02/04/2020 às 20h19min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h33min

Dicas de séries - 03/04/2020

Jennifer Aniston e Adam Sandler são detetives inteligentes e divertidos   Jennifer Aniston e Adam Sandler ganharam fama atuando em filmes de Sessão da Tarde e besteirol, respectivamente. No entanto, os dois juntos aqui, tornaram-se uma agradável surpresa. "Mistério no Mediterrâneo" é uma sátira inteligente aos filmes de detetive, ao estilo “quem matou?”. Na trama, os dois gaiatos fazem uma romântica viagem à Mônaco para comemorar o 15º aniversário de casamento, e subitamente embarcam em um luxuoso iate, rodeado de figuras excêntricas e caricatas pra lá de suspeitas, reunidas um salão oval, onde acontece um crime hediondo. A partir daí, os pombinhos vão narrando o desenrolar do caso, passo a passo, de forma divertida e irônica, especialmente aos fãs do gênero mais atentos, contrariando sempre a investigação oficial do detetive pateta como se estivessem lendo uma cartilha à lá Agatha Christie. Um dos melhores filmes do catálogo da Netflix para rir e espantar o tédio da quarentena. O elenco conta com Luke Evans, Gemma Arterton e Terence Stamp.   Mistério no Mediterrâneo. Direção: Kyle Newacheck. Comédia de Suspense. (Murder Mystery, EUA - 2019,  97 min). 14 anos.   Nota: 4,0   O Deus ex machina Rehoboam retira o livre arbítrio dos homens   Charlotte (Tessa Thompson) que já encarnou Dolores (Evan Rachel Wood) ao possuir a joia dela dentro de sua cabeça, na temporada passada, volta a encarnar agora um novo anfitrião misterioso, provavelmente alguém muito próximo a Dolores, talvez um alter ego. Fica o ministério. Charlotte atualmente é a coordenadora da Delos e se reúne com seu aliado ou inimigo em comum, Serac (Vincent Cassel), o dono da Incite. Ela pode ser um espião duplo ou estar apenas fazendo jogo de cena, dependendo de quem ela for. Enquanto isso, Dolores se identifica com Caleb (Aaron Paul) ao descobrir que ele é manipulado pelo sistema de Rehoboam, um algoritmo que mapeia o genoma do cliente e a partir daí determina seu comportamento, tendências e possíveis doenças em função de dados coletados, até o fim da vida, transformando os seres humanos em robôs humanos. O terceiro episódio de Westworld da HBO, (The Absence of Field) foi baseado no poema de Mark Strand, Keeping Things Whole.   Westworld – 3X03: The Absence of Field. Direção: Amanda Marsalis   Ficção Científica. (EUA - 2020, 65 min).   Nota: 4,0               Se a comida acabar nós ainda temos uns aos outros   Em um reformatório dantesco, nivelado por duas pessoas alimentadas por uma plataforma/mesa que desce com comida. Os níveis superiores podem comer bem e, à medida que a mesa desce, as celas inferiores recebem pouco ou nada. O objetivo é testar a solidariedade espontânea dos detentos ao explorar seu instinto de sobrevivência, até a inanição. Enquanto a maioria gulosa e materialista escolheu portar uma arma branca para se defender ou matar, se necessário, o protagonista idealista, Goreng (Ivan Massagué) optou pela leitura de Dom Quixote para se instruir, e sua colega transexual (Antonia San Juan), com câncer terminal, a companhia de um cachorrinho basset, já o devoto ao Cristo, Baharat (Emilio Buale), provavelmente à Bíblia - os únicos que se sacrificaram pelo próximo. Apesar da crítica social a sistemas políticos e socioeconômicos que fomentam a natural e intermitente roda da fortuna, o foco principal de O Poço, disponível na Netflix, do excelente diretor estreante Galder Gaztelu-Urrutia, é a caridade, a única salvação dos últimos habitantes do abismo que um dia serão os primeiros, por ajudar espontaneamente aos necessitados formando um ciclo harmônico sem fim. A caridade é o dom mais difícil de ser conquistado após inúmeras e dolorosas reencarnações esquecidas, visando a solidariedade espontânea em uma nova oportunidade divina para se chegar ao Nirvana, a partir da pureza da criança-esperança, a última que morre; e da inocência dos animais conectados a Deus. Não faltaria comida nessa sociedade distópica se houvessem sábios comendo apenas o prato escolhido em vez de bestas apocalípticas mesquinhas. Comportamento análogo ao de jovens egoístas que passam coronavírus aos mais velhos ou estocam suplementos em excesso, enquanto outros ficam sem nada esperando a morte chegar.   O Poço. Direção: Galder Gaztelu-Urrutia. Drama, Ficção, Terror. (El Hoyo, Espanha - 2019, 94 min.   Nota: 4,5   Ouvir com a alma e viajar com a mente   Uma jovem com deficiência auditiva chamada Alma (Rosa Salazar - excelente), descendente de índios xamanistas, investiga a misteriosa morte do pai, Jacob (Bob Odenkirk) acompanhada de perto por seu espírito desencarnado. Durante o processo, o mentor espiritual a ensina controlar sua mediunidade ostensiva que a transporta sem aviso prévio aonde sua mente cheia de emoções impulsivas levar, seja a épocas marcantes do conturbado passado familiar ou para o louco cotidiano atual. Dom divino que possibilita corrigir os erros a partir do ponto inicial. A milagrosa segunda chance que todos nós sonhamos. No caso dela, que passa por uma crise existencial, a chance de aprimorar a convivência com a mãe neurótica, Camila (Constance Marie) e a irmã, Becca (Angelique Cabral), ainda vivas, além de tentar salvar o relacionamento tumultuado com o namorado prestativo, Sam (Siddharth Dhananjay). "Undone" é uma animação rotoscopiada com atores reais, disponível na Amazon Prime, ao estilo técnico de “Com Amor, Van Gogh” e que lembra muito as realidades fantásticas de Philip K. Dick.       Undone – 1ª Temporada. Criação: Raphael Bob-Waksberg, Kate Purdy. Direção: Hisko Hulsing. Drama. (EUA – 2019, 22 min, 8 episódios).   Nota: 4,5   Suicídio inconsciente é corrosivo, lento, gradativo e autodestrutivo   Lena (Natalie Portman), uma bióloga com treinamento militar ao lado de cinco cientistas especializadas (Jennifer Jason Leigh, Gina Rodriguez, Tessa Thompson e Tuva Novotny), determinadas a desbravar o interior de uma redoma alienígena denominada o brilho da qual seu marido Kane (Oscar Isaac) foi o único sobrevivente. Chegando na região da Área X, encontram um pacífico ser metamorfo, copiador e duplicador, disposto a recriar a sociedade a partir do zero, semelhante ao processo cancerígeno em nosso organismo. Um encontro sufocante com a realidade. Baseado na obra homônima de Jeff VanderMeer, “Aniquilação” é um terror cósmico lovecraftiano dirigido por Alex Garland, o mesmo de “Ex Machina” e roteirista de “Extermínio”(sobre um vírus de laboratório que escapa acidentalmente e transforma a população em zumbis). Na verdade, esse alienígena é uma representação de nós mesmos, seres desequilibrados que se autodestroem por impulso, em um lento e gradativo suicídio inconsciente, as vezes imperceptível. Isso em razão de vícios que causam dependência química, principalmente álcool e drogas, ou vícios emocionais, como relacionamentos tóxicos que nos leva ao isolamento social, motivo de uma depressão profunda. Vivemos em uma sociedade materialista, em um planeta de provas e expiações, impulsionados por dinheiro e poder a fim de ter sucesso e ser feliz às custas dos outros, apenas por egolatria, em vez de trabalharmos juntos por um mundo melhor.   Aniquilação. Direção: Alex Garland. Ficção Científica dramática. (Annihilation, EUA e Reino Unido -  2018, 115 min).   Nota: 4,0
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