Os franceses ficaram ofendidinhos em razão das piadas inocentes da agradabilíssima série da Netflix, Emily em Paris (2020), renovada para a 2ª Temporada, indo em massa às redes sociais pedir o cancelamento, em um jogo de cena ridículo. Na verdade, os intolerantes religiosos de longa data, morrem de ciúmes dos americanos caipiras que conquistaram a hegemonia econômica, cultural e principalmente, linguística, dominada pelos franceses há séculos, cuja raiva é descontada diariamente nos milhões de turistas que se comunicam em inglês na capital parisiense. Na trama do mesmo diretor de Barrados no Baile e Sex and the City, Darren Star, a estagiária americana, Emily Cooper (Lily Collins), ergue rapidamente a empresa de marketing que a contratou, divulgando os produtos dos respectivos clientes nas redes sociais. Sua atitude ousada vai de encontro ao estilo de trabalho démodé da chefe, a taciturna Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu), provocando um inevitável choque cultural. Além disso, a linda garotinha, meiga e descolada se separa do namorado, que permaneceu em Chicago, para se aventurar na Cidade Luz livremente, apesar do galã preferido dela estar comprometido com a recente amiga. O incrível visual da Capital da Moda combina perfeitamente com o figurino elegante e descolado da protagonista teen, lembrando o figurino de O Diabo Veste Prada. Em, “On The Rocks” (2020), da Apple TV+, o novo filme da diretora de Encontros e Desencontros, Sofia Coppola, apesar de ser atual, retrata anacronicamente os anos 1960 onde os negros segregados eram proibidos de se casar com brancos e a homossexualidade considerada ainda uma doença. A comédia fraca de suspense desnecessário sobre o tema corriqueiro demais tem atuações apáticas, mas se sustenta graças ao icônico Bill Murray, pra variar. O Caça-Fantasmas interpreta o pai coruja machista, Felix Keane, que morre de ciúmes da filha única, Laura (Rashida Jones), tentando encontrar algum motivo justificável para poder impetrar o pedido de divórcio contra o esforçado marido negro (Marlon Wayans) dela. Em oposição ao clássico de 1960: Se Meu Apartamento Falasse, no Telecine, uma comédia moderna e atual, do mesmo diretor do hilário Quanto Mais Quente Melhor, Billy Wilder, cujo tema, engraçadíssimo também, é pouco explorado dessa forma, até hoje. Na trama, C.C. Baxter (Jack Lemmon), funcionário de uma grande empresa, tenta agradar ingenuamente os colegas de trabalho cedendo o belo apartamento para os relacionamentos extraconjugais deles até não ter mais onde dormir. Ocorre que a humilde ascensorista, Fran Kubelik (Shirley MacLaine), aparece por lá e conquista sem querer seu coração. O deturpado título em português: Namorados Para Sempre, ao invés do melancólico título original: Blue Valentine (2010), na Prime Vídeo, retrata a desgastada relação do casal Cindy (Michelle Williams) e Dean (Ryan Gosling), enquanto em flashback os pombinhos apaixonados viviam os anos dourados iniciais do namoro, sem filho, sogro e qualquer responsabilidade extra, a exemplo da letra da canção da banda Queen - These Are The Days Of Our Lives. O enredo simples ganha força e dramaticidade devido à grande interpretação desses dois excelentes atores e produtores do longa escrito e dirigido por Derek Cianfrance (A Luz Entre Oceanos). Já na comédia romântica, a loira estonteante, Alice Eve, antes de conhecer o Capitão James T. Kirk em sua Jornada nas Estrelas - Além da Escuridão, se apaixona pelo xará, Kirk (Jay Baruchel), um simplório funcionário de aeroporto que também sonha em voar. Cansada do mundinho glamouroso de rótulos e aparências, amparada apenas pela melhor amiga Patty “Jessica Jones” (Krysten Ritter), Molly (Eve), encontra finalmente um parceiro sincero e prestativo de bom coração que gosta dela de verdade, como ela é. “Ela é Demais para Mim“ (2010) está disponível no Telecine, Netflix e Prime Vídeo. Por fim, em Uma Cilada Para Roger Rabbit (1988), dirigido por Robert Zemeckis (Forrest Gump, Náufrago e a trilogia: De Volta Para o Futuro) e produzido por Steven Spielberg, ambientado numa Los Angeles noir a lá Dick Tracy (Warren Beatty - o irmão mais novo de Shirley MacLaine e marido de Annette Bening), onde os personagens de desenhos animados convivem juntos com humanos. Lá, em 1947, o improvável casal apaixonado, Jéssica e Roger Rabbit, não irá se reunir novamente em uma sequência com a turma do Mickey e a turma do Pernalonga, enquanto a Disney não comprar a Warner Bros e acabar com o politicamente correto que destruiu o humor sarcástico adulto, peculiar dos clássicos desenhos da era de ouro da animação que as crianças amavam. Esse mesmo politicamente correto também ofuscou o nacionalismo americano que vigorava até o começo dos anos 90, unindo toda a nação, atualmente numa guerra civil não declarada.