14/08/2020 às 20h11min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h25min

A volta do futebol foi precoce?

Parece cena de filme de ficção. A poucos minutos da partida, as estreias de Goiás e São Paulo no Campeonato Brasileiro são interrompidas. 10 atletas do Goiás testaram positivo para Covid-19 e o resultado veio minutos antes do início do jogo. Mas até esse momento, com quem eles tiveram contato? O adiamento da partida do Goiás contra o São Paulo acende o alerta para a velocidade que a contaminação pode atingir mesmo num cenário de controle e prevenção. Ao menos 151 jogadores dos clubes da Série A testaram positivo para Covid-19 só na primeira rodada. A certeza até agora é que será difícil desassociar a pandemia do novo coronavírus do Campeonato Brasileiro de 2020. Das 20 equipes, apenas Atlético-MG e Bragantino, com um atleta contaminado em cada elenco, pouco contribuíram para o número alto de infectados. Em compensação, no topo do ranking está o Corinthians, com 23 jogadores que já tiveram contato com o vírus até o momento. E o timão é seguido de perto pelo Goiás. A verdade é que enquanto as principais ligas da Europa esperaram a redução das mortes para que a bola pudesse voltar a rolar, o Campeonato Nacional começou em meio ao pico da pandemia no Brasil. Por conta dos últimos acontecimentos, a CBF anunciou mudanças no protocolo de testagem nas competições. A partir de agora, serão testados todos os jogadores do elenco, e não mais apenas os 23 relacionados para a partida. Além disso, o processo que antes era responsabilidade do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, foi descentralizado, e agora serão aceitos resultados de exames feitos pelos próprios clubes em laboratórios locais. O perigo é que a volta do futebol possa transmitir uma mensagem negativa à população com a sensação de normalidade, quando a realidade é que a pandemia tende a se agravar. O Campeonato Brasileiro exige um deslocamento maior dos clubes para disputar as partidas. Além disso não podemos esquecer que a indústria de futebol envolve muitos trabalhadores, como as equipes técnicas, de logística, funcionários dos clubes. E todos estão expostos. Se você tem 20 clubes e 50 funcionários em cada, são mil pessoas circulando, “se contaminando” e repassando o vírus. Imagina você sair de Fortaleza para Porto Alegre, com escalas em outras cidades? Outro problema sério é a demora de resultados nos testes. Como controlar isso com o campeonato em andamento? Nenhum teste tem 100% de garantia, além de serem feitos dias antes dos jogos. E durante a partida, os jogadores jogam sem máscaras num momento que o número de assintomáticos contagiados é grande. Confesso que estava ansiosa pela volta do futebol e sempre defendi isso, mas Campeonato Brasileiro é muito mais complexo. A logística difícil e o grande números de participantes pode comprometer a competição. Será que a CBF teve pressa? Será que rendeu às pressões dos clubes e dos patrocinadores? Segundo o Secretário Geral da CBF, Walter Feldman, as medidas de segurança serão rigorosas e a possibilidade de paralisação do Brasileiro está fora de questão. Com a mudança dos protocolos a esperança é que as coisas se normalizem nas próximas rodadas. E que a gente possa torcer, mesmo de casa, pro nosso time do coração ser um vencedor... dentro e fora de campo.


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