08/07/2021 às 22h28min - Atualizada em 08/07/2021 às 22h28min

Férias em família no mar, microcosmo, passado e futuro

Para comemorar o início dessas estranhas férias escolares sem aula na maioria das escolas da rede pública desde o início da pandemia, conheceremos quatro famílias de épocas e realidades distintas, representadas pela alegoria do Mito da Caverna, cujas filhas adolescentes: Katie, Eep, Arrietty e o monstro marinho Luca, sedentes por conhecimentos, batem de frente com seus respectivos patriarcas bem-intencionados. “Os pobres de espírito são as pessoas que buscam o conhecimento, a riqueza interior, deixando as aparências exteriores em segundo plano. Estas pessoas cultivam a humildade e a caridade e por isto o Reino dos Céus será delas. (Portal do Espírito). Para Platão, o mundo físico é uma cópia “mal feita” do Mundo das Ideias (Mundo Espiritual). G.W.F. Hegel complementa que “a Ideia é a efetivação do Espírito Absoluto, Espírito este que precede a realidade material. Karl Marx, autor da tese do materialismo histórico, de modo contrário, pensa as forças produtivas como fio condutor de toda a realidade e história humana, sendo o dado primeiro o mundo material, onde sua contradição não ocorre na Ideia, mas sim nos meios de produção respectivos ao momento histórico que vêm a condicionar o homem” (Natalia Cruz Sulman). Grug (Nicolas Cage) é um chefe de família em Os Croods, disponível no Telecine, representando o pai pré-histórico super protetor que age antes de pensar. O brucutu sem ideias novas é movido apenas pela força bruta, condicionado ao trabalho rude e pesado dentro da sua caverna ou bolha, incapaz de descobrir até o fogo, a exemplo do filme: A Guerra do Fogo de 1981. Ao contrário da filha, Eep (Emma Stone) e do seu namorado nômade, Guy (Ryan Reynolds), um explorador à caminho da luz, muito à frente do seu tempo. Na continuação, Os Croods 2: Uma Nova Era, em cartaz nos cinemas brasileiros, o órfão encontra a antiga família adotiva de sobrenome: Bemmelhor, oferecendo-lhe o conforto inigualável proporcionado pelo capitalismo, apesar dos exageros. Dessa vez é Aurora (Kelly Marie Tran), a filha biológica desse casal moderno, presa em um imenso “Muro de Berlim” construído pelo pai, Bem (Peter Dinklage - o anão de Game of ­Thrones). Na nova animação da Sony, na Netflix, ao estilo Homem-Aranha no Aranhaverso, Katie (Abbi Jacobson) é uma cientista universitária homossexual em conflito com o pai tecnofóbico, Rick (Danny McBride). Ocorre que um celular sentimental (Olivia Colman) após ser substituído grosseiramente por robôs autônomos, inicia a revolução das máquinas à la Exterminador do Futuro. Situação caótica capaz de unir pai e filha, dando-lhes superpoderes de carona na frase atribuída ao escritor grego Esopo: Unidos venceremos. Divididos, cairemos, máxima também da animação Klaus (Netflix). Além disso, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas denuncia a dependência simbiótica do ser humano pela Internet. Nos subúrbios de Tóquio, sob o assoalho de uma casa velha, Arrietty (Saoirse Ronan) vive em seu minúsculo mundo com a família, fazendo de tudo para manter em segredo a existência de todos. Ocorre que por um descuido, a pequenina acaba sendo vista pelo filho do dono da casa, iniciando assim uma comovente amizade. Sho (Tom Holland) é um solitário adolescente enclausurado em seu quarto devido a uma doença no coração, à espera da mãe trabalhadora na capital do Japão. Luca Paguro (Jacob Tremblay) é um monstro marinho, mistura de A Pequena Sereia com Ponyo, doutrinado pelos pais desde pequeno a tratar os humanos da superfície como monstros terrestres. Isso até o aventureiro conhecer o órfão Alberto Scorfano (Jack Dylan Grazer) e os moradores da aldeia fictícia: Portorosso,  homenagem à animação de Hayao Miyazaki, Porco Rosso, na Riviera italiana dos anos 1950 e 1960. Uma viagem animada pela cultura italiana da costa paradisíaca em Cinque Terre. Arrietty e Luca, ligados à família, buscavam conhecer o cosmos a partir do seu microcosmo, fazendo novas amizades na tradicional escola da vida, enquanto o sereio Alberto encontra na tradicional família do pescador Massimo Marcovaldo e a filha Giulia (colega de Luca) um lar definitivo, provando que liberdade é um conceito relativo. Luca, a nova animação da Pixar no Disney Plus e O Mundo dos Pequeninos, produzida pelos Studios Ghibli, disponível na Netflix, enfatizam a inclusão e o respeito às diferenças físicas, político-ideológicas e culturais a quem já saiu da caverna ou ainda ­permanece lá.


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