25/08/2023 às 00h43min - Atualizada em 25/08/2023 às 00h43min

As melhores animações do ano

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Após inúmeros filmes e séries das tartarugas adolescentes ninjas, a Nickelodeon irá estrear um novo reboot nos cinemas brasileiros em 31 de agosto, além de uma série derivada com o intuito de agradar tanto os fãs dos anos 1980 quanto a geração moderninha do Tik Tok. Para isso é contada novamente uma história de origem com a rima e poesia das ruas, mantendo a essência do original nos quadrinhos em homenagem à origem do Demolidor da Marvel. O lindo traço à mão, mesclado a animação computadorizada de última geração encanta; não há piadas bobas quando separadas do tom adulto que envolve a ação dramática e hipnotizante. No entanto, a jornada afirmativa com forte apelo emocional de Donatello, Raphael, Leonardo e Michelangelo acaba sendo forçada e repetitiva ao extremo, gritando no ouvido do espectador aquele velho discurso do opressor contra o oprimido, politicamente correto, cujos vilões mutantes do Sindicato do Crime ao aderirem-na abruptamente, jogam o maniqueísmo clássico da trama no esgoto. Todavia, no frigir dos ovos, As Tartarugas Ninja: Caos Mutante (2023) empolga, contanto que a sequência seja mais objetiva, sem esse demasiado apelo vitimista para um filme infanto-juvenil, afinal: todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros (George Orwell — A Revolução dos Bichos).
Elementos (2023) é a nova animação da Pixar que acaba de estrear no Disney Plus; uma das poucas comédias românticas de sessão da tarde com grande repercussão mundial nesta década. A trama é a autobiografia do diretor Peter Sohn, cujos pais emigraram da Coreia do Sul no início dos anos 1970 até Nova York ou Element City, dividida em guetos habitados pelos quatro elementos antropomórficos da natureza. Nela, Faísca é o seu alter ego que apesar do profundo respeito pelo pai não deseja herdar sua loja de conveniência por extrema dificuldade em lidar com clientes difíceis; cujo temperamento explosivo inunda o estabelecimento, até um inspetor empático aparecer no local e se apaixonar por aquela muçulmana graciosa, mesmo não podendo se misturar com ela. No primeiro encontro, eles assistem Orgulho e Preconceito no cinema, mas Gota não se declara por orgulho, enquanto Faísca, pelo preconceito àqueles moderninhos sentimentalistas de classe média alta da mesma etnia que ele. Na hora do caos, no entanto, até os opostos acabam se atraindo.
O Rei do Crime na Terra-1610 tenta ressuscitar esposa e filho, mas acaba bagunçando o multiverso ao trazer acidentalmente para lá Peter B. Parker da Terra-616, Gwen Stacy da 65 (Hailee Steinfeld), Porco-Aranha da 8311, Peni Parker da 14512 e o Homem-Aranha Noir da Terra-90214 (Nicolas Cage). Para piorar uma aranha radioativa da Terra-42 pica o futuro Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), transformando Miles Morales (Shameik Moore) numa anomalia dimensional, embora dezesseis meses depois da destruição do colisor do Rei do Crime (Liev Schreiber) é organizado uma força-tarefa pelo Homem-Aranha 2099, Miguel O'Hara (Oscar Isaac), análoga á da série Loki e The Umbrella Academy, cujo objetivo é consertar problemas temporais como esse. Ocorre que a obsessão de O'Hara, baseada no Dilema do Bonde, acaba ferindo a ética e a justiça dos super-heróis ao impedir o Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (2023) de agir, mesmo que para isso deva morrer algumas pessoas no lugar de outras em maior número. Afinal: quanto vale uma vida?
O melhor filme de 2023 conquistou a maior bilheteria, ficando em 15.º lugar em todos os tempos ao arrecadar 1,359 bilhão de dólares mundialmente. Super Mario Bros. O Filme (2023) foi feito para agradar especialmente os fãs da franquia de games, por isso estabeleceu uma narrativa acelerada dentro de um roteiro simplista com soluções fáceis e recursos Deus ex machina em apenas 92 minutos de duração. Se Besouro Azul que acaba de estrear nos cinemas representa a família latino-americana com Bruna Marquezine roubando a cena, o encanador gordinho e baixinho ao lado de seu irmão inseparável, descendem da típica família italiana quando reunida à espaguete com cogumelo em vez de molho vermelho. A trama de início homenageia o primeiro longa-metragem da trilha sonora do Roxette, cujos empreendedores ao abrir o próprio negócio, tentam conter uma inundação no Brooklin, quando Mario (Chris Pratt) é sugado pelo tubo Warp até o Reino dos Cogumelos governado por Peach Toadstool (Anya Taylor-Joy), enquanto Luigi (Charlie Day) cai no Reino das Sombras, análogo ao game Luigi's Mansion, onde é aprisionado pela Tropa Koopa de Bowser (Jack Black), cuja paixão pela Princesa equivale à de Darkseid pela Mulher-Maravilha nos SuperAmigos. A Princesa Peach foi adotada pelos Toads porque é a única capaz de administrar aquele reino cheio de criaturinhas fofas. Após treinar Mário ao som de Bonnie Tyler, a mentora reúne um exército de Kongs do Reino da Selva, governado por King Cranky Kong, embora para o confronto final Mário e o filho Donkey (Seth Rogen) precisem ainda resolver suas diferenças na arena à la Gladiador; sofrer e apanhar muito, mesmo auxiliados por potencializadores nostálgicos; até ressuscitarem como Pinóquio de dentro de um Maw-Ray e descobrir que ambos querem apenas o respeito de seus pais, a exemplo de Miles Morales, Gwen Stacy, as Tartarugas Ninja e Faísca Luz, afinal “no pain no gain”.

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