23/02/2024 às 00h25min - Atualizada em 23/02/2024 às 00h25min

Especial — Marilyn Monroe não se suicidou

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

A carente Marilyn Monroe teve uma infância difícil: sem o amparo de uma família tornou-se extremamente insegura e volátil (com dificuldade em decorar falas) tumultuando os sets de filmagem por onde passava. No entanto, apesar dos críticos vorazes desvalorizarem-na a todo momento, transmitiu em tela apenas a bondade universal, sem distinção; para o descontentamento daquela imprensa tendenciosa e sensacionalista, sedenta por intrigas, traições e muita violência gratuita. Ocorre que na impossibilidade de ser cuidada pela mãe insana, a pequena andarilha vagou erraticamente por diversos lares e orfanatos; até aos 8 anos de idade ser abusada sexualmente. Por isso, aos 16, fugiu daquela vida nômade se casando três vezes, sem sucesso; até finalmente se eternizar no cinema como uma grande atriz. Dessa forma, a musa da cultura pop aparece em todos os rankings: tanto como um símbolo sexual quanto como uma das maiores atrizes da Era de Ouro de Hollywood; quiçá de todos os tempos. Em 1950, Marilyn já se destacava no rápido diálogo com “A Malvada” Bette Davis; porém, em Torrentes de Paixão, “sucumbe” vestida com a capa amarela do desenho do Pica-Pau na belíssima paisagem das cataratas do Niágara ao interpretar a única personagem mal-intencionada em sua curta e intensa carreira. Posteriormente, o fraco e superficial: Como Agarrar um Milionário foi indicado ao Oscar de Melhor Figurino — sucesso de público e crítica —, embora o trio de interesseiras formado por Marilyn Monroe, Betty Grable e Lauren Bacall não convencesse. A fama de sex appeal só se consolidou no clássico: Os Homens Preferem as Loiras devido aos seus trejeitos inconfundíveis; homenageados mais tarde por Madonna no clipe Material Girl e por Nicole Kidman no frenético musical cinematográfico Moulin Rouge cantando a mesma canção Diamonds Are A Girl’s Best Friend. Apesar dos diálogos a rebaixarem a todo momento, a Showgirl desse famoso musical, adaptado da Broadway, teve sacadas sutis e inteligentíssimas com um incrível timing de comédia, como na cena politicamente incorreta quando contracena com um garotinho superdotado, ao estilo de Charlie Chaplin.
A eterna dançarina de sorriso contagiante, viajava no tempo de vez em quando por épocas e culturas distintas: desde a excêntrica monarquia em O Príncipe e a Corista até os dias atuais em um um tom mais dramático e alegre como na película Nunca Fui Santa, cuja texana foi conquistada de súbito pelo amor incondicional de um cowboy imaculado; enquanto em “Adorável Pecadora” ela era surpreendida pelo discreto bilionário que mendigou fingindo ser o sósia dele mesmo, a fim de ficar ao seu lado com a ajuda fundamental de Gene Kelly e Bing Crosby, interpretando eles mesmos. Em Os Desajustados (1961) ela vive uma conturbada relação com o trio de vaqueiros liderado por Clark Gable em seu último trabalho antes de partir rumo às estrelas. Sob a competente direção de Billy Wilder ocorreram as melhores atuações: tanto em O Pecado Mora ao Lado — na famosa cena copiada pela Dama de Vermelho Kelly LeBrock — como no multipremiado e politicamente incorreto Quanto mais Quente Melhor, seguramente uma das melhores comédias de todos os tempos, a qual lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz. Por fim, no filme inacabado Something’s Got to Give, disponível no YouTube, a diva de estilo original incopiável aparece pela última vez em cena: dona de uma expressão sublime sob um olhar melancólico já visualizando o infinito. Ao se deparar com um garotinho tristonho, diz prestativa em voz suave, inconfundível, sussurrando baixinho que pretende chorar por ele; lembrando o verdadeiro amor caridoso no qual dia sentiremos pela Humanidade inteira. Três anos após o desencarne, ainda convalescente e com a face desfigurada, o Espírito de Marilyn concedeu gentilmente ao Espírito de Humberto de Campos (Irmão X) uma entrevista publicada no livro psicografado por Chico Xavier (Estante da Vida), importantes revelações e ensinamentos — demonstrando uma impressionante lucidez para uma caloura desnorteada que acabara de ingressar no Mundo Espiritual: “não se iludam a respeito de beleza e fortuna, emancipação e sucesso. Isso dá popularidade e a popularidade é um trapézio no qual raras criaturas conseguem dar espetáculos de grandeza moral, incessantemente, no circo do cotidiano. A desencarnação me alcançou através de tremendo processo obsessivo. Em verdade, na época, me achava sob profunda depressão. Desde menina, sofri altos e baixos, em matéria de sentimento, por não saber governar a minha liberdade. Depois de noites horríveis, nas quais me sentia desvairar, por falta de orientação e de fé, ingeri, quase semi-inconsciente, os elementos mortíferos que me expulsaram do corpo, na suposição de que tomava uma simples dose de pílulas mensageiras do sono…”.

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