesmo passando fome. 
King Kong (1933), disponível no Max, perdeu cerca de cinco minutos de duração em razão da censura da época por pisar e mastigar em nativos e marinheiros com mais voracidade; a exemplo das cenas de Ann Darrow (Fay Wray) só de lingerie. Algumas dessas raridades foram encontradas apenas na década de 1970; outras continuam perdidas até hoje; como a infame sequência da aranha no poço, recriada por Peter Jackson na refilmagem do seu filme favorito. 
King Kong (2005), no Prime Vídeo e na Netflix, é totalmente fiel ao original e àquela época refinada; mais longo e mais desenvolvido — fora a versão estendida de quase três horas e meia de duração. Jack Black e o astro de O Pianista (Adrien Brody) aceitaram na hora o papel; já Naomi Watts só quando ouviu este conselho de David Lynch: “Qualquer um que se sentar nas mãos de King Kong será uma estrela de cinema para o resto da vida!”.
Por isso, o remake de 1976 foi o primeiro e o mais popular de Jessica Lange após tomar o lugar de ninguém mais do que Meryl Streep em função da sua beleza fora do comum. Na trama, King Kong (1976) se refugia nas Torres Gêmeas pensando ser uma montanha da Ilha da Caveira, cujo paraíso tropical é repleto de cachoeiras belíssimas e poucos animais pré-históricos. A equipe de filmagem do original foi substituída por gananciosos exploradores de petróleo, liderados pelo paleontólogo Jack Prescott (Jeff Bridges), responsável por encontrar lá a Oitava Maravilha do Mundo, em vez de petróleo.
Em King Kong 2 (1986), no Prime Video, Linda Hamilton o ressuscita com um coração novo em folha e ainda banca o cupido, antes de “O Julgamento Final” e da série: A Bela e a Fera.
Em 1954, com o Japão ainda abalado pelos ataques a Hiroshima e Nagasaki, o navio pesqueiro japonês Lucky Dragon 5 naufragou logo após ser atingido por testes nucleares norte-americanos. Essa foi a inspiração do produtor Tomoyuki Tanaka e do diretor Ishirō Honda, assim como a do mago dos efeitos Eiji Tsuburaya — que mais tarde viria a ser o pai de Ultraman e Ultraseven. Gojira, em japonês, é a junção das palavras gorira (gorila) e kujira (baleia), a personificação do medo gerado no país pelo início da Era Atômica.
Godzilla (2014) inicia a primeira franquía MonsterVerse de Hollywood exibindo o monólogo de Robert Oppenheimer, cuja trama envolve uma atmosfera de suspense realista ao estilo de Cloverfield — Monstro, antes daquele kaiju coberto de cicatrizes quelóides enfrentar os MUTOS; observados sempre de baixo para cima pelos humanos; principalmente pelo casal “Pietro” (Aaron Taylor-Johnson) e “Wanda” (Elizabeth Olsen), e o famoso “Walter White”, interpretado por Bryan Cranston.
Kong: A Ilha da Caveira (2017) é uma espécie de Apocalypse Now com monstros pré-históricos embora o personagem de Samuel Jackson seja muito mais psicótico que o de Robert Duvall, apesar de também adorar o cheiro do napalm pela manhã. “Loki” (Tom Hiddleston) e a “bela Capitã Marvel” (Brie Larson) defendem o macaco bipedal endeusado desse batalhão de alienados.
Godzilla II: Rei dos Monstros (2019) conta com a ajuda da mariposa divina Mothra — a guardiã da civilização antiga — para derrotar os dois Titãs preferidos dos fãs. Rodan é o Ladon da mitologia grega, de quem Hércules roubou as maçãs douradas no Jardim das Hespérides. Se Godzilla foi concebido como um símbolo da ameaça nuclear americana, Rodan é a personificação desse mesmo perigo originário da União Soviética. Porém, o maior rival alfa do lagartão atômico raiz é o alienígena do planeta Vênus, Ghidorah, inspirado em Yamata no Oroch da mitologia japonesa.
Já, Godzilla vs Kong (2021) e Godzilla e Kong: O Novo Império (2024), somente nos cinemas, apesar de ser bem divertido, é apropriado para crianças pequenas: sem ameaça alguma ou complexidade no roteiro — para desligar o cérebro e curtir. A aventura na misteriosa Terra Oca onde os pais de Kong morreram era para ser mais intrigante do que na tenebrosa Ilha da Caveira, mas o diretor Adam Wingard a transformou num singelo Parque do Ibirapuera.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.