11/03/2021 às 20h37min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h18min

Incriminar criminosos é o maior crime no Brasil

A história se repete há décadas em nosso país: crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa são investigados pela polícia, o Ministério Público oferece denúncia, que é recebida pelo magistrado, e após vários anos surge a sentença condenatória, que é confirmada em segunda instância (Tribunal Estadual ou Federal). Em que pese todo o esforço e dinheiro público gasto na apuração do fato criminoso e do processo judicial, os tribunais superiores (STJ e STF), após muito tempo, buscam ou descobrem um vício processual e anulam as condenações. São várias as operações que tiveram este triste e inaceitável fim: “Castelo de Areia”, “Satiagraha”, “Operação França”, “Boi Barrica”, entre tantas outras. Embora situações dessa natureza ocorram em outros países, como sucedeu na “Operação Mãos Limpas” (Mani Pulite), em que, após verdadeira “limpeza” nos atos de corrupção, com centenas de condenações, a classe política italiana conseguiu sua paralisação. No Brasil, os políticos e parte dos integrantes do Supremo Tribunal Federal, buscam agora incriminar quem investigou e condenou o maior desvio de dinheiro público da história, levado a efeito pelo PT e partidos da base aliada, na já extinta Operação Lava Jato, no que se denominou “Petrolão”. Os possíveis “réus” agora são os membros do MP e o ex-juiz Sérgio Moro. Para a população fica apenas a seguinte mensagem: “o crime vale a pena”, o que não se pode admitir. Com a anulação do processo do ex-presidente Lula, o expediente de se valer de um vício processual, de maneira extemporânea, como comumente ocorre, passa a impressão para o leigo de que nada teria ocorrido, que nenhum crime teria sido cometido, o que não é verdade. No entanto, essa falsa impressão, na prática, é real, pois certamente todos os delitos a ele imputados e comprovados estarão em breve prescritos. Nossa esperança agora de dias melhores, com a exigência de correção e honestidade, está centrada apenas nas próximas gerações. Esperemos que “mãos sujas” sejam limpas, com lava-jatos eficazes no combate ao crime mais grave para uma nação, que é a corrupção. Gaston Bonnet é jornalista


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