14/03/2024 às 23h13min - Atualizada em 14/03/2024 às 23h13min

Pessoas com síndrome de down não são mais amorosas!

por Gisele Ribeiro

Neste mês de março, no dia 21, comemora-se o Dia Internacional da Síndrome de Down. E você sabe o que isso significa?
Sou Gisele Ribeiro, mãe do Rafael de 12, e da Sara de 9 anos. A Sara nasceu cardiopata e com uma alteração genética, onde suas células possuem três cromossomos 21 ao invés de dois. Essa alteração é mais conhecida como Síndrome de Down. Mas eu não vim aqui falar sobre questões médicas e sim aproveitar esta data para deixar algumas reflexões. 
Existe muito achismo sobre as pessoas com Síndrome de Down, que acabam se tornando estereótipos, por pura falta de conhecimento das pessoas. Então vamos falar de alguns deles?
Não, “eles” não são mais amorosos. Toda criança que tem muito amor em casa é amorosa, ela não precisa ter mais um cromossomo para ser carinhosa.  Se recebe amor, oferece amor; é simples. A Sara é um amor com a maioria das pessoas sim, mas o Rafael também é, independentemente da quantidade de cromossomos. Aliás o amor que existe entre os dois é lindo de ver, é recíproco, é tudo que uma mãe quer para os filhos.
A sexualidade deles não é mais aflorada. O que acontece é que muitas famílias não ensinam seus filhos com Síndrome de Down a lidar com a sua sexualidade, principalmente na fase da adolescência que é quando os hormônios estão aflorados. Isso porque acham que eles não vão entender ou outras questões familiares, não importa; o que quero deixar claro aqui é que tudo que se ensina para uma criança ou jovem com Síndrome de Down eles podem aprender sim! Só é preciso ter paciência e dedicação para explicar até entenderem.
A infantilização é algo que também precisa ser resinificado. Jovens e adultos com Síndrome de Down precisam ser tratados como tal, de acordo com a sua idade. Não são eternas crianças, não devem ser vistos como um ser frágil e infantil por toda a vida; o que precisam é de espaço para mostrarem do que são capazes, como muitos têm mostrado nas redes sociais e nos meios de comunicação hoje em dia: jovens palestrantes, jornalistas, que tem habilitação para dirigir, até ­vereadores e muito mais.
A questão é que cada um tem seu tempo na hora de aprender e de se desenvolver, as pessoas com Síndrome de Down podem demorar um pouco mais, porém são capazes de chegar muito longe com determinação e resiliência. Com apoio da família e da sociedade.
Por fim, quero desmistificar um estereótipo que sempre me incomodou, mesmo antes de eu me tornar mãe da Sara.
Eles não são “especiais” e nós, mães de pessoas com deficiência, também não somos “mães especiais”. Especiais são aqueles que amamos, que queremos o bem. Me diz se o seu filho ou filha não é especial para você, independentemente de ter ou não uma deficiência? Ou seus netos, sobrinhos, afilhados... Ser especial é ter um lugar diferenciado na vida de alguém.
Eu falo mais sobre isso no livro que lanço este mês: “Diário de uma mãe nada Especial – Desmistificando a mãe idealizada”. Onde conto como tem sido minha vida desde que me tornei mãe do Rafael; os desafios de ser mãe solo; com é ter uma criança com necessidades específicas e como conciliar a maternidade com a vida pessoal e profissional. Te convido a ler e entender um pouco mais deste universo da maternidade atípica.
É importante termos em mente que todos somos diferentes, não importa o número de cromossomos, o diagnóstico ou o “título” que a sociedade nos dá. Precisamos nos enxergar como seres únicos, cada um com suas necessidades, com suas qualidades e seus desafios. No seu tempo.
Que este seja um mês de conscientização sobre as pessoas com Síndrome de Down, para que a inclusão seja uma realidade além das leis, que seja parte comum da vida de todos; pois todos somos diferentes!

Gisele Ribeiro
@giseleribeiro.oficial

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