27/11/2020 às 23h43min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h20min

Ídolos também precisam se reinventar?

Nem bem vivo o luto da morte de Fernando Vanucci, meu companheiro de apresentação do Show do Esporte, as notícias do dia surpreendem com a repentina morte de Diego Maradona, o astro argentino de futebol. Estamos exaustos com tantas provações. As pautas em quase todos os programas que apresento, em Radio e TV, são as mesmas. Ansiedade, depressão, como controlar a saúde mental, como se adaptar a nova realidade digital, redução de jornada de trabalho, redução salarial, perda de emprego e a dor da perda. Acompanhei as reportagens com pessoas exaltando o apresentador Fernando Vanucci. Foi o melhor, marcou época, criou um bordão inesquecível, o famoso Alô Você, teve muitos amigos...mas vivia triste e infeliz. Na verdade, acho que ele nunca se recuperou de sua saída da Globo. Era sua identidade, seu DNA. Fez grandes trabalhos em outras emissoras. Mesmo assim se sentia apagado, desestimulado, desvalorizado e esquecido. Quando o encontrei, há dois anos, parecia carregar um mundo maior que ele nas costas. Meu amigo, sempre risonho e alegre, aparentava uma amargura visível a todos. Tentei brincar, como era de costume, ele até riu comigo, sempre gostou da minha alegria, mas o riso durou pouco tempo. Existem momentos que mudam nosso destino para sempre. Quando Vanucci decidiu sair da Globo e assumir o Show do Esporte na Band, acreditou que essa seria a decisão correta. E por um tempo foi mesmo. O programa, referência até hoje no meio esportivo e de comunicação, marcou época e foi um grande sucesso. Mas quando foi tirado do ar, Fernando se viu solto num mercado cruel, o mundo da televisão, onde um dia estamos no alto, e no outro em baixa. Tentou se reerguer, se animar, já nesse momento disse que se arrependia da decisão de ter deixado a emissora carioca, apresentou vários programas, mas não conseguiu alavancar sua carreira novamente. E foi se retirando aos poucos, diminuindo o ritmo, se adequando ao mundo virtual, mesmo sem aceitar muito bem essa nova realidade. Saber se reinventar no mundo de hoje, não é pra qualquer um. Se reinventar é descobrir novas habilidades, é tentar o novo, é se desafiar, é aprender, é acima de tudo ter a humildade de entender que o que você fez e foi, já não conta mais no currículo. Mas e os ídolos, também precisam se reinventar? O craque Diego Maradona, considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos no futebol mundial, deixa um grande legado na carreira esportiva, mas na vida pessoal sempre sofreu as consequências da bebida e das drogas. Dizia que nada era tão grande quanto o que ele merecia. Após várias tentativas de prosseguir na carreira de técnico, estava de volta ao futebol comandando o Gimnasia e se sentia emocionado pelo carinho que recebia pelos campos do futebol argentino. Com problemas de saúde, lutava pela vida. “O futebol me deu tudo o que tenho. Mais do que poderia imaginar. Se não tivesse tido o vício poderia ter jogado muito mais. Mas hoje isso é passado” A verdade é que um dia a conta chega, sem classe social nem momento marcado. Estamos todos a deriva, numa grande onda, sem hora para a arrebentação.


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