12/09/2024 às 23h00min - Atualizada em 12/09/2024 às 23h00min

​Megaprojetos habitacionais representam anacronismo e trazem problemas para a cidade

São Paulo enfrenta uma crescente verticalização, impulsionada por megaprojetos habitacionais que, embora prometam soluções para a crise de moradia, acabam exacerbando problemas urbanísticos. Esses empreendimentos, muitas vezes localizados em áreas remotas e sem infraestrutura adequada, apresentam sérios desafios de mobilidade, serviços básicos e integração urbana. Dois exemplos emblemáticos dessa tendência são o ‘Grand Reserva Paulista’, lançamentos imobiliários em regiões densamente povoadas e o ‘Cidade Sete Sóis’, ambos em Pirituba, entre os bairros da Lapa e Freguesia do Ó, próximos à Rodovia dos Bandeirantes e Marginal Tietê, ambos da empresa mineira MRV Engenharia. Juntos somam quase 19 mil apartamentos na média de 40 m2, que abrigarão quase 100 mil habitantes.

Mobilidade e localizações remotas
Os megaprojetos habitacionais, como o ‘Grand Reserva’ (7.300 apartamentos) e o ‘Sete Sóis’(11 mil apartamentos), são frequentemente construídos em áreas afastadas do centro. A localização desses empreendimentos agrava os problemas de mobilidade, já que os moradores dependem de longos deslocamentos diários para acessar trabalho, educação e serviços de saúde. Estudos acadêmicos, como os realizados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, destacam que a falta de planejamento integrado com o sistema de transporte público resulta em um aumento significativo do tempo de deslocamento e da dependência do transporte individual, contribuindo para o congestionamento urbano e a poluição. Especialistas e jornalistas apontam que esses empreendimentos lembram os mega conjuntos habitacionais da década de 1970, construídos durante a ditadura militar, que enfrentavam os mesmos desafios de isolamento e falta de serviços, ou seja, repetindo erros que já deviam ter sido aprendidos.

Projeto urbanístico ultrapassado
Os megaprojetos habitacionais de São Paulo também refletem um modelo urbanístico ultrapassado. Eles não seguem princípios de usos mistos, que combinam habitação, comércio e serviços em um mesmo espaço, promovendo maior integração e dinamismo urbano. A urbanista Raquel Rolnik, em suas análises, critica a falta de visão dos projetos que ignoram as necessidades contemporâneas de cidades mais sustentáveis e inclusivas. A concentração de milhares de apartamentos em áreas sem infraestrutura cria bairros isolados e vulneráveis, que carecem de vitalidade urbana e oportunidades de desenvolvimento econômico.

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