12/04/2024 às 00h40min - Atualizada em 12/04/2024 às 00h40min

Verticalização continua ameaçando região

Pinheiros, Butantã e toda a região sudoeste já foram bairros horizontais, com sobrados e casas. Assim, a iluminação era bem distribuída, com uma boa vegetação, ventilação e estrutura que favorecia a quantidade de famílias que viviam ou trabalhavam na região. Porém, nos últimos anos, a intensa verticalização tem adensado e a quantidade de prédios prejudicado a qualidade de vida.
Vilas, predinhos e construções tradicionais, testemunhos de diversos períodos da urbanização do bairro e da cidade, estão sendo sistematicamente demolidas. Em seu lugar, surgem torres, geralmente de altíssimo padrão, que impactam no meio local e nas redes de infraestrutura, sem que haja qualquer diagnóstico de sua capacidade instalada ou planejamento do cenário futuro. Vale lembrar que essa mudança radical se repete em outros bairros consolidados, sem que a população tenha clareza do resultado dessas transformações - e sem possibilidades de ser efetivamente ouvida nesse processo. Moradores e observadores urbanos veem a destruição de referências e paisagens urbanas com a sua substituição por edificações novas que refletem uma cultura urbana e arquitetônica que não reconhecem e indagam - sem resposta - sobre que São Paulo está sendo construída e a quem ela serve.

Verticalização atinge tradição local
O comércio local também é atingido pelo processo de verticalização que tem acometido a região. Preocupados com a verticalização, moradores de Pinheiros e Vila Madalena buscam diminuir os índices permitidos de construção no bairro. Pela proximidade do centro e fácil acesso, além de amplo comércio, a zona oeste é muito procurada, o que gera especulação imobiliária e a substituição de casas por edifícios. Moradores tentam defender história do bairro. A Gazeta de Pinheiros relembra um histórico de demolições de espaços conhecidos pela população local. 

“Lembra da charmosa padaria  #santaetienne, à rua Harmonia? O edifício que a substituiu está quase habitável… mas os futuros moradores não terão a experiência gastronômica dos antigos… assim, assado!." a.\M.

"Na rua Iperó, perto da #merceariasaopedro (vendida para um grande empreendimento imobiliário), o prédio Onze 22 (Idea Zarvos) sobe entre a nuance do verde e o sopro de arte que resiste nas imediações." L.M.

"O visual, na esquina das ruas João Moura e Luminárias, está irreconhecível. Uma das casas mais lindas e históricas foi ao chão. Ambas as esquinas transformaram-se em canteiro de obras insólito e sem referência." K.R.

"Já o edifício que compõe o paredão de concreto na Rua Simpatia está na reta final – começo da antipatia na estreita rua consagrada pelas árvores e beleza das flores." A.I.

"O grafite nos tapumes do arranha-céu à av. Pedroso de Morais (esq. com a Cardeal Arcoverde), Pinheiros, limítrofe com a Vila, traduz bem o futuro dos bairros: prédios, pedras, prédios e um sufoco no coração.” (Pinheiros Vila e Blog da Vila)

“Mais uma demolição! Sinagoga de Pinheiros, antiga e cheia de Histórias vindo abaixo para dar lugar ao novo. E viva o Progresso!” N.G.

“Ninguém se preocupa com a história. Fundada em 1937, deveria ter sido tombada,uma pena.” N.C.

“Descobri que prédio da ACM perto da ex FBAC também vai cair e tudo por ali.” F.N.

“O que será deste bairro? Me assusta as notícias sobre demolições da característica do bairro e espigões que virão.” S.G.

“Fico pensando na sobrecarga de trânsito na rua Artur de Azevedo, com tanto carro saindo destes empreendimentos. Sem contar que esta movimentação de caminhões de terra, que saem da rua Francisco Leitão que, vão abalar muitas árvores que já estão condenadas.”V.D.

“A Lanchonete Oregon foi um local de tamanha importância em Pinheiros que é de fato muito importante nos preocuparmos com o correr da história do imóvel onde era localizado. Foi nesse ano que a Yuca —empresa conhecida por adquirir edifícios, reformá-los e criar colivings e outros formatos de moradia— comprou o prédio que tem a Oregon em seu térreo.” Pró Pinheiros

“Então vem o outro lado da moeda. Rua Paulistania depenada. Sem qualquer preocupação ou conversa com as casas que ali permanecem. A rua suportará o fluxo de carros aumentado? O esgoto suportará? A água, a luz? Como saber se não nos são apresentados nunca um estudo de impacto? Uma rua diminuta e pacata de repente assume esse compromisso sem que tenha sido consultada.“ Pró Pinheiros

“A verticalização e a especulação imobiliária em Pinheiros faz mais uma vítima. O tradicional 'Bar Mercearia São Pedro' perdeu o local em que funcionava desde 1968. Deixou de funcionar definitivamente para dar lugar a mais um mega espigão na Vila Madalena.” (Voz da Vila)

Fachadas ativas
Especialistas no setor divergem do futuro do comércio. Alguns apontam para um aumento no custo de vida local, pois as fachadas ativas não se estruturam mais como antes, como lojas térreas de comerciantes locais. Estariam sendo substituídas por grandes redes. Outros apontam que mudanças são cíclicas e que há ferramentas para a manutenção de um comércio de bairro.

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