11/06/2020 às 23h13min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h28min

Dicas de séries e filmes - 12/06/20

A volta dos mortos-vivos casados Em homenagem ao Dia dos Namorados estreou esta semana na Netflix a animação em stop motion de 2005, dirigida pelo fantasmagórico Tim Burton e Mike Johnson, cuja atmosfera e os traços horripilantes lembram muito “O Estranho Mundo de Jack”, produzido por Tim Burton, também. Em meio à tenebrosa neblina londrina da era vitoriana, observamos os bastidores tensos de um casamento arranjado a fim de sustentar o ego e, sobretudo, o bolso de duas aristocráticas famílias pomposas, de fachada. Ocorre que os noivos, Victor Van Dort (Johnny Depp) e Victoria Everglot (Emily Watson), que nunca se viram, acabam se apaixonando à primeira vista, um dia antes de ajoelharem no altar, comandado pelo saudoso Christopher Lee, na dublagem do Pastor Galswells. Isso até o noivo atrapalhado casar horas antes, por engano, com o Espírito da “Noiva Cadáver”, Emily, (Helena Bonham Carter), assassinada, que perambulava erraticamente entre os dois mundos, em busca de redenção e desapego à matéria, a fim de elevar-se do denso Purgatório, onde habita, até suaves planos superiores. Uma sucinta história singela, baseada em um conto russo-judaico do século XIX, que se destaca pelo visual alegre e colorido em cores vivas ao retratar o mundo espiritual dos mortos, nossa verdadeira casa, e em cores cinzentas enevoadas e deprimentes, a fim de retratar o mundo físico em que somos prisioneiros, por enquanto. A Noiva Cadáver. Direção: Tim Burton, Mike Johnson. Animação. (Corpse Bride, EUA - 2005, 77 min). Livre. Nota: 4,5 A história de duas almas gêmeas que se buscam através dos tempos Ambientado no Dia dos Namorados americano, o Valentine's Day, do mesmo diretor de Rebobine Por Favor, Michel Gondry, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2005, graças ao roteirista Charlie Kaufman, parceiro Spike Jonze nos excelentes “Quero ser John Malkovich “, que segue a mesma linha, e “Adaptação”, também não linear. “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” foi baseado no poema homônimo de Alexander Pope, declamado pela namorada do jovem Stanley (Mark Ruffalo), Mary (Kirsten Dunst). O longa que permanece na Netflix até 15 de junho, finalizado em 1998, seis anos antes da estreia nos cinemas, época remota da precária e divertida internet discada, no Brasil. Na trama, Clementine (Kate Winslet), recorre voluntariamente a um procedimento médico experimental que visa apagar as lembranças do relacionamento conturbado com o namorado, Joel (Jim Carrey), “esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida”, a fim de se livrar do peso emocional, marcado de “arrependidos suspiros, e amarguras voluntárias”. Esse angustiante processo gradativo de esquecimento do passado, muito bem retratado, pode ser comparado ao de um Espírito antes de reencarnar na Terra, desde a sua preparação quintessenciada, passando pela concepção no útero materno, até o nascimento, restando apenas a ele, as famosas ideias inatas, essenciais para a reconstrução de amizades fraternas e simpáticas, iniciada nas longínquas existências pretéritas, parte fundamental do processo evolutivo no denso corpo físico. A divina memória indeletável, composta de pensamentos inexplicáveis, replicados pelo cérebro humano que não trabalha com substâncias materiais, e sim com impulsos de energia, fez com que os amados e esquecidos, Joel e Clementine, mesmo sem se reconhecerem de imediato, apesar da momentânea incompatibilidade de gênios, resolvem ficar juntos novamente como duas genuínas almas gêmeas que se buscam, eternamente, e nada nem ninguém poderá separá-los, até o final dos tempos. Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Direção: Michel Gondry. Ficção Científica. (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, EUA - 2004, 107 min). 14 anos. Nota: 4,5 Fraternidade em meio ao caos Fauda (caos em árabe), mostra o lado humano tanto de judeus quanto de árabes, sem o típico maniqueísmo hollywoodiano. Esse forte sentimento enraizado às tradições familiares, misturado à fraterna e sincera religião primitiva de ambos, culturalmente bem diferentes, estabelecendo, contudo, os mesmos princípios universais, sem as típicas deturpações mundanas. Em oposição, a exemplo da doutrinação progressista que acontece nas escolas do Brasil, existe o fundamentalismo islâmico pseudo-religioso do Hamas, infiltrado nos colégios palestinos desde o jardim de infância, que emprega semelhantes discursos ideológicos totalitários, fomentando cada vez mais a ideia doutrinadora de vingança contra o povo vizinho do outro lado do muro que enriqueceu por mérito próprio. A principal narrativa criminosa dos terroristas sectários é a falsa ideia de apenas um Deus árabe único, superior aos dos outros, e que leva ao Paraíso apenas os homens-bomba ligados às causas fundamentalistas político-partidárias do Hamas. A série bilíngue falada em hebraico e árabe palestino, em três temporadas, da Netflix, ambientada entre a Cisjordânia e a complexa e estressante Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, foi escrita por Avi Issacharoff, jornalista especializado em assuntos palestinos e dirigida e protagonizada por Lior Raz. O diretor foi ex-combatente do comando de elite israelense, denominado Duvdevan, semelhante à unidade antiterrorista Mista'arvim em que seu personagem, Doron Kavillio, lidera, formada por integrantes que se disfarçam de árabes. A trama retrata indiretamente a vida pobre, humilde e singela do mundo árabe em meio ao caos. Por outro lado, esses agentes sionistas também perdem famílias, amigos e parentes com frequência, em sua estressante rotina diária, e sem opção, por ossos do ofício, matam a sangue frio os inimigos da paz mal-intencionados, a fim de solucionar o conflito há sete décadas, de uma vez por todas. Fauda. Criação: Avi Issacharoff e Lior Raz. Ação. (Israel - 2015- 2020, 3 temporadas de 40 min). 16 anos. Nota: 4,0 OtherLife - onde o segundo vale uma eternidade Ren Amari (Jessica De Gouw - A Caçadora da série Arrow), filha de um grande cientista, aprimora uma droga experimental para tentar desesperadamente salvar o irmão, Jared (Liam Graham), em estado vegetativo, após ter batido a cabeça numa pedra no fundo do mar. O software biológico pretende criar na mente do moribundo, através de um gosmento líquido escuro aplicado na retina (a janela da alma), novas realidades induzidas, a fim de estimular novamente as funções cerebrais mortas no acidente. Ocorre que uma falha no código do programa acaba matando o parceiro dela, Danny (Thomas Cocquerel), e condenando a cientista a permanecer um ano virtual numa minúscula solitária, como cobaia do próprio experimento. O objetivo do governo, além da medida socioeducativa, visa reduzir drasticamente os custos penitenciários, já que, um instante no mundo físico equivale a uma eternidade mental para o criminoso, lá. “OtherLife”, da Netflix, inspirado no filme dos sonhos de Christopher Nolan, A Origem, e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, discorre sobre o mapeamento e controle mental, ambientado em um universo fantástico que mistura realidade, ficção científica e fantasia. OtherLife. Direção: Ben C. Lucas. Ficção Científica. (Austrália - 2017, 95 min). 16 anos. Nota: 3,5    
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