12/04/2024 às 00h33min - Atualizada em 12/04/2024 às 00h33min

Clube Banespa, o “Banespinha” sofre com avanço do Santander em sua área

As mudanças propostas para o Plano Diretor de São Paulo, perigosamente mais leniente em favor de construtoras e incorporadoras, seguem fazendo vítimas. Sob os holofotes agora está o avanço voraz do Banco Santander sobre o terreno do Clube Banespa, o “Banespinha”, um marco histórico e cultural da cidade que está sob risco de desaparecer, devido à especulação imobiliária que assola a cidade.

Entenda o caso
O clube possuía um empréstimo gratuito do terreno com a condição de devolvê-lo nas mesmas condições no fim do prazo, em 2025. Na ocasião da compra do Banespa pelo Banco Santander, o acordo foi mantido e posteriormente estendido para 2030. Porém, em 2023 o banco alegou descumprimento de obrigações contratuais pelo clube, e, segundo eles, “sem sucesso nas negociações”, exigiu a restituição do imóvel. O clube resistiu e o banco foi à Justiça pedir a reintegração.
Uma vistoria oficial foi realizada e, segundo o banco e a juíza Marina Godoy, que autorizou a reintegração em fevereiro deste ano, evidências deste descumprimento teriam sido encontradas, justificando a ação. No entanto, chama a atenção o elemento financeiro envolvido: a diferença entre o valor do imóvel (quase R$250 milhões) e o valor da apólice de seguro contratada pelo clube (R$1,2 milhão). Naturalmente, infere-se o interesse do banco em um terreno tão valioso.

Parte da história
O Clube Banespa está diretamente ligado à história do esporte da cidade. O Banespinha tem enorme tradição no futsal, duas vezes campeão da Taça Brasil, e no vôlei, cinco vezes campeão brasileiro. Além disso, de lá saíram nomes importantes do futebol como Roberto Rivellino, ídolo do Corinthians que possui escola de formação no clube, assim como o ex-goleiro Zetti, bi-campeão mundial pelo São Paulo.

Avanço voraz da especulação imobiliária
Nabil Bonduki, em seu perfil do Instagram, aponta para a conveniência suspeita na revisão da lei de zoneamento da cidade: “A legislação anterior determinava que, mesmo se os clubes fossem extintos, os índices restritivos permaneceriam. O artigo 22o da revisão, aprovada pela Câmara em 2023 e por nós contestada, estabelece que, caso o clube for extinto, seu zoneamento passa a ser o da zona do entorno. Por isso, a proteção ambiental das áreas dos clubes está ameaçada, como é o caso do Clube do Banespa.”
O caso do interesse do Santander é apontado como simbólico nesse processo de tomada realizado pelo interesse imobiliário: O Santander quer extinguir o clube para a área virar Zeu (sem limite de altura e com alto adensamento) para fazer um empreendimento bilionário no local. (...) Manter áreas verdes e livres junto a regiões adensadas gera um equilíbrio ambiental necessário. Com áreas verdes, espaços de esportes e lazer e edifícios com uma arquitetura representativa da escola paulista (projeto do arq. Eduardo Carona), o clube está bem conservado e pode desempenhar um papel importante não só para seus atuais 10 mil sócios, como para milhares de outros moradores do entorno (...)”, afirma

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.