A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia tem, obviamente, um caráter eleitoral, pois visa antecipar o debate político do próximo ano, relativo às eleições presidenciais. É extemporânea, pois deveria ter sido iniciada, no máximo, no último trimestre do ano passado, diante de uma vasta gama de crimes de responsabilidade e comuns praticados pelo presidente da República. A base do governo deve ser formada por senadores geniais, que deverão se opor ao que é patente, claro, alegando que o presidente e seu Ministro da Saúde agiram corretamente, com os seguintes argumentos: 1) O governo Federal agiu com acerto ao renegar a vacina Coronavac do Instituto Butantan por várias vezes e, depois, com grande demora, resolveu adquiri-la; 2) O governador João Doria não deveria ter determinado a produção da vacina em meados do ano passado, embora a esmagadora parte dos imunizados no País tenham se valido desse produto; 3) As 70 milhões de doses da vacina oferecida pela Pfizer, em junho de 2020, não deveriam ter sido compradas, uma vez que cláusulas abusivas constavam do contrato, embora 35 milhões de brasileiros seriam imunizados com as duas doses, desde dezembro do ano passado; 4) O presidente e sua equipe de “notáveis” não precisam usar máscara, tampouco se utilizarem de álcool em gel ou lavarem as mãos; 5) Aglomerações são permitidas, com a participação constante do presidente; 6) Cumprimentar idosos, crianças e adultos sem máscara é permitido ao chefe de governo e de Estado; 7) Integrantes do governo não devem se vacinar, mas se quiserem, que seja às ocultas; 8) Tratamento precoce para a Covid pode ser comprado, com gastos milionários, apesar de inexistir comprovação científica de sua eficácia; 9) O ex-ministro da saúde, General Pazuello, é brilhante em logística e entende, como ninguém, do funcionamento desse ministério; 10) O presidente, que é um expert em medicina e em ciência, pode receitar o tratamento com cloroquina, ivermectina etc. A lista de absurdos e comportamentos insanos é enorme e deveríamos escrever muitas páginas, porém cabe à “tropa” governista no Senado destruir o óbvio, as evidências. Talvez consigam. Quiçá provem que a Terra é plana e que o homem não chegou à lua. No Brasil, tudo é possível. O. Donnini, jornalista e advogado
