13/04/2023 às 23h16min - Atualizada em 13/04/2023 às 23h16min

É o fim de Rocky Balboa?

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Divergências criativas que o deixaram fora do terceiro spin-off, incluindo direitos de imagem, indicam que Rocky nunca mais retornará aos cinemas. No documentário, disponível na BP Select: 40 Anos de Rocky — O Nascimento de Um Clássico (2020), Stallone disse que a saga da qual se confunde à sua vida particular, não é sobre boxe, e sim, amor verdadeiro, cujo protagonista, é por acaso, um pugilista. Não foi à toa que a primeira imagem escolhida em Rocky: Um Lutador (1976) foi a face do Cristo, acima da palavra “Ressurreição”, numa igreja transformada em ringue onde o Garanhão Italiano encontra-se com a mesma idade em que Jesus iniciou a sua vida pública e a mesma nacionalidade de Cristóvão Colombo. Por isso, aos 30 anos aquele esforçado trabalhador venceu o Campeonato Mundial de Boxe no mesmo dia do Bicentenário da Independência dos Estados Unidos ao derrotar o marqueteiro Apollo Creed (Carl Weathers), cujo sobrenome faz referência ao Credo Apostólico: um instrumento pedagógico onde o cristão reafirma todos os seus valores através da fé. A primeira aquisição do querido azarão que renasceu das cinzas, foi um carro esportivo com o símbolo da Fênix no capô, demonstrando humildade (húmus), simplicidade e honestidade através do seu treinamento bruto e rústico em contato com a natureza ao carregar um tronco nas costas em forma de cruz. Em oposição a falsidade, a soberba e a vaidade artificial e anabólica dos adversários, da qual também foi vítima ao aburguesar-se em Rocky III — O Desafio Supremo, cuja saga completa está disponível no Prime Vídeo e na BP Select. Após conquistar o povo americano, e daí se aposentar de vez, Rocky Balboa seguiu os passos do Apóstolo Paulo que assumiu a arriscada missão de transmitir o Evangelho do Cristo aos atenienses politeístas. Nesse sentido, o lutador vai ao encontro da gelada nação soviética no dia de Natal e no auge da Guerra Fria, com o intuito de aquecer os seus corações e conquistar a sua alma para sempre, análogo ao fim do comunismo e a volta da Igreja Ortodoxa àquele país.
Outra maneira de comemorar o aniversário da franquia foi através do spin-off, Creed: Nascido para Lutar (2015), dirigida pelo excelente Ryan Coogler, que já havia trabalhado com Michael B. Jordan em Fruitvale Station e Pantera Negra, revivendo o original, quarenta anos depois, além de nova indicação ao Oscar a Sylvester Stallone, ainda traumatizado pela morte do filho Sage em 2012, devido a uma doença congênita chamada aterosclerose, com quem havia atuado em Rocky V, cujo personagem, interpretado por Milo Ventimiglia na continuação de 2018, fez as pazes com o pai de luto na vida real. Na trama disponível no Prime Video, Rocky é amparado pelo “sobrinho” Adonis Creed (Jordan) durante o combate efetivo contra o câncer, cuja trajetória do pupilo confunde-se á de um boxeador nascido das ruas, fruto de uma relação extraconjugal que o levou ao centro de detenção juvenil de Los Angeles, até ser resgatado pela viúva de Apollo Creed, Mary Anne (Phylicia Rashad) após a trágica morte do marido. Apesar de ter uma vida confortável e um bom emprego garantido, aquele garoto briguento sentia na pele a obrigação de honrar o legado do pai, mesmo sem tê-lo conhecido pessoalmente, de modo a largar tudo e se encontrar com o futuro treinador (Stallone) na Filadélfia, visando ser campeão mundial com a ajuda fundamental da futura esposa, Bianca Taylor (Tessa Thompson) e da filha de ouro Amara (Mila Davis-Kent) que herdou a deficiência auditiva da mãe, trazendo um charme inigualável à trilogia. Em Creed II (2018), no Prime Vídeo, quem rouba a cena dessa vez é Ivan Drago (Dolph Lundgren), abandonado pela esposa interesseira, Ludmilla (Brigitte Nielsen) e os camaradas da ex-União Soviética, tendo de se exilar na Ucrânia ao lado do filho Viktor, interpretado pelo boxeador profissional: Florian Munteanu, que eventualmente era despertado com um soco na cara antes do treinamento. Drago foi ensinado desde pequeno a trapacear como forma inevitável de vencer na vida, numa época de pouca fiscalização, cujo governo fraudou e destruiu recentemente 1.400 amostras de controle de doping, com resultado positivo, provocando o banimento da delegação russa a partir dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, até agora. Essa vontade incontrolável de trapacear acabou desclassificando Viktor durante a disputa contra Adonis, embora o russo estivesse com larga vantagem na luta. Em Creed III (2023) o diretor estreante encarna novamente o pai de família esportista ao abdicar da sua aposentadoria e das questões pessoais com um amigo de infância, com quem possuía uma dívida moral impagável, a fim de vencê-lo num combate espetacular, semelhante a um anime. Quando jovem, devido à irresponsabilidade de Adonis, Damian Anderson (Jonathan Majors) havia sido preso enquanto fazia lutas clandestinas de boxe. Desse modo, ao sair da prisão sem perspectiva de futuro e 40 anos nas costas, o ex-delinquente corre contra o tempo, trapaceando dentro e fora do ringue, ansioso para ser campeão dos pesos-pesados a qualquer custo.

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