01/10/2020 às 22h22min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h24min

Dicas de Filmes e Séries - 02/10/2020

O que Beleza Americana (1999), Pecados Íntimos (2006), Precisamos Falar sobre Kevin (2011) e Homens, Mulheres e Filhos (2014) têm em comum? Jesus delegou o comando do planeta ao Continente Americano, composto de cérebro e coração, após o Velho Continente sucumbir em pragas e grandes guerras fúteis que quase nos levou à extinção. Ocorre que o ideal competitivo norte-americano do sucesso a qualquer custo desde o berço formou uma sociedade estressada e infeliz por dentro, condicionada a exibir acima de tudo sua bela e confortável fachada com vista para o resto do mundo. O documentário da Netflix, Explicando, no episódio 18, revela que o principal motivo das mulheres ganharem menos do que os homens é a gravidez; uma pausa obrigatória para o cuidado especial dos filhos, afastando-se psicofisicamente desse cenário competitivo mortal. Em Pecados Íntimos, na Netflix, a estonteante workaholic que faz documentários, Kathy (Jennifer Connelly), delega essa responsabilidade diária ao desempregado marido boa pinta e bacharel em direito, Brad (Patrick Wilson). Enquanto Brad não passa no Exame da Ordem de fadada, vive um libertino romance secreto com a dona de casa, Sarah (Kate Winslet), fã da pedófila Madame Bovary. Sarah é casada com o publicitário Richard (Gregg Edelman), viciado em pornografia na internet. Nesse sentido, temos a corretora de imóveis materialista, igualmente adúltera, Carolyn (Annette Bening), casada com o fracassado marido Lester (Kevin Spacey). Ocorre que, em uma jogada de mestre, Lester é demitido do desgastante emprego, mas recebe um abastado abono injusto para ter tempo de malhar à vontade até conquistar a fogosa Angela (Mena Suvari), a melhor amiga da filha adolescente Jane (Wes Bentley). O aclamado longa do mesmo diretor de 1917, Sam Mendes, desconstrói o inevitável American Way of Life, mascarado de muitas faces, numa divertida desordem para depois restabelecer a ordem novamente, reafirmando-o. Angela, a insegura líder de torcida da época do bip, ainda desamparada pelas redes sociais, é a mulher dos sonhos do canastrão de meia idade que surge fantasiada de rosas vermelhas defloradas, análogas ao sangue que ao mesmo tempo gera vida e provoca morte. Beleza Americana, essas denominadas flores ordinárias sem odor e espinho, retiradas do seu habitat natural para também servir de modelo real, aprisionadas em um vaso artificial nessa ofensiva família que vive de aparências. Já a gravidez indesejada da bem sucedida Eva (Tilda Swinton), no dramático e traumatizante Precisamos Falar sobre Kevin, na Prime Video, gera um Complexo de Édipo no ainda recém-nascido filho desafiador (Ezra Miller - o Flash), disposto a destruir tanto a vida familiar quanto a almejada reputação profissional dela, em troca de um sincero abraço fraterno. Ao contrário do pai omisso Franklin (John C. Reilly), que não impõe limite algum ao futuro Assassino em Massa, ignorando o potencial maligno de Kevin. O psicopata antissocial que matou intencionalmente onze colegas de escola, independente da frágil educação dos pais, carecia na verdade de um profissional competente a monitorá-lo de perto desde o berço. Quem não gosta de si mesmo tentará se vingar da sociedade por muitas encarnações ainda, enquanto não renascer em estado vegetativo. Em oposição à bela mãe radical, Patrícia (Jennifer Garner), de Homens, Mulheres e Filhos, na Netflix, que ao monitorar o celular da filha Brandy (Kaitlyn Dever), acabou destruindo covardemente o namoro da garota com o sereno jogador de futebol americano universitário, Tim (Ansel Elgort), apaixonado de fato por jogos online. O solitário adolescente abandonado pela mãe é coagido pelo pai rigoroso Kent (Dean Norris) a se tornar a qualquer custo um esportista de sucesso. O jovem casal de namorados, ao lado anoréxica colega de escola Allison (Elena Kampouris), que teve um aborto espontâneo e quase foi a óbito, são exemplos de que a boa índole supera o meio corrompido onde vivem. Outro exemplo ideal de que o esforço somado às boas intenções vencem as más influências da sociedade é o caso do complexado Ronnie (Jackie Earle Haley), de Pecados Íntimos, em razão de uma somática disfunção sexual incontrolável, punido eternamente pela vizinhança pseudomoralista, equiparado ao goleiro Barbosa pela falha na Copa do Mundo de 1950 que eliminou o Brasil. O líder da cruel difamação é o carente policial militar aposentado, Larry (Noah Emmerich), afastado da profissão por um erro fatal. O bondoso e infantilizado Ronnie, dependente da superprotetora mãe fragilizada (Phyllis Somerville), ao contrário do maldoso Kevin, encontrou uma solução prática e eficaz, porém um tanto dolorosa, ao cortar o mal pela raiz. Agora o transtornado Larry terá nova oportunidade divina de salvar outra vida a fim de recomeçar a carreira marcada pela tragédia. Tal como o disciplinado e bem sucedido namorado de Jane, Ricky (Wes Bentley), filho do reprimido fuzileiro naval, o Coronel Frank Fitts (Chris Cooper), de Beleza Americana, na Netflix, que poderia ter sido um maníaco sexual, mas escolheu observar o lado bom da vida nas pequenas coisas, documentando tudo diariamente com sua câmera na mão, o único personagem genuíno desse seleto grupo desaventurado de íntimos sofredores reprimidos entre a era analógica e a digital, que encontrou sentido na vida. Beleza Americana. Direção: Sam Mendes. Comédia dramática.(American Beauty – EUA, 1999, 122 min). 18 anos. Nota: 4,5 Pecados Íntimos. Direção: Todd Field. Romance dramático (Little Children – EUA, 2006,136 min).16 anos. Nota: 4,5 Precisamos Falar Sobre o Kevin. Direção: Lynne Ramsay. Drama. (We Need to Talk About Kevin) – EUA, 2011, 112 min). 16 anos. Nota: 4,5 Homens, Mulheres e Filhos. Direção: Jason Reitman. Drama. (Men, Women and Children – EUA, 2014, 120 min). 16 anos. Nota: 4,0


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