23/02/2023 às 22h02min - Atualizada em 23/02/2023 às 22h02min

História do Cinema

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Projetar imagens na parede de uma caverna foi um dos fascínios do ser humano desde a Idade da Pedra, gerando o teatro de marionetes a céu aberto para ganhar vida na pele de atores em suntuosos palacetes aos olhos privilegiados da elite abastada. A ideia de levar peças de teatro, concertos e óperas até a camada mais pobre da sociedade foi um dos motivos de Auguste e Louis Lumière ter inventado o cinematógrafo, o qual filmava, revelava e projetava imagens, de modo a ser exibidas para milhares de pessoas em períodos e lugares diferentes. Além disso, as cenas cotidianas poderiam ser registradas para exibição, preservação e estudo.  Pensando nisso, os pais do cinema organizaram a primeira exibição pública e comercial de um filme, em 28 de dezembro de 1895, no Grand Café de Paris, situado no Boulevard des Capucines. Nesse sentido, o visionário Thomas Edison ao lado da sua equipe de engenheiros constrói os chamados Nickelodeons: teatros especializados para a projeção desses filmes por apenas um níquel de entrada. O inventor do Cinetoscópio, revolucionou a indústria do cinema, aperfeiçoou o telefone e a máquina de escrever, e ainda, venceu A Batalha das Correntes (2017) contra o engenheiro George Westinghouse (Michael Shannon) e o injustiçado Nikola Tesla (Nicholas Hoult), punido pela história, já que maioria das suas invenções geniais não foram creditadas a ele. Edison (Benedict Cumberbatch) com a ajuda do seu assistente (Tom Holland) monopolizou a distribuição da corrente elétrica contínua, o que lhe rendeu o apelido de o “Inventor da Lâmpada”, disponível no Prime Video. 
Georges Méliès foi um dos 34 convidados de gala dos Irmãos Lumiére, o mágico ilusionista apelidado por Charles Chaplin de "o alquimista da luz", inovou no uso de efeitos especiais, popularizando técnicas em stop-motion no próprio estúdio de vidro. Embora metade dos 400 filmes de trucagem tenham sido perdidos na Primeira Guerra, a primeira película de ficção científica pintada a mão permaneceu intacta. “Le Voyage dans la lune" (1902), foi baseado nos romances de Júlio Verne: “De la Terre à la Lune”,  e “The First Men in the Moon”, de H. G. Wells. 
A Invenção de Hugo Cabret, escrito por Brian Selznick, foi adaptado para o cinema por Martin Scorsese em 2011, disponível no Telecine, onde o xará do autor de Os Miseráveis ao ficar órfão de pai (Jude Law) perambula pela Estação Central parisiense na década de 1930, deslumbrado com todo aquele mecanicismo originário da Revolução Industrial, quando iluminado pelos raios solares alaranjados. Hugo (Asa Butterfield) sobrevive cometendo crimes famélicos e pequenos delitos na esperança de não ser mandado pelo inspetor legalista (Sacha Baron Cohen) a um orfanato. Isso até o pequeno inventor com 27 relógios para cuidar, começar a trabalhar para o lojista amargurado Papa Georges (Ben Kingsley), visando consertar o autômato encontrado pelo pai, cujos traços lembram o Homem Bicentenário. Com o passar do tempo o garoto fadado ao crime, reconhece o valor do dinheiro e se endireita, auxiliado pela amiga Isabelle Mèlies (Chloë Grace Moretz) e o enigmático dono da livraria vizinha (Christopher Lee) onde se encanta lendo as histórias do cinema tradicional e assistindo os clássicos do cinema mudo: A Chegada do Trem na Estação, A Saída dos Operários da Fábrica Lumière, O Beijo, O Grande Roubo do Trem, Intolerância, O Garoto, A Caixa de Pandora, O Homem-Mosca e A General. 
Tempos Modernos (1936) retrata com perfeição a alienação do trabalhador pelo trabalho mecanizado, contrário ao processo de automação em que vivemos hoje, aburguesando a sociedade. Afinal, “Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes”. Na trama, Carlitos não se adapta ao trabalho alienante de fábrica; o do cais e o da loja de roupas porque demonstra habilidades em patinar e criatividade ao improvisar um número musical cômico, cuja voz é ouvida pela primeira vez no cinema, 10 anos após os primeiros filmes falados, a partir de O Cantor de Jazz (1927). 
Cantando na Chuva (1952), o melhor musical de todos os tempos, retrata a transição do cinema mudo ao cinema falado, enfatizando justamente o “Cantor de Jazz” como o divisor de águas. Na trama, Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são as principais estrelas do momento, apesar de não se darem muito bem na vida real. Tal revolução os obriga a transformar o filme mudo em que estão atuando, num estrondoso musical. O problema maior foi posicionar os microfones de modo a adequar o tom de voz irritante da protagonista. No entanto, ao tentar fugir de fãs enlouquecidos, o ex-dublê de corpo acaba acidentalmente no carro de uma aspirante à atriz de teatro que esnoba imediatamente a carreira do astro, embora o encontro tenha rendido a ela o papel de dublê de voz que faltava, fisgando ainda o coração do ator endeusado. Don e Kathy (Debbie Reynolds, mãe da Princesa Lea) acabam se beijando na porta do set durante um temporal, cuja euforia faz o dançarino cantar na chuva e voltar a ser criança, mesmo que isso resulte numa pneumonia amanhã.

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