10/12/2020 às 22h49min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h20min

Palco dos príncipes

Uma partida que faz história, ou melhor, que muda a história de uma forma impactante. O futebol contra o racismo. Um protesto genuíno, uma corrente de solidariedade que reverberou pelo mundo. Em Paris, o estádio Parque dos Príncipes recebeu faixas antirracistas e jogadores vestidos de camisetas com a frase “Não ao Racismo”. O jogo: Paris Saint-Germain e Istambul Basaksehir. Antes do início da partida, os atletas fizeram um círculo em volta do meio-campo. Neymar ergueu o braço direito com punho fechado. Um dia antes, o brasileiro e seu companheiro no PSG, Kylian Mbappe, protagonizaram o maior protesto antirracismo do futebol mundial. A comissão técnica do Istambul reclamava da arbitragem na aplicação dos cartões amarelos. Durante a discussão, o quarto árbitro, o romeno Sebastian Coltescu dirigiu ofensas racistas ao ex atacante camaronês Pierre Webó, atualmente auxiliar técnico do time turco. Os jogadores dos dois times pediram a retirada do quarto árbitro. Como não foram atendidos, deixaram o gramado. Neymar e Mbappe assumiram a liderança do protesto. O protocolo da FIFA prevê o encerramento das partidas em caso de comportamentos racistas quando eles vêm das arquibancadas, da torcida. O que torna o caso mais grave em Paris é que as acusações recaem sobre a arbitragem, que deveria coibir esse tipo de atitude. Antigamente, jogadores que reclamavam de ataques racistas em campo eram silenciados e esquecidos. Em 2005 o jogador Grafite foi vítima de um insulto racial durante um jogo do São Paulo. O ex atacante brasileiro relata que teve apoio jurídico e psicológico do clube, mas preferiu não dar sequência ao caso. E tantos outros. Um momento emblemático foi quando um torcedor do Villarreal atirou uma banana em Daniel Alves. O jogador teve uma atitude inusitada. Pegou a fruta no chão, comeu e bateu o escanteio pela ponta direita do ataque do Barcelona. Mas nem todos tem essa maturidade e sangue frio. PSG e Istambul Basaksehir deixam uma marca importante no futebol. Que nenhum tipo de racismo será permitido ou suportado. O jogo foi realizado no dia seguinte. Neymar foi o nome da partida. Foram três gols do brasileiro, que anotou o seu terceiro hat-trick em jogos da Champions. Antes, ele havia alcançado o feito contra o Celtic (2013) e Crvena Zvezda (2018). Somente Cristiano Ronaldo e Messi, com oito cada, anotaram mais hat-tricks na história da competição.... Mas não foi só Neymar quem deixou a sua marca. Mbappé marcou duas vezes e se tornou, aos 21 anos, o jogador mais novo da história da Champions a alcançar a marca de 20 gols na competição. O atacante francês tem Neymar como companheiro e ídolo. Neymar e Mbappe, deram o recado. Racismo e discriminação em toda a sua forma, não tem mais lugar no futebol. A dramática luta contra o racismo pede atitudes radicais. Vivemos um tempo em que a intolerância racial não tem mais espaço. Neymar e Mbappé levantam uma bandeira que mostra maturidade no cenário mundial. A dupla tem missão nessa vida. Dentro e fora de campo.


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