24/11/2022 às 23h23min - Atualizada em 24/11/2022 às 23h23min

Black Friday: Reunião em família no Dia de Ação de Graças

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

A Black Friday começou nos EUA, aproveitando o Dia de Ação de Graças, início do período de compras, um mês antes do Natal. Para o comerciante americano escrever com tinta preta significa estar com as contas em dia (sair do vermelho). No Brasil essa cor é o azul porque “blue” em inglês significa depressão. O feriado de Ação de Graças se confunde com o Natal, em ambos os casos a família se reúne numa ceia tradicional com Peru, mas o trânsito da volta pra casa fica um caos.
Em Pais e Filhos (2013) disponível na BP Select, duas famílias descobrem após 6 anos que os seus filhos foram trocados de propósito na maternidade após firmarem intensos laços afetivos com eles. O drama psicológico não apela para emoções atrativas em razão da câmera discreta e sem zoom na mão do diretor Hirokazu Kore-eda que lembra a do clássico Era uma Vez em Tóquio. A trama, focada na figura paterna, analisa o contraste entre Ryōta, um arquiteto introspectivo em ascensão profissional, e o alegre ferreiro Yūdai que mora na periferia do Japão, limite da sua sobrevivência. Pressionados a fazer a troca o quanto antes, as duas famílias postergam o máximo possível enquanto os filhos pequenos tentam conviver juntos. É possível o vínculo afetivo sobrepor ao vínculo sanguíneo? Ryōta Nonomiya (Masaharu Fukuyama) parte da lógica higienista, corroborada pelas feministas pró-aborto, de que famílias mais pobres não tem condições de criar filhos, apesar dos camponeses em condições precárias ao longo da história provarem o contrário. Um bom exemplo é o casal de 18 filhos que inspirou a divertidíssima comédia: Os Seus, Os Meus e os Nossos. Yūdai Saiki (Lily Franky) é um pai ativo e brincalhão que adaptou muito bem o seu filho biológico Keita (Keita Ninomiya) ao lado dos outros irmãos de sangue naquele caos estético. Ryūsei (Shôgen Hwang) ao contrário de Keita foi transferido de lá até a casa organizada e sem vida do arquiteto abastado e ausente. Tal pai, tal filho. 
Os Seus, Os Meus e os Nossos (1968), disponível na BP Select, se passa na época do baby boom, baseado numa história real publicada no livro Who Gets the Drumstick? Que motivou Henry Fonda e Lucille Ball a interpretar um casal de viúvos com 20 filhos: dez do almirante da marinha e oito da escritora e dona de casa que engravidou duas vezes mais, forçando o marujo a fugir rapidamente do Porta Aviões, disposto a se doar e se sacrificar mais um pouquinho. Antes de viverem em harmonia, os diabinhos embebedam Helen North, cuja performance hilariante lembrou os bons tempos do seriado que passava no SBT: I Love Lucy. O remake de 2005, disponível no Prime Vídeo e na BP Select, interpretado por Dennis Quaid e Rene Russo, é uma comédia pastelão que leva aos extremos o caos e a ordem, sem perder o caráter humano, mistura de Esqueceram de Mim e A Noviça Rebelde. Dessa vez, os irmãos biológicos e de criação que não se entendiam no começo, planejam expulsar o pai disciplinador Frank Beardsley daquela casa. No entanto, a farsa acaba sendo descoberta e fortalecendo os laços familiares no final. 
Baseado numa história real, um garoto de 3 anos do interior do Nebraska tem uma experiência de quase-morte, mas ao recobrar a consciência na mesa de operação faz revelações surpreendentes que abalam a fé dos pais para sempre. O pequeno Colton Burpo (Connor Corum) ao sair do corpo vê os pais noutro cômodo, encontra com a irmã sem nome, vítima de um aborto espontâneo na barriga da mãe, e com o avô desencarnado que ainda não conheceu. Suas revelações específicas provaram que O Céu É de Verdade (2014), na Netflix e na BP Select, comandado pelos anjos, e principalmente por Jesus que o conduziu pela mão, envolto num cenário florido semelhante ao do filme Amor Além da Vida e Milagres do Paraíso. O pastor evangélico Todd Burpo (Greg Kinnear) é um homem comum que tem vários empregos e paga suas contas com muita dificuldade. O bom pregador traz conforto humano aos fiéis fazendo palestras sobre o cotidiano, mas encontrou imensas dificuldades em aceitar a vida após a morte, cuja reflexão é muito mais intensa. 
Caso semelhante foi o da bela Christy Beam (Jennifer Garner), ambientado em Burleson, Texas, entre 2007 e 2012, que reconheceu apenas no momento da comunhão que a filha de 10 anos foi salva por um milagre. A verdadeira Annabelle que aparece nos créditos finais foi a primeira a acreditar nos Milagres do Paraíso (2015), disponível na Netflix e na BP Select, apesar do prognóstico médico desanimador. Além da interferência divina, outros milagres partiram de pessoas inusitadas que foram responsáveis por salvar a garotinha de sua doença incurável. Para ser curada, Anna teve de cair de cabeça de uma árvore de aproximadamente 5 metros e ficar desacordada por várias horas numa experiência de quase-morte. Sem dor não tem ganho, no corpo e na alma. Os judeus fugiram do Egito e tiveram que passar 40 anos no deserto para chegar à Terra Prometida. A noite é mais escura antes do amanhecer.

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