09/04/2020 às 22h48min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h33min

Dicas de séries - 10/04/2020

La Casa de Papel - Os queridos rebeldes fora da lei que conquistaram o mundo   Uma das séries mais vistas no mundo, sucesso inesperado, melhor estudado no novo documentário da Netflix “La Casa de Papel: El Fenómeno”. O novelão mexicano vindo da Espanha para combater o noticiário terrorista da Globo durante a quarentena foi inspirado em Onze Homens e um Segredo, remake do original com Frank Sinatra; e na Graphic Novel "V de Vingança" de Alan Moore (analogia ao governo da “Dama de Ferro” Margareth Thatcher e Ronald Reagan que acabaram com a Guerra Fria e o Comunismo Soviético). A canção “Bella Ciao” é um hino à resistência italiana antifascista durante a Segunda Guerra Mundial. Os nomes dos guerrilheiros representam a união de cidades-estado em prol do socialismo. O assalto ao Banco Nacional da Espanha é cópia do assalto à Casa da Moeda na primeira temporada. Isso provocaria na realidade um colapso econômico com milhões de notas ilegais colocadas em circulação no mercado capitalista. Na divertida trama, bem montada e editada, os revolucionários mascarados de Salvador Dalí subvertem o sistema, manipulando a opinião pública, a justiça, a ética e a moral universal kantiana, transformando-se em amados heróis populares, quase intocáveis. Estratégia genial de guerrilha e de doutrinação, principalmente, utilizada pelo "Professor" (Álvaro Morte) em momentos chave e de desvantagem contra o poderoso exército militar, inspirado na estratégia do escritor Antonio Gramsci e do Imperador Constantino ao ver seu invencível Império Romano ruir. O elenco principal, em oposição aos carismáticos "mocinhos" fora da lei, é formado pelos típicos "vilões capitalistas", simbolizados pelo misógino banqueiro abobalhado, Arturito (Enrique Arce) - detido por uma bela transexual; pelo chefe pragmático de polícia e a torturadora sem coração Alicia (Najwa Nimri), coordenadora da operação, em vez da carismática inspetora Raquel “Lisboa” (Itziar Ituno), que aderiu à guerrilha após ser contaminada pela Síndrome de Estocolmo de Mônica - codinome Estocolmo. Ao contrário de Robin Hood, um homem justo que tirava do Estado Absolutista e da Igreja Totalitária para devolver ao contribuinte sofredor, aqui os ladrões roubam pelo simples prazer de roubar, ao invés de usufruir do dinheiro roubado, para sempre. Como diria Machado de Assis "a ocasião faz o furto, o ladrão já nasce feito".   La Casa de Papel – Parte 4. Criador e diretor: Álex Pina. Drama. (Espanha - 2020. 40min, 8 episódios). Análise da série até aqui.   Nota: 3,5   O homem destrói a natureza passiva que apenas se defende para manter-se viva   A gananciosa guerra nuclear dos Sete “Infinitos” Dias de Fogo provocou o colapso da civilização industrial, da fauna e da flora que conhecemos. Logo a natureza darwiniana para se defender e sobreviver, recria uma floresta tóxica expansiva e dela nascem insetos gigantes, espelhada na era dos dinossauros e nas baratas. Mil anos após o apocalipse, formam-se tribos bárbaras atilianas como a do reino de Torumekia, liderados pela jovem homogênea Kushana. O objetivo da nação militarizada é conquistar territórios e extinguir esse "Mar Podre". O único povo pacífico imune aos esporos ácidos é o do Vale do Vento, que dispersa essas toxinas utilizando moinhos de vento amparado pela brisa litorânea. Lá, a austera e corajosa Princesa Nausicaä, uma das personagens imperfeitas mais humanas e bem intencionadas das animações, arrisca-se estudar com afinco e dedicação (protegida de máscara) para tentar compreender esse fenômeno corrosivo. A única disposta a defender a floresta movediça e seus habitantes estranhos. Baseado no ecológico mangá homônimo em sete volumes também desenhado pelo singular diretor Hayao Miyazaki e produzido pelo constante colaborador, Isao Takahta. Nausicaä do Vale do Vento (1984) foi a animação precursora do Studio Ghibli fundado em 15 de junho de 1985 com o inesquecível clássico O Castelo no Céu (1986), nossa próxima e contemplativa animação a ser analisada, também disponível na Netflix.   Nausicaä do Vale do Vento. Direção: Hayao Miyazaki. Animação. (Japão - 1984, 116min).   Nota: 4,5   Dolores onipresente - O inimigo do meu inimigo é meu amigo?   Nesse novo episódio de Westworld, da HBO, “The Mother of Exile”, referência ao poema "The New Colossus" (1883), em homenagem a Estátua da Liberdade, descobrimos que no passado uma guerra termonuclear dizimou Paris e, por esse motivo, o ainda garoto Serac (Vincent Cassel), traumatizado, idealizou a inteligência artificial “Rehoboam” a fim de policiar todas as ações humanas para manter a paz constante a qualquer custo. Clássica atitude maquiavélica à lá Thanos. Logo, o diretor já adulto da Incite, recruta a androide “Jedi” Maeve (Thandie Newton) por sua capacidade de controlar a mente dos anfitriões contra a antagonista Dolores (Evan Rachel Wood). O problema é que Dolores tornou-se “A Mãe dos Exilados” do Éden virtual ao replicar sua mente em todos os corpos robóticos envolvidos, incluindo Charlotte (Tessa Thompson), que ao interditar William (Ed Harris) em um sanatório, assumiu o controle total da Delos. A cena do superficial baile de máscaras assemelha-se à canção "Masquerade", do longa dirigido por Joel Schumacher em 2004, produzido e roteirizado por Andrew Lloyd, o criador do aclamado musical homônimo da Broadway em 1986.   Westworld – 03X04: The Mother of Exiles Direção: Paul Cameron. (Ficção Científica. EUA - 2020, 65min).   Nota: 4,0   Eddie Murphy de quase 60 anos volta a ser o velho Eddie Murphy dos anos 80 nos anos 70   Apesar de arriscar alguns papéis dramáticos bem sucedidos na carreira como “Dreamgirls” que lhe valeram o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, e outros nem tanto, como os fracassados As Mil Palavras e Mr. Church; Ed Murphy nunca deixou de ser o típico Eddie Murphy que amamos. "Meu Nome é Dolemite", da Netflix, é pura memória afetiva a fim de conquistar a nova geração. O longa de Craig Brewer, indicado a dois Globos de Ouro de Melhor Comédia e Melhor Ator, foi baseado na vida real do excêntrico rapper exibicionista, Rudy Ray Moore. O cafetão de personalidade inconfundível, influenciou a cultura negra blacksploitation na colorida e dançante década de 1970 em razão de piadas sexualmente explícitas e rimas cheias de gírias e palavrões. Dolemite estrelou vários shows de stand-up, gravou discos com músicas cômicas, além de atuar em quatro filmes.   Meu Nome é Dolemite. Direção: Craig Brewer. Comédia biográfica. (Dolemite is My Name, EUA - 2019, 117min).   Nota: 3,5   Criminosa, louca ou vítima injustiçada da sociedade?   Na Netflix, Alicia Vikander protagoniza novo longa de suspense psicológico em flashbacks, confundindo loucura e maldição pessoal à realidade concreta, durante uma investigação criminal intrigante. Ambientado na charmosa e enigmática capital japonesa dos anos 80 com destaque à cultura e aos costumes nipônicos somado a um visual belíssimo, incluindo os mesmos modelos de carros da série Spectreman. Traumatizada pela morte do irmão, Lucy Fly (Vikander), “voa” como um “Pássaro do Oriente” a fim de fugir da sua família americana para trabalhar como tradutora em Tokyo por 5 anos. Entretanto, não consegue escapar da maldição que lhe persegue a vida toda e em pouco tempo é acusada de matar a amiga expansiva Lily Bridges (Riley Keough) por seduzir o namorado e fotógrafo, Teiji (Naoki Kobayashi). Em uma delegacia, presta depoimento um tanto incoerente a polícia local, o que deixa dúvidas sobre sua sanidade mental. Ótimo roteiro que peca pelo final ambíguo e indefinido, mas prende a atenção até o desfecho da trama.   Pássaro do Oriente. Direção: Wash Westmoreland. Suspense psicológico. (Earthquake Bird, EUA, 2019,107 min).   Nota: 3,0


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.