Quem me conhece sabe que fui repórter esportiva por muitos anos e no início da carreira participei ativamente da cobertura das 500 Milhas de Indianápolis, uma das corridas mais tradicionais do mundo e a principal prova do campeonato da Fórmula Indy. Aliás, é conhecida como uma das maiores corridas do planeta. Esse evento é considerado parte da Tríplice Coroa do Automobilismo, composta por três dos mais prestigiados eventos do esporte a motor no mundo. O Grande Prêmio de Mônaco e as 24 Horas de Le Mans completam a lista. A prova das 500 Milhas de Indianápolis foi pioneira nos circuitos ovais, proposta bem americana de velocidade. O que chama a atenção em Indianápolis é a concentração de pessoas em um único evento. A capacidade é para 350 mil espectadores e nos dias que antecedem a corrida, a movimentação de fãs gira em torno de 500 mil pessoas. Apesar dos esforços da organização, a edição número 104 não contará com o público pela primeira vez em sua história centenária. Esta é a primeira vez que a prova não é disputada em maio. Tradicionalmente realizada na véspera do Memorial Day, o feriado americano em homenagem aos combatentes mortos em serviço, a prova será em agosto, no dia 23. Vou dar um panorama do que acontecia antes da prova. Os pilotos se mudavam para Indianápolis, e nossa equipe também. Durante quase um mês, acompanhávamos testes na Gasoline Alley, onde ficam as garagens. Eram muitos dias para testar a pista e os carros. Após o Pole Day, não era permitido mais mexer no carro. Para a corrida desse ano as atividades foram diferentes em relação aos últimos anos. Equipes e pilotos tiveram apenas três dias para preparar os carros para a classificação, mas teve treinos após o Pole Day. Com 33 inscritos, não houve eliminados do grid. A principal atração desse ano é a presença de Fernando Alonso, que tenta completar a Tríplice Coroa do automobilismo, que já citei aqui. O bicampeão mundial de Fórmula Um tem duas vitórias no Grande Prêmio de Mônaco e nas 24 Horas de Le Mans, mas larga apenas na vigésima sexta posição neste domingo, com a McLaren. A pole position ficou com Marco Andretti. Filho de Michael Andretti e neto do lendário Mário Andretti, Marco Andretti tinha 2 meses de idade na última vez que algum piloto da família largou em primeiro nas 500 Milhas de Indianápolis. Em 2020 ele enfim tem vantagem poderosa para tentar acabar com um jejum de 33 anos da família americana sem ter um representante na posição de honra no Brickyard. Conheci Marco ainda pequeno, quando entrevistava o pai e o avô. Lembro da aposta de Mario Andretti ao projetar a carreira do neto no futuro. O americano divide a primeira fila com outros dois veteranos e vencedores da prova: o neozelandês Scott Dixon, da Chip Ganassi, e Takuma Sato, da Rahal Letterman Lanigan. A prova conta com a presença de dois brasileiros já veteranos nessa corrida. Tony Kanaam, com a AJ Foyt deve fazer sua última participação na Indy 500 e Hélio Castro Neves que defende a Penske na tentativa da quarta vitória na prova. Os dois, porém, não se classificaram muito bem. Kanaam larga em 23º e Helio Castroneves começa a corrida em 29º. Será uma experiência diferente, mas sempre com muita emoção. Em uma corrida com mais de 4 horas de duração...tudo pode acontecer. É nesse domingo, a partir das 13h30.