15/02/2024 às 21h52min - Atualizada em 15/02/2024 às 21h52min

Heróis da aviação

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Em 15 de janeiro de 2009, o Airbus A320 logo após decolar do aeroporto LaGuardia, em Nova York, perde ambos os motores na colisão com um bando de pássaros. Sem perder tempo, o experiente piloto Chesley Sullenberger, mesmo rodeado de arranha-céus, decide em poucos segundos pousá-lo de barriga, deslizando como um cisne sobre as águas geladas do Rio Hudson. Apesar de todos os 150 passageiros e cinco tripulantes saírem ilesos (incluindo dois bebês), a atitude ousada de Sully — O Herói do Rio Hudson (2016), na HBO Max, foi contestada pelo “establishment aeronáutico”, baseada em simuladores, cujo réu resolveu escrever um livro, adaptado por Clint Eastwood para o cinema com o respaldo do documentário disponível no Youtube: Miracle of the Hudson Plane Crash e a ajuda do próprio Sully quando foi pessoalmente ao estúdio; com Tom Hanks interpretando-o no cinema. A estreia brasileira em 30 de novembro foi adiada devido à tragédia aérea com o time de futebol da Chapecoense, dois dias antes.
A proeza do Capitão William Whitaker (Denzel Washington) em estabilizar a sua aeronave em razão de uma falha mecânica grave foi inspirada na queda do Alaska Airlines 261 em 31 de janeiro de 2000: “Ok, estamos invertidos... Agora precisamos entender... Vamos voar? Estamos voando... Estamos voando... Diga a eles o que estamos fazendo. Pelo menos de cabeça para baixo estamos voando.” — falou o experiente piloto Ted Thompson pela última vez antes de espatifar com o avião lotado de passageiros no oceano. Todavia, O Voo (2012), disponível no Telecine, foi apenas o motor da trama dirigida por Robert Zemeckis, cujo interesse, na verdade, foi denunciar a dependência química daquele alcoólatra excêntrico, tal qual à da sua namorada (Kelly Reilly) e do inusitado paciente com câncer de pulmão: todos reunidos fumando muito no mesmo hospital. Mais difícil do que ficar sóbrio e curado completamente, foi confessar o vício aos membros da Agência Nacional de Aviação Civil (NTSB), a fim de fazer as pazes consigo mesmo e com a própria família; cujo órgão burocrático foi o responsável pela investigação minuciosa daquele pouso forçado.
Os brasileiros tiveram o seu 11 de setembro, esquecido pela imprensa, graças à habilidade fora do comum do piloto da VASP, Fernando Murilo, a quem Marcus Baldini fez questão de homenagear no seu longa-metragem disponível no Star Plus, baseado na obra literária de Ivan Sant’Anna: “Caixa-preta: o relato de três acidentes aéreos brasileiros”. O Sequestro do Voo 375 (2023) com 93 passageiros a bordo e sete tripulantes de 29 de setembro de 1988, só ocorreu porque o país vivia uma hiperinflação de 1.037,56% ao ano e uma taxa de desemprego entre 9 a 11%. Por isso, depois de trabalhar como tratorista para empreiteiras no Oriente Médio, o dinheiro que o maranhense Raimundo Nonato havia enviado ao Brasil para ajudar sua família não valia mais nada. No entanto, ao ficar desempregado no estado mais pobre do Brasil, o conterrâneo de Sarney sequestra aquele avião, obrigando o ex-comandante da Esquadrilha da Fumaça a jogá-lo sobre o Palácio do Planalto, onde morava o Presidente Sarney, na época. Autoridades encontraram recortes de jornal descrevendo o sequestro do voo daquela extinta companhia aérea em 2008, espalhados pelo bunker de Osama Bin Laden, após a sua morte. Contudo, o herói brasileiro, falecido em 2020, foi condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico, na época, embora nunca tenha recebido qualquer agradecimento oficial da presidência da república.
A providência divina interferiu diretamente para que o Voo United 93 (2006) não atingisse um dos maiores patrimônios da humanidade: a Casa Branca ou o Capitólio. Dessa forma, a decolagem atrasou 41 minutos fundamentais para que os demais aviões da mesma companhia aérea estivessem bem próximos às Torres Gêmeas como à ala mais militarizada do Pentágono. Portanto, quando os membros da Al-Qaeda assassinaram o piloto e o copiloto, os mártires do Boeing 757-222 já estavam cientes dos outros ataques suicidas. O diretor Paul Greengrass, especialista em longa-metragens com ares de documentário, optou pelas cenas longas sem cortes e comissárias de bordo reais, com o intuito de impressionar ainda mais o espectador. Na verdade, todas as 40 pessoas a bordo do quarto avião estavam sendo testadas; e caso não fizessem algo, não iriam sobreviver ao 11 de setembro. Apenas três meses depois do filme do mesmo diretor de Capitão Phillips foi lançado o “Voo 93”, com a mesma temática disponível no Youtube; cujas conversas por celular entre os passageiros e suas respectivas famílias ganharam destaque. Porém, após o piloto terrorista ser agredido, houve uma descida brusca em velocidade de 930 km/h até o impacto fatal num campo da Pensilvânia.

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