01/07/2022 às 00h20min - Atualizada em 01/07/2022 às 00h20min

​Vinte anos sem Chico Xavier

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Chico Amor Xavier, o maior médium de todos os tempos, publicou mais de 500 livros e outras centenas foram publicados a seu respeito sem receber um centavo, enxergando mal com um olho, pois o outro ficou inutilizado pelo murro de um espírito trevoso. Porém, o matuto de Pedro Leopoldo conseguia ler livros inteiros com apenas alguns toques no papel. O poder mediúnico do tato seria estudado pelo espírita Ernesto Bozzano no seu livro Enigmas da Psicometria. O filho de Maria João de Deus, João Cândido e mais treze irmãos era atacado constantemente pela mesma imprensa militante que hoje divulga notícias falsas, confunde e desinforma o público. No auge desses ataques criminosos, após a morte do sobrinho Amauri Pena, o “amado discípulo” pediu um conselho da própria Maria de Nazaré. Alguns dias depois, Emmanuel trouxe uma frase atribuída à mãe de Jesus: isso também passa. O pontífice entre os habitantes do arco-íris e o planeta Terra assistia futebol aos domingos enquanto respondia milhares de cartas. Era fã do genial Johann Sebastian Bach, Ludwig van Beethoven e Noel Rosa, da série clássica Star Trek, Ghost — Do Outro Lado da Vida e E.T. — O Extraterrestre que completou 40 anos em 2022. No Programa Pinga-Fogo com o auxílio de Emmanuel e 75% dos televisores ligados, o ilustre entrevistado definiu o aborto como um assassinado de crianças; defendeu a homossexualidade, a bissexualidade sendo "condições da alma humana" e a cirurgia plástica "para que venhamos a valorizar cada vez mais o veículo físico". O médium ainda fomentou a vida em outros planetas, referindo-se a Marte, e elogiou o Regime Militar no auge do AI5: “Então, sem qualquer expressão eufemística, declaramos que a posição atual do Brasil é das mais dignas e das mais encorajadoras para nós, porque a nossa DEMOCRACIA está GUARDADA POR FORÇAS que nos defendem contra a INTROMISSÃO de quaisquer IDEOLOGIAS VINCULADAS À DESAGREGAÇÃO. Precisamos honorificar a posição atual daqueles que nos governam, que vigiam sobre os nossos destinos” (portal Saber Espiritismo). Nas eleições de 1989 o escriturário datilógrafo aposentado do Ministério da Agricultura que trabalhou na Fazenda Modelo, declarou abertamente o seu apoio ao então candidato Fernando Collor de Melo. Em todo Natal, o caridoso profeta brasileiro visitava os presidiários na cadeia. Numa noite, um jovem invadiu sua casa com o intuito de matá-lo, mas foi desarmado a tempo pelo PM Aparecido Evaristo Rosa. A própria vítima tirou o criminoso da prisão e ainda pagou uma passagem de ônibus ao obsediado. Emmanuel reencarnaria no interior de São Paulo em 2000, visando trocar de lugar com o “Mineiro do Século” que desencarnou aos 92 anos no dia 30 de junho de 2002, durante a festa do Pentacampeonato de Futebol. “Há Dois Mil Anos”, Chico Xavier era Flávia, a filha de Emmanuel curada de lepra pelo próprio Cristo, enquanto o seu mentor espiritual vivia o prepotente Publius Lentuluss, cuja mulher cristã, Lívia, terminou devorada por leões no Circo Máximo, diante da covardia do marido. Na pele do escravo Nestório, o senador romano reencarnaria “Cinquenta Anos Depois” para ser devorado pelos mesmos felinos famintos. O nome adotado pelo benfeitor espiritual homenageia a sua mais bem sucedida encarnação como Manuel da Nóbrega que ao lado de José de Anchieta fundou a cidade em homenagem ao “Apóstolo dos Gentios”, Paulo de Tarso, dando início ao cristianismo redivido no Brasil, após Chico realizar a primeira missa no colégio da vila de São Paulo em 1553, na aldeia de Piratininga, como o padre Jesuíta Manuel de Paiva. Em um bate-papo descontraído, cafezinho e o melhor pão de queijo do país com doce de Araxá de sobremesa, o apóstolo de Jesus contou ao amigo íntimo Geraldo Lemos Neto em janeiro de 1992, com quem conviveu por 21 anos, que teria sido a reencarnação do codificador de O Evangelho Segundo o Espiritismo, fundamentado na obra “Kardec Prossegue”, escrito por Adelino da Silveira. O pseudônimo Allan Kardec, adotado pelo professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, foi inspirado na sua encarnação do sacerdote druida que povoou a Gália na época de Júlio César entre o século II a.C. e o século II, d.C. até a doutrina ser suplantada pelo Cristianismo Primitivo. Convictos da imortalidade e da reencarnação, os Celtas iam para as batalhas sem medo de morrer. Era a preparação para a futura chegada do Espiritismo. A teologia druídica era baseada nas tríades, formadas por ensinamentos em que cada um completava os outros dois. Os três princípios fundamentais eram: a eternidade de Deus, a perpetuidade do Universo e a imortalidade das almas. No século XV foi a vez de Kardec encarnar o clérigo erudito Jan Huss, discípulo de Wyclif (o futuro Léon Denis, autor de O Gênio Celta e o Mundo Invisível), cem anos antes de Martinho Lutero e a sua reforma protestante. O tcheco de Praga, cuja capital fora povoada pelos Celtas nos séculos IV e III a.C., batalhou para que a Bíblia fosse traduzida na língua do povo. No entanto, o contemporâneo de Joana d'Arc, caiu na armadilha preparada pelo cardeal Segismundo, sendo condenado à fogueira. Geraldinho que nasceu numa família espírita de Belo Horizonte afirma com o consentimento dos descendentes de Eurípedes Barsanulfo, “o Médium de Jesus”, que Chico Xavier foi também Platão, René Descartes, João Evangelista e Francisco de Assis.
Em comemoração ao centenário do “Maior Brasileiro de Todos os Tempos”, baseado do livro As Vidas de Chico Xavier do jornalista Marcel Souto Maior, o ateu Daniel Filho dirigiu Chico Xavier — O Filme (2010), protagonizado por Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nelson Xavier, Letícia Sabatella, Giulia Gam, Paulo Goulart , Tony Ramos e Cristiane Torloni, com destaque aos casos judiciais solucionados pela psicografia e a assinatura do morto, confirmando a inocência do réu. Nove anos depois o mesmo diretor de “Nosso Lar”, Wagner de Assis dirigiria a biografia do “bom senso encarnado”, Kardec (2019), que também foi perseguido pela imprensa e os intelectuais, formadores de opinião da época, membros da Real Academia de Ciências Naturais, expulsando-o de lá. O Pentateuco Kardequiano sofreu ainda boicote da Igreja Católica ligada ao estamento burocrático e ao Estado comandado pelo Imperador da França Napoleão III. Em 9 de outubro de 1861 trezentos livros espíritas foram queimados na praça pública de Barcelona: “Graças a esse zelo imprudente, todo o mundo, em Espanha, vai ouvir falar do Espiritismo e quererá saber o que é; é tudo o que desejamos. Podem-se queimar os livros, mas não se queimam as ideias; as chamas das fogueiras as super-excitam em lugar de abafá-las. As ideias, aliás, estão no ar, e não há Pirenéus bastante altos para detê-las; e quando uma ideia é grande e generosa, ela encontra milhares de peitos prontos para aspirá-la“, dizia o católico de nascimento, tal como Chico, Divaldo — O Mensageiro da Paz (2019) e Irmã Dulce (2014), o Anjo Bom da Bahia, que foi quase exclaustrada pelas companheiras do convento onde morava. Felizmente os quatro tiveram o auxílio fundamental de diversos padres bondosos. O pedagógico de Pestalozzi compreendeu o universo fantástico das mesas girantes, utilizando métodos científicos e racionais, mesclado a fé e a razão. A brilhante fotografia e a direção de arte mistura os saudosos raios de sol em amarelo granulado com a penumbra parisiense, típica de espíritos sofredores. O catedrático foi rigorosíssimo na seleção de todas as 1019 perguntas, publicadas em O Livro dos Espíritos, cada uma feita dezenas de vezes a diferentes Espíritos em diversos países. Dentre as frases mais famosas do codificador estão: “Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente é proporcional à grandeza do efeito” e ”Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei”. No dia 2 de abril de 1869, Kardec aos 65 anos foi enterrado em Paris, vítima da ruptura de um aneurisma, no mesmo dia do aniversário de Chico Xavier.

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