31/03/2023 às 00h17min - Atualizada em 31/03/2023 às 00h17min

​Obesidade mata mais do que a fome no Brasil

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a obesidade mata mais do que o câncer, a Aids e o trânsito, perdendo apenas para o cigarro. Desde 1975, o número de pessoas obesas ou com sobrepeso quase triplicou. Atualmente essa epidemia afeta 39% da população adulta, que representa 1,9 bilhão de pessoas. O mesmo acontece com 18% das crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos. Quase 170 mil brasileiros morrem todos os anos em decorrência de problemas de saúde causados pelo excesso de peso. Mudanças nos hábitos alimentares e atividades físicas devem ser graduais e prazerosas, respeitando a individualidade de cada um. A prevenção é a melhor maneira de controlar os altos índices de obesidade a partir da gestação, na pré-escola e na adolescência com foco na educação nutricional, orientada por profissionais da saúde, de modo a evitar doenças crônicas, como diabetes, problemas cardiovasculares, osteoartrite, doença degenerativa das articulações e câncer (endometrial, mama, ovário, próstata, fígado, bexiga, rins e cólon). Site: Acesso Saúde.
Após ressuscitar a carreira do ex-lutador de luta-livre, galã de Nove e Meia Semanas de Amor, Mickey Rourke, o diretor Darren Aronofsky fez o mesmo com a carreira Brendan Fraser, condenado ao ostracismo pelo excesso de peso. Em Réquiem Para um Sonho (2000) o cineasta havia criticado a indústria da beleza, em cuja trama, Sara (Ellen Burstyn, de O Exorcista), sob prescrição médica, emagrece 13 kg à base de anfetaminas durante o dia e sedativos à noite, tentando de todas as formas caber no seu vestido vermelho preferido e participar do seu programa favorito de TV. Enquanto em "A Baleia" (2022), somente nos cinemas, o professor de escrita criativa online Charlie (Fraser) deixa sua webcam sempre desligada, de modo a esconder a aparência grotesca, cuja ginástica descomunal do sedentário de 272 kg é se levantar da poltrona para se apoiar no andador até o banheiro adaptado, ou simplesmente pegar uma moedinha do chão. O moribumbo com insuficiência cardíaca congestiva e altíssima pressão arterial, desfalece em casa sem plano de saúde, contando apenas com a ajuda da dedicada enfermeira Liz (Hong Chau), sua única amiga. Há 9 anos Charlie abandonou a mulher e a filha, a fim de curtir uma relação homoafetiva, até o amante se jogar da ponte, cujo transtorno de estresse pós traumático levou-o a um transtorno compulsivo alimentar periódico e a um transtorno de personalidade muito pior, além de centenas de neuroses obsessivas e fóbicas. Vendo a morte chegar, o obeso mórbido, tenta de todas as formas reconciliar-se com a esposa alcoólatra, Mary (Samantha Morton) e com a filha adolescente revoltada, Ellie (Sadie Sink), sendo aconselhado pelo missionário Thomas (Ty Simpkins) a deixar de ser materialista para viver do Espírito (João 3:6). Acusado de fomentar a gordofobia, Aronofsky respondeu a altura: “as pessoas estão acostumadas com o simplismo que divide o mundo entre bonzinhos e vilões, queríamos criar um personagem complexo com partes boas e ruins. As críticas não fazem sentido. Este filme lembra que somos todos humanos, somos todos bons e maus, imperfeitos e esperançosos, alegres e tristes, há toda essa diversidade dentro de todos nós. A Baleia é sobre a vida adulta. Não fiz um filme da Disney”. “Se o mais distraído dos homens estiver mergulhado em sonhos mais profundos - coloque esse homem de pé, ponha-o para andar, e não tenha dúvida de que ele o levará até a água, se houver água em toda a região (...) Pois, como todos sabem, a meditação e a água estão casados para todo o sempre” (Moby Dick, ou A baleia (1851), de Herman Melville).
Antes de namorar Aronofsky durante as filmagens de Mãe! (2017) Jennifer Lawrence ganhou o seu primeiro Oscar ao interpretar Tiffany Maxwell, ego e sombra do seu par romântico com transtorno bipolar: delírio, mania e depressão. Pat Solitano (Bradley Cooper) já sofria de delírios de natureza persecutória e alteração de humor ao espancar o amante da esposa no flagra. Contudo, ao sair do hospício, Pat resolve reconquistá-la a qualquer custo, imaginando ser a cura para todos os males, sem enxergar O Lado Bom da Vida (2012), uma das poucas comédias românticas que estrearam na última década, disponível no Prime Vídeo e na Netflix. Dessa forma, o otimista forçado emagrece consideravelmente correndo todos os dias pela manhã, quando esbarra em Tiffany, ainda de luto pela morte repentina do marido atropelado com quem nunca transou, tornando-se uma ninfomaníaca vestida de preto, ciente da sua compulsão por sexo. Ao contrário de Pat, por quem ela se apaixona à primeira vista, convidando-o a participar de um concurso de dança, em quem o pai compulsivo por esporte (Robert De Niro) investe todas as suas economias e não se decepciona ao ver o filho encarar o problema de frente em sintonia com a sua cara-metade, igualmente vestida de branco pela primeira vez.
Em seu último trabalho, em vez de reeducar a alma, Jennifer Lawrence precisa agora reeducar o cérebro lesionado, após ser atingida por uma bomba no Afeganistão. A engenheira sem demora começa do zero como uma bebê, reaprendendo a falar, a andar e dirigir; e optando trabalhar sozinha a céu aberto com atividades lúdicas, embora o seu maior desafio seja a convivência com a mãe desnorteada na Capital do Jazz: Nova Orleans. A exemplo de Rambo, do Sniper Americano e do Náufrago (Cast Away), Lynsey (Lawrence) está só de passagem pela sua Terra natal, ansiosa pelo agito da guerra, enquanto o aval do médico não sai. Embora a convivência amorosa com o mecânico de perna mecânica James Aucoin (Brian Tyree Henry), mexa com o seus sentimentos. Passagem (Causeway) está disponível na Apple TV Plus.

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