12/08/2022 às 00h44min - Atualizada em 12/08/2022 às 00h44min

​1001 maneiras de ser pai

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Papa ou Pontífice segundo a Igreja Católica é o mensageiro de Deus que faz a ponte entre o Céu e a Terra. Jesus passou a chamar o Deus vingativo do Velho Testamento de Pai, ensinando-nos a Oração do Pai-Nosso ou Padre-Nosso como diziam os nossos avós, antigamente. Mark Wahlberg na melhor performance da sua carreira, digna de um Oscar, vive um homem desbocado que ficou traumatizado na infância pela morte do irmão. O boxeador amador tem como inspiração o pai-herói alcoólatra, Bill (Mel Gibson) que não o valoriza nem um pouco. Depois de levar muita pancada na cabeça, a exemplo de Rocky Balboa, Stuart Long (Wahlberg) é obrigado a abandonar os ringues, mas acaba na missa da igreja mais próxima, a fim de conquistar o coração da bela católica fervorosa, Carmen (Teresa Ruiz). Ocorre que ao cair da moto sem capacete, Stu visualiza a imagem da Virgem Maria e decide se tornar padre da noite para o dia, tal como Paulo de Tarso se converteu ao Cristianismo ao ver Jesus e cair do cavalo. Luta pela Fé – A História do Padre Stu (2022) é um dos melhores filmes do ano, dirigido pela cineasta estreante Rosalind Ross. A namorada de Mel Gibson soube misturar humor e drama na medida certa, de forma natural e orgânica, sem parecer piegas. Uma história fiel à biografia do padre, cuja fé move montanhas e a paciência equipara-se à de Jó. Destaque ao encontro mediúnico do mártir com Joana D'arc na Catedral de Notre Dame, não mencionado no filme.
Em Está Tudo Bem (2021), Sophie Marceau, que trabalhou com Mel Gibson em Coração Valente, interpreta Emmanuèle Bernheim, cuja experiência na vida real junto ao pai debilitado (André Dussollier) virou livro, dando origem ao filme estrelado pela ex-Bond Girl. O aclamado diretor francês, François Ozon, cria obstáculos divertidíssimos com o intuito de impedir que o pai homossexual da romancista pratique a eutanásia após sofrer um derrame, uma vez que na França o ato que contraria as leis divinas é expressamente proibido. 
“A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal.” – Machado de Assis. À Procura da Felicidade, (2006) na BP Select, Netflix e HBO Max, marcou a década passada e Will Smith acompanhado do filho na vida real, Jaden Smith, foi indicado ao Oscar de Melhor Ator, baseado na biografia de Chris Gardner. O título em inglês foi escrito errado de propósito, sem Y, em homenagem à cena na escola do filho onde o pai vigilante questiona a sua educação fora de casa, em vez de apenas terceirizá-la, cegamente. The Pursuit of Happiness  refere-se ao princípio consagrado na declaração de independência dos EUA (1776) que Thomas Jefferson tornou famoso: “life, liberty, and the pursuit of happiness”. Mesmo sem saber nada sobre educação financeira, o afroamericano correu atrás da felicidade, literalmente, apesar do Estado e do Establishment sugarem todas as suas economias e a esposa desequilibrada (Thandie Newton) abandoná-los. O estagiário trabalhou de graça por seis meses, admirando  patrões e colegas que venceram na vida, de modo a aprender com eles, ao invés de invejá-los como uma vítima da sociedade. O Trabalhador da Última Hora, trabalhava três horas a menos que os demais, disposto a não perder a vaga no albergue onde dormia todos os dias ao lado do filho Christopher de cinco anos. O cristão e patriota escolheu a porta estreita, inspirado no Sermão da Montanha, em oposição àqueles que têm aversão ao esforço e ao sofrimento, cuja intenção era proporcionar apenas uma vida digna e próspera ao filho pequeno.
Quinze anos se passaram depois que uma explosão solar destruiu a camada de ozônio e os raios ultravioleta aumentaram a temperatura da Terra para 66°C. Finch Weinberg (Tom Hanks) vive com o seu cachorro Goodyear em meio a tempestades de areia corriqueiras, enquanto digitaliza centenas de livros num laboratório subterrâneo. O engenheiro de robótica está com os dias contados e logo desenvolve um robô auxiliar para cuidar do seu melhor amigo, adaptando as três leis da robótica do escritor de ficção científica, Isaac Asimov. Resumindo: um robô não pode ferir um humano ou permitir que ele sofra mal algum, principalmente o seu cachorro. Jeff (Caleb Landry Jones) rouba a cena apesar do ex-Náufrago carregar nas costas outro filme disponível da Apple TV Plus. Finch (2021) é um road movie leve e agradável que vai de St. Louis à São Francisco, cujo cenário pós-apocalíptico lembra Eu Sou a Lenda e WALL·E.
 No final do século XXI o engenheiro espacial Roy McBride (Brad Pitt) viaja para a orla exterior do Sistema Solar, disposto a encontrar o pai desnaturado, enquanto a amorosa esposa Eve (Liv Tyler) o espera pacientemente até o fim da sua jornada espacial. H. Clifford McBride (Tommy Lee Jones) está desaparecido há 16 anos, responsável pelas quedas de energia que afetam todo o planeta Terra. A NASA surge como a grande vilã da trama psicossomática, disponível no Star Plus, pois a empresa burocrata escraviza os astronautas, tornando-os cada vez mais solitários, menos solidários, indiferentes e depressivos, em busca de vida inteligente fora da Terra. A Lua colonizada virou terra sem lei, equiparada ao longínquo Velho Oeste, no início. Apesar do significativo avanço tecnológico em Ad Astra – Rumo às Estrelas (2019), a moral judaico-cristã ficou para trás. Portanto, conhecer a si mesmo antes de desbravar os limites da fronteira final é o lema do diretor excessivamente didático, James Gray.

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