18/03/2021 às 23h04min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h17min

Negritude dourada

Malcolm & Marie foram esnobados pelo Oscar, apesar da linda fotografia em preto e branco e das grandes atuações de Zendaya e John David Washington, de Tenet. O último filme de Christopher Nolan foi lembrado em duas categorias técnicas. Já, A Voz Suprema do Blues, adaptado da peça de teatro homônima de August Wilson, recebeu nesta segunda-feira (15) cinco indicações, incluindo Melhor Ator ao Pantera Negra de Wakanda: Chadwick Boseman. Na trama de Malcolm & Marie, também da Netflix, o cineasta Malcolm sai eufórico da pré-estreia do seu primeiro longa-metragem, e mais tarde, na confortável residência ao lado da namorada Marie, começam a discutir em tempo real a relação conjugal desgastada. Enquanto Malcolm é pura emoção descontrolada, Marie tenta ser racional e equilibrada o suficiente a fim de destruir os argumentos egoístas do parceiro, um por um. O foco central do embate até os ânimos se acalmarem, foi o fato do diretor personalista e racista não ter mencionado a própria família em seu discurso. Nesse sentido é o longa da Prime Video, baseado na peça homônima de Kemp Powers, dirigido pela mesma atriz da série Watchmen, Regina King, que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas apontou em três categorias diferentes. Em 25 de fevereiro de 1964, Cassius Clay (Eli Goree) comemorou o primeiro título mundial acompanhado dos quatro grandes amigos: Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), Sam Cooke, conhecido como o Rei do Soul (Leslie Odom Jr) e o astro de futebol americano, Jim Brown (Aldis Hodge). A cidade republicana de Miami, aceitava excepcionalmente negros em alguns hotéis durante vigência a lei democrata de segregação racial: Jim Crow. Não é à toa que hoje a Disneylândia na democrata Califórnia permanece fechada há um ano por causa da Covid-19, enquanto em todo o estado republicano da Flórida, principalmente na Disney World, as pessoas podem circular livremente, sendo facultativo até o uso de máscaras. Na trama fictícia de Uma Noite em Miami, Malcolm X incentiva o lendário pugilista a se converter ao islamismo, e reflete, dissertando o famoso verso da canção de Bod Dilan preferida do Suplicy (Blowin ‘in the Wind): “Quantos caminhos um homem deve percorrer até poder ser chamado de homem… O branquelo de Minnesota disse mais na letra de sua canção do que nós em toda luta do movimento negro, na história”. O ativista foi assassinado um ano depois, durante o mandato do presidente democrata racista, Lyndon Johnson. Logo, para combater a repressão violenta contra os negros desse governo socialista fabiano, foi fundado em outubro de 1966 o Partido dos Panteras Negras pelos universitários Huey P. Newton e Bobby Seale. Enquanto Bobby, o oitavo réu, advogava em causa própria até ser amordaçado covardemente pelo juiz em Os 7 de Chicago, o movimento armado marxista em 1968 era comandado por Fred Hampton, interpretado magistralmente por Daniel Kaluuya. Dirigido por Shaka King, Judas e o Messias Negro recebeu seis indicações ao Oscar. O drama biográfico estreou nos cinemas brasileiros em 25 de fevereiro com cenas análogas a uma seita religiosa composta por adolescentes doutrinados para a guerrilha comunista no auge da guerra fria. Ocorre que a exemplo de Infiltrado na Klan, o gatuno William O’Neal (Lakeith Stanfield), a mando do FBI, se infiltra no partido socialista paramilitar, provocando o início da sua decadência. No entanto, o traidor, arrepende-se amargamente depois, em real depoimento. Hampton, o líder messiânico, colocava a repressão policial que executava sumariamente alguns dos seus camaradas filiados, como o principal adversário da causa afrodescendente, a ponto de se unir aos movimentos rivais escravagistas que empunharam a bandeira confederada na Guerra da Secessão. Por fim, Os 7 de Chicago, supracitado, pode levar até seis estatuetas, incluindo melhor filme. Na trama do longa original da Netflix, os ativistas: Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen), Jerry Rubin (Jeremy Strong), David Dellinger (John Carroll Lynch), Tom Hayden (Eddie Redmayne), Rennie Davis (Alex Sharp), John Froines (Danny Flaherty) e Lee Weiner (Noah Robbins) confessaram ter planejado inflamar internacionalmente a multidão para agredir com violência os policiais que revidaram com força desproporcional á poucos metros da convenção do Partido Democrata, cuja manifestação caminhava pacificamente. O objetivo em 1968 era protestar contra a Guerra do Vietnã, que o sucessor do presidente Lyndon Johnson, o Republicano Richard Nixon, encerrou durante o seu mandato. O hilário julgamento real, foi marcado pelo comportamento anárquico bem humorado dos réus, com exceção do exaltado Pantera Negra americano: Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II). O objetivo era irritar o juiz racista da corte, Julius Hoffman (Frank Langella).


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