13/11/2020 às 23h00min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h20min

A chance de Rogério Ceni

por Silvia Vinhas | [email protected] Ele fez história no São Paulo e se consolidou como um dos maiores goleiros de todos os tempos. Desde que encerrou a carreira como jogador em 2015, Rogério Ceni nunca escondeu a vontade de ser vencedor também como técnico. Começou grande e errou ao escolher comandar o São Paulo na estreia da nova função. Passou mensagem de arrogância ao pensar que por ter sido um grande goleiro e ter eficiência em entender o jogo, poderia “virar” técnico de time grande logo de cara. Aprendeu a lição. Saiu em busca de excelência e aprendizado. Na Europa, acompanhou de perto os trabalhos de treinadores como Diego Simeone (Atlético de Madri), Jurgen Klopp (Liverpool), Mauricio Pochettino ( ex- Tottenham), Jorge Sampaoli ( ex-Sevilha) e Claudio Ranieri ( ex- Leicester) Teve a humildade de aprender, e trabalhou duro antes de voltar ao Brasil. Rogério se aperfeiçoou num estilo de técnico diferente da maioria dos treinadores brasileiros, geralmente focados somente no futebol. Estudou para seguir a linha do perfil “manager”. Ceni faz questão de se engajar nas diversas áreas do clube e de possuir um conhecimento detalhado dos setores e dificuldades. Acredita que tudo está interligado e busca pensar no todo. Gosta e vibra com a intensidade à beira campo, mas se dedica também ao trabalho do dia a dia. Se interessa pelas categorias de base. Sabe que é no próprio clube que os futuros ídolos devem ser formados, e se possível num alinhamento direto com o time principal. Trabalha 24 horas, numa entrega que contagia a todos. É normal passar horas na sede do clube, vira noites avaliando novas possibilidades táticas, estuda adversários, elabora novos treinamentos, enfim, é um apaixonado. Rogério Ceni chega ao Flamengo com uma grande responsabilidade É dele a missão de conduzir o clube na busca pelos três títulos restantes na temporada: Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil. Com o elenco do Flamengo, um dos mais fortes do país, poderá impor o DNA ofensivo, utilizar o goleiro no modelo de jogo, e manter a filosofia de que os 11 jogadores devem defender e também atacar. No mundo onde a informação viaja fronteiras num piscar de olhos, nenhum técnico tem mais a receita pronta. Faltava apenas a aprovação dos jogadores e a benção de Zico. Bem, então não falta mais nada. Basta vencer. Ah, e se conseguir vencer o São Paulo, melhor ainda. Não dava para Rogério dizer não. Primeiro, porque os jogadores o queriam -- e querem. Segundo, porque o Flamengo é a grande oportunidade de sua carreira. O Flamengo permite o sonho de ganhar a Copa do Brasil, que jamais venceu, de ganhar a Libertadores e se tornar o sétimo técnico a ser campeão depois de vencer também como jogador e a chance de ser campeão brasileiro em seu segundo ano como treinador de Série A. Há o pecado mortal de nosso futebol. Rogério faz com que o Brasileirão tenha quinze trocas de treinador em vinte rodadas e que, dos vinte clubes da primeira divisão, só Grêmio, São Paulo e Fluminense tenham o mesmo comando desde janeiro. Mas o Flamengo tem chance de evoluir com Rogério Ceni. Pode ganhar todos os títulos e Rogério Ceni se tornar um dos mais importantes técnicos do país.
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