30/10/2020 às 00h21min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h23min

Bastidores com Pelé

Pelé comemorou 80 anos e as homenagens continuam. Nas redes sociais, quem teve o privilégio de, em algum momento na vida estar perto do Rei, caprichou na postagem com orgulho. E eu não pude deixar de compartilhar. Mas acho que vale aqui contar um pouco da convivência que tive com o maior jogador de todos os tempos. Sim, por mais que tentem, ninguém irá superá-lo. Pelé nasceu predestinado. E mesmo com as estatísticas mostrando jogadores que também começaram as carreiras muito cedo, Pelé com seus 17 anos já era o melhor em campo numa Copa do Mundo (1958) É até hoje o atleta mais novo a balançar a rede em um Mundial. Já chegou chegando, marcou 6 gols, todos lindos e deu um verdadeiro show. E nenhum jogador do mundo foi capaz de tal façanha. Apesar de ter dois irmãos, era eu quem acompanhava meu pai até a Vila Belmiro para ver Pelé jogar. Quando Pelé se despediu do Santos na Vila Belmiro, vibrei com a vitória santista sobre a Ponte Preta em 1974. A comemoração, como é de costume na cidade, foi na Praça Independência. Anos depois, Pelé aceitou fazer parte da equipe da Band que cobriu a Copa do México em 1986. Nessa época, o jogador tinha terminado um romance com a apresentadora XUXA, e curtia uma “fossa” danada! Certa vez, a equipe foi confraternizar após um jogo em um restaurante mexicano que tinha a apresentação “ao vivo” dos famosos “Mariachis”, aqueles cantores com roupas típicas e instrumentos diferentes que costumam passear pelas mesas durante o jantar. Pelé não teve dúvida. Cantou alto e emocionado a música “Aquellos Ojos Verdes” composição do músico chileno Lucho Gatica, e chorou...lembrando a musa da época. O outro encontro com o Rei foi em Miami (1991) Pelé era a grande atração da Copa que levou o seu nome. Eu morava na cidade, já era repórter da Band e participei da cobertura do evento que marcou época na Flórida. A presença de Pelé fez da Copa, que reuniu grandes nomes do futebol Master, um grande sucesso. Minha missão, claro, era fazer uma matéria com o Rei. Naquela época, trabalhávamos com uma câmera e um cinegrafista. Gravei a entrevista focalizando apenas Pelé. Ao terminar, o diretor disse: Silvia, você precisa fazer o contra plano. Para quem não sabe, contra plano é quando numa cena temos dois personagens, um de frente para o outro. Assim, alternam-se o primeiro plano de um e o primeiro plano de outro. Eu tinha o plano de Pelé. Faltava o meu. E pra lembrar as perguntas que eu tinha feito? Eu não tinha nada anotado, gravei de improviso, e fiquei sem ação. Teria que fazer as mesmas perguntas para Pelé, com minha imagem apenas, e ele ficaria de costas. Sabe o que é fazer isso no meio de jornalistas do mundo todo? Saia justa total. Mas Pelé foi muito generoso. Não só topou gravar novamente e ficar em segundo plano, literalmente “de costas” pra câmera, como pasmem, lembrou todas as perguntas que eu tinha feito. Eu estava no início da carreira, era a minha primeira reportagem com uma personalidade. Quis o destino que fosse com o melhor do mundo. Privilégio meu ter no currículo um início de carreira assim.


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