16/10/2020 às 19h41min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h23min

Ninguém é campeão por acaso

O tenista espanhol Rafael Nadal reescreveu a história do tênis. Ele igualou os 20 Grands Slams de Roger Federer e conquistou seu 13º título de Roland Garros. Ao alcançar o topo do esporte, Nadal surpreendeu a todos com a desconstrução de um herói. Falou de suas angústias, inseguranças e medo de não triunfar. Muitas vezes pensamos que os ídolos são seres extraterrestres, com superpoderes e desprovidos de sentimentos. Na verdade, nos bastidores da vitória, o que encontramos são gente como a gente. Com certeza, por trás de um título, existe uma história de renúncias, esforços além do limite, dores e lesões, e onde a palavra desistir, não existe. Por conta da pandemia, os atletas deixaram de treinar como faziam e isso comprometeu a performance. Com Nadal não foi diferente. A comemoração em Paris foi discreta. O espanhol lembrou o momento triste que vivemos, principalmente por conta da segunda onda do coronavírus que começa a fechar as portas da Europa novamente. Disse que teve que buscar forças extras para treinar, diante de um futuro incerto. Com o cancelamento dos principais eventos esportivos, treinar para um atleta de ponta, é esforço no limite, em alto nível. Quando não se pode planejar o futuro, sem um horizonte claro, um objetivo definido, as coisas perdem o sentido. O corpo, depois de um confinamento, não responde da mesma forma. Nadal passou semanas treinando muito pouco, o que minou a confiança na hora de competir. Tanto que teve que tomar decisões difíceis que poderiam ter prejudicado sua carreira, como não participar do US Open em Nova York por conta da pandemia. A força mental fez a diferença para competir em Roland Garros. Ele ensina que na vida, o melhor é não ficar entusiasmado em excesso quando as coisas vão muito bem, e não ser muito negativo quando vão mal. E isso se resume a ter paixão pelo que faz. Quanto ao impacto de seu feito, empatar com Roger Federer em 20 Grand Slams, Nadal, prefere dizer que compartilhou com o suíço os melhores momentos de sua carreira e que só tem a agradecer. Ensina que a vida é mais agradável quando temos uma boa relação com nossos rivais. Perguntado se já é o melhor de todos os tempos, confessa que não se importa com isso e que o amor pelo tênis vai além de vitórias ou derrotas. Mas lembra que o grande rival de títulos, Roger Federer, está afastado. Com humildade, pede para que antes de o declararem melhor do mundo, esperem Federer voltar. E quando as respectivas carreiras acabarem, aí sim saberemos quem foi o melhor. Para Nadal o fundamental é continuar desfrutando cada dia, agradecendo pelas conquistas. Quer planejar bem as coisas, tomar decisões com calma e analisar todas as situações tanto em nível pessoal como profissional. O que falta ganhar? A cabeça de um campeão é sempre muito competitiva. Mesmo em momentos de lazer, não sabem perder. Nadal vai relaxar jogando golfe. Ainda bem que nesse esporte, o adversário é o campo.      


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