19/05/2023 às 02h41min - Atualizada em 19/05/2023 às 02h41min

​Agatha Christie tradicional e moderna

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Assassinato no Expresso do Oriente (1974/2017) foi baseado no clássico homônimo de Agatha Christie em 1934 durante a era de ouro da primeira ferrovia internacional do mundo entre Paris (estação de Gare de Leste) e Constantinopla (atual Istambul), passando por Estrasburgo, Munique e Viena em aproximadamente de 75 horas. Inaugurado em 5 de junho de 1883 pelo empresário belga Georges Nagelmackers, o chamado Rei dos Trens foi a viagem preferida da realeza europeia, aristocratas e celebridades, cujo preço atual varia entre 16 800 e 57 800 reais na grand suíte, com champanhe à vontade, banheira de mármore e serviço de concierge 24 horas. Em 1927, Charles Lindbergh tornou-se o primeiro aviador norte-americano a atravessar o Atlântico num voo solitário de 33 horas. Cinco anos depois o seu filho de vinte meses: Charles Lindbergh Jr. foi roubado do berço, mas encontrado, dois meses depois, a 7 km de sua casa em Nova Jersey com o crânio fraturado e o corpo já em decomposição, apesar de o resgate de 50 mil dólares ter sido enviado. O imigrante alemão: Bruno Hauptmann foi considerado culpado por aquele crime hediondo; condenado em 3 de abril de 1936 à cadeira elétrica, análogo ao personagem mafioso criado pela escritora inglesa antes do fim do julgamento. Ratchett (Richard Widmark/Johnny Depp) acabou sendo morto com doze facadas entre os 12 suspeitos do mesmo vagão; ao contrário dos “12 Homens e uma Sentença”, outro clássico dirigido por Sidney Lumet, lembrado indiretamente pelo Coronel Arbuthnott (Sean Connery) que contribuiu para a conclusão hercúlea do detetive Hercule Poirot (Albert Finney), enquanto em 2017 o belga, interpretado por Kenneth Branagh, comparou esses mesmos suspeitos aos apóstolos do Cristo, reunidos em A Última Ceia. Hércules foi o Messias Guerreiro que desceu ao Inferno para concluir o seu 12.º e último trabalho, assim como Jesus ao resgatar Judas Iscariotes da Mansão dos Mortos logo após o suicídio. O ex-policial pragmático se surpreendeu com a complexidade do caso, pois, segundo o sociólogo Émile Durkheim: o crime é um fato social intrínseco à natureza humana em razão da sua própria imperfeição, por isso, não deve ser avaliado apenas pelo aspecto dicotômico: certo, errado; bem e mal, uma vez que ele pode ser cometido por diversos motivos: como inveja, ódio, ganância, paixão, etc. Michelle Pfeiffer que já interpretou Eva no longa de Darren Aronofsky, instiga o pecado tão bem quando a serpente bíblica de modo que os fantoches propaguem-no, exponencialmente, a exemplo de Lauren Bacall em 1974 ao interpretar também a Sra. Hubbard. Nesse sentido, é a sequência direta: Morte no Nilo (1978/2022), onde a ricaça deslumbrante Linnet (Lois Chiles/Gal Gadot) rouba o noivo da sua melhor amiga Jacqueline (Mia Farrow/Emma Mackey) com o intuito de passar a Lua de Mel num cruzeiro a vapor até Abu Simbel, próximo às Pirâmides do Egito. A princípio para o mesmo detetive (Kenneth Branagh/Peter Ustinov), convidado por acaso àquela festa de casamento, o triângulo amoroso, curiosamente, está acima de qualquer suspeita em razão das circunstâncias que provocaram aquele assassinato no Egito. As duas versões originais estão disponíveis no Prime Video, enquanto as modernas estão disponíveis no Star Plus.

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