26/06/2020 às 22h37min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h28min

Compartilhar histórias em tempos de pandemia

Nos últimos meses tenho sido convidada para muitas lives, aquele encontro nas redes sociais que se popularizou durante as pandemias. Para quem ainda não está familiarizado, o bate papo acontece normalmente no Instagram, se forem apenas duas pessoas, e em outros aplicativos, com mais participantes. Como durante anos fui repórter esportiva, a curiosidade com minhas experiências tem sido o tema. Compartilhando memórias realizo que minha história se confunde com um dos períodos mais ricos do esporte brasileiro. Nossos grandes astros da maioria dos esportes, fizeram parte da minha geração. Até hoje ídolos saudados e lembrados por todos. Nos anos oitenta, Luciano do Valle, um dos melhores narradores esportivos que já existiu, descobriu no esporte amador, uma fonte inesgotável de emoções. E tinha um dom maravilhoso: formar ídolos. E eu acompanhei de perto o auge de cada um deles. Foi assim com o lutador Maguila, e suas lutas com direito a orquestra e a música do Rocky, o lutador. Com Rui Chapéu e a sinuca de todos os domingos de manhã. Os duelos de basquete entre Paula e Hortência. Para quem não sabe, Paula é chamada até hoje de Magic Paula porque Luciano do Valle a associava ao lendário jogador do Los Angeles Lakers, Magic Johnson. A reedição de Emerson Fittipaldi na Fórmula Indy, modalidade do automobilismo, também aconteceu nessa época. Os brasileiros amam velocidade, mas não se acostumaram tão fácil aos circuitos ovais. Quando Emerson conquistou pela primeira vez as 500 Milhas de Indianápolis e os fãs finalmente descobriram a importância de vencer um dos maiores desafios do planeta, a Fórmula Indy deslanchou. Depois disso, vários pilotos brasileiros se aventuraram nas pistas americanas e conquistaram o pódio muitas vezes. Um grande momento, e que também abriu portas para muitas gerações, foi a ascensão do vôlei nacional. Tudo começou nas praias de Santos, litoral de São Paulo, onde eu morava. Luciano do Valle organizou o primeiro torneio de quadra de vôlei e convidou nomes como Montanaro, William, Ronaldão, Marcelo Negrão. Depois vieram Renan, Bernard, Tande, Maurício, Xandó e Amauri. Foi um sucesso tão grande que as quadras nunca mais foram as mesmas. A geração de prata abriu um caminho de sucesso estrondoso, após vencer a seleção russa em pleno estádio do Maracanã, com mais de 90 mil pessoas assistindo uma partida de vôlei. A seleção brasileira de vôlei masculino da década de 80 deu ao Brasil, a primeira medalha olímpica neste esporte. No futebol, o momento mágico foi a Copa Pelé. Luciano sempre teve um sonho. Reunir os maiores jogadores do futebol brasileiro, juntos, em uma copa de futebol máster. Rivelino topou de cara. Clodoaldo, Djalma Dias, Gil, Gérson, Edu, Gil, Luís Pereira, Dadá Maravilha e Cafuringa também gostaram da ideia. Nunca houve tanto estardalhaço para se ver jogadores que haviam encerrado a carreira reunidos em um mesmo time quanto em 1987. Na estreia do Brasil, diante de mais de 45 mil pessoas, até Pelé esteve em campo no Pacaembu na vitória sobre a Itália por 3 a 0. Sim...eu vi Pelé jogar. Em tempos de altos avanços tecnológicos, compartilhar histórias é a única forma de preservarmos nosso bem mais precioso: a memória nacional. E contribuir para isso, tem sido um grande prazer.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.